Publication year: 2006
Resumo:
O trabalho sempre despertou sentimentos ambíguos no ser humano. Por um lado é considerado sofrimento, obrigação, esforço, meio pelo qual se obtém a própria subsistência e de seus dependentes, atividade alienante realizada sem propósitos e que torna o ser humano escravo das próprias necessidades. Enquanto por outro é fonte de realização e prazer, que permite a expressão do ser humano e de sua criatividade, criação e transformação da realidade. Porém, o trabalho também pode ser escravizante, monótono, sem criatividade, e embrutecer o homem ao invés de humanizá-lo. Desse modo, o trabalho não pode ser considerado apenas como sofrimento ou prazer, uma vez que contempla ambos. Assim, o trabalho, além da dicotomia entre prazer e sofrimento, representa a eterna busca do ser humano por desenvolvimento, interação e integração com os elementos que compõem o contexto a que pertence. Algumas instituições têm buscado reverter essa situação, adotando políticas de humanização ou organizando o trabalho em células ou pequenos grupos. Diante de tais considerações este estudo teve como questão norteadora a seguinte pergunta:
Qual é a relação entre o cuidado de si dos profissionais de saúde e seu ambiente de trabalho? E o objetivo que se pretendeu alcançar delineou-se assim: Compreender a relação entre o cuidado de si dos profissionais de saúde e o ambiente de trabalho. Para tratar desse tema serão tecidas algumas considerações a respeito do profissional de saúde, do cuidado e do cuidado de si propriamente. Tendo em vista o enfoque e os referenciais teóricos da pesquisa, optou-se por abordagem qualitativa e pelo desenho descritivo na orientação metodológica deste estudo. Análise comparativa constante foi realizada com adaptação à proposta original do método. Ela foi utilizada principalmente durante a observação, em que as impressões da pesquisadora eram freqüentemente confrontadas com a percepção do ambiente pelos sujeitos da pesquisa, auxiliando, assim, o direcionamento das ações da pesquisadora e a coleta de informações. Assim, a pesquisa foi desenvolvida em uma UTI Pediátrica de uma instituição hospitalar de saúde de grande porte, situada no município de Curitiba. Os sujeitos desta pesquisa foram os profissionais de saúde membros da equipe multiprofissional da Unidade de Terapia Intensiva Cardíaca escolhida para estudo. Esses profissionais mantinham um contato cotidiano e pertenciam ao turno de trabalho matutino. Desse modo, fizeram parte do estudo: enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, médicos, fisioterapeuta e nutricionista. A Enfermagem tem muito que contribuir para a formação desses ambientes, pois tem o cuidado como objeto de atuação profissional. Além disso, tem posição estratégica na equipe, funcionando como elo dos diferentes membros da equipe e também entre eles e os clientes. Assim, faz-se necessário aflorar e fortalecer ambientes de cuidado nas instituições. Com isso retomam-se os valores humanos básicos nas relações: amor, respeito, solidariedade, igualdade, consideração.
Abstract:
Work has always aroused ambiguous feelings in human beings. On the one hand, it is considered suffering, obligation, effort, a means by which one obtains his own subsistence and that of his dependents, an alienating activity carried out without purpose and that makes the human being a slave to his own needs. While on the other hand it is a source of fulfillment and pleasure, which allows the expression of the human being and his creativity, creation and transformation of reality. However, work can also be enslaving, monotonous, without creativity, and make man more brutal instead of humanizing him. Thus, work cannot be considered only as suffering or pleasure, since it contemplates both. Thus, work, in addition to the dichotomy between pleasure and suffering, represents the eternal search for human beings for development, interaction and integration with the elements that make up the context to which they belong. Some institutions have sought to reverse this situation, adopting humanization policies or organizing work in cells or small groups. In view of these considerations, this study had the following question as its guiding question: What is the relationship between the self-care of health professionals and their work environment? And the objective that was intended to be achieved was outlined as follows: Understand the relationship between self-care of health professionals and the work environment. To address this issue, some considerations will be made regarding the health professional, the care and self-care itself. In view of the focus and theoretical references of the research, we opted for a qualitative approach and descriptive design in the methodological orientation of this study. Constant comparative analysis was performed with adaptation to the original method proposal. It was used mainly during observation, in which the researcher's impressions were frequently confronted with the perception of the environment by the research subjects, thus helping to direct the researcher's actions and to collect information. Thus, the research was carried out in a Pediatric ICU of a large health hospital, located in the city of Curitiba. The subjects of this research were the health professionals who are members of the multiprofessional team of the Cardiac Intensive Care Unit chosen for the study. These professionals maintained daily contact and belonged to the morning shift. Thus, the study included: nurses, nursing assistants and technicians, doctors, physiotherapist and nutritionist. Nursing has a lot to contribute to the formation of these environments, as care is the object of professional activity. In addition, it has a strategic position in the team, acting as a link for the different team members and also between them and the customers. Thus, it is necessary to bring out and strengthen care environments in the institutions. This brings back the basic human values in relationships:
love, respect, solidarity, equality, consideration.