A escala de coma de Glasgow como indicador de mortalidade e qualidade de vida em vítimas de trauma cranioencefálico contuso
The Glasgow coma scale as an indicator of mortality and quality of Life in victims with blunt traumatic brain injury
Publication year: 2010
As consequências do trauma cranioencefálico contuso incluem além da mortalidade, alterações físicas, cognitivas e comportamentais que alteram a qualidade de vida das vítimas pós-trauma. A Escala de Coma de Glasgow é reconhecida na literatura científica, como um indicador com potencial para estimar o prognóstico das vítimas de trauma cranioencefálico contuso e tem sido extensivamente estudada para prever resultados a curto e longo prazos. No entanto, por tratar-se de um índice fisiológico, sujeito a oscilações decorrentes de mudanças nas condições clínicas das vítimas, esta escala suscita divergências em relação ao valor que apresenta melhor desempenho para prognosticar desfechos de interesse clinico. Perante tais divergências, este estudo teve como objetivos: verificar o desempenho dos escores da escala observados nas primeiras 72 horas, após trauma para predizer o estado vital à saída hospitalar e a mudança percebida do estado de saúde; comparar o valor preditivo desses escores para prognosticar esses desfechos e verificar a associação dos escores da Escala de Coma de Glasgow e os domínios da qualidade de vida das vitimas, após um ano do evento traumático. Trata-se de um estudo longitudinal que analisou valores da Escala de Coma de Glasgow nas primeiras 72 horas, após trauma, durante a internação hospitalar e resultados da avaliação de qualidade de vida das vítimas de trauma cranioencefálico contuso, um ano após o evento traumático. Os valores da escala analisados foram osobtidos, após a reanimação inicial intra-hospitalar, além dos piores e melhores resultados da escala nas primeiras 72 horas pós-trauma. A capacidade preditiva dos valores da escala para estado vital à saída hospitalar e a mudança percebida do estado de saúde foi avaliada, utilizando-se a curva Reciever Operator Characteristic. A qualidade de vida das vítimas foi avaliada por meio do Medical Outcome Study 36-item Short Form Health Survey (SF-36), e os resultados da Escala de Coma de Glasgow foram confrontados com os valores dos domínios dessa escala. Foram estudadas 277 vítimas, com trauma cranioencefálico contuso de diferentes gravidades. O desempenho dos escores da Escala de Coma de Glasgow para Estado Vital à Saída hospitalar foi moderado, as áreas sob a curva variaram de 0,74 a 0,79. Para a mudança percebida do estado de saúde, um ano pós-trauma, os valores dessas áreas ficaram entre 0,63 e 0,71. Não houve diferença significativa entre as áreas sob a curva nos valores da Escala de Coma de Glasgow atribuídos pós-reanimação inicial, melhores e piores resultados nas primeiras 72 horas pós-trauma, tanto ao estado vital, como ao estado de saúde atual. Correlação significativa foi observada, porém foi fraca entre os três escores da Escala de Coma de Glasgow e os domínios da SF-36: Capacidade funcional, Aspectos físicos e Aspectos sociais. O pior resultado correlacionou-se com o maior número de domínios. No geral, os resultados indicaram que qualquer um dos três valores daEscala de Coma de Glasgow analisados podem ser aplicados na prática clínica para estimar o prognóstico das vitimas de trauma cranioencefálico contuso, considerando-se, no entanto seu moderado poder discriminatório.
The consequences of blunt traumatic brain injury go beyond high mortality to include, modifications in physical, cognitive and behavioral aspects, thus altering the Quality of Life of the victims. The Glasgow Coma Scale is scientifically recognized as a potential indicator to estimate prognosis and predict short and long term outcomes of blunt traumatic brain injury victims. Although it is a physiological index, and sensitive to changes of clinical variables, the Glasgow Coma Scale attempts to cause divergence in the relationship of values that can better predict clinical outcomes. The aims of this research are, to analyze the performance of three different scores of the Glasgow Coma Scale in the first 72 hours of in-hospital assistance in predicting Hospital Mortality and changes of the health status perception after trauma; to compare the predictive performance of these scores, and correlate them to quality of life subscales after one year of trauma. The Glasgow Coma Scale, chosen in this present study, include the score obtained after initial resuscitation; the highest value and the lowest value in the first 72 hours of in hospital assistance. The capacity of prognosis of the scores, were evaluated by the Receiver Operator Characteristic (ROC) curve. Quality of life was assessed by the Medical Outcome Study- a 36-item Short Form Health Survey (SF-36). All Glasgow Coma Scale scores were confronted with SF36 subscales. This study included 277 victims of different severityblunt traumatic brain injuries. The performance of the three scores, which were analyzed to predict Hospital Mortality, was moderate, with an area under the curve between 0.74 and 0.79. The area under the curve for change of the health status perception, after one year of trauma, ranged from 0.63 to 0.71. There were no significant differences between the Glasgow Coma Scale scores studied in both analyses. A significant, but weak correlation was observed between the Glasgow Coma scale scores and the subscales of SF-36 Physical Functioning, Physical Role and Social Functioning. The worst Glasgow Coma Scale score, obtained in the first 72 hours after trauma, correlated to the dominions of the SF-36 subscales. These findings suggest that any one of the 3 scores studied, can be applied in clinical practice to predict the outcome of victims with blunt traumatic brain injuries, taking into consideration its moderate discriminatory power.