Publication year: 2007
Resumo:
Este estudo visa compreender como se processa a relação intersubjetiva estabelecida entre o enfermeiro e a criança com dor pós-operatória no ato de cuidar, tendo como referencial a Teoria Humanística de Paterson e Zderad (1979). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, efetivada através do método exploratório-descritivo. Teve como objetivos identificar a relação intersubjetiva estabelecida no ato de cuidar e desvelar como se desenvolve o cuidado do enfermeiro à criança com dor pós-operatória. Teve como questão norteadora "Como se estabelece a relação intersubjetiva no cuidado do enfermeiro à criança com dor pós-operatória?" Os sujeitos participantes do estudo foram oito enfermeiros que atuam em seis unidades distintas de cuidado à criança no período pós-operatório de um Hospital Pediátrico de Curitiba. As informações foram coletadas por meio da entrevista semi-estruturada gravada. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética, tendo sido aprovado com o registro N.0360-06. Para o processo analítico dos discursos, utilizou-se a Análise Textual Qualitativa proposta por Moraes (2003). A partir das Unidades de Significado apreendidas, foi possível atingir a compreensão a respeito da experiência dos sujeitos. Da análise do apreendido emergiram três categorias, com sete unidades de significado referentes ao cuidado do enfermeiro à criança com dor pós-operatória e a relação intersubjetiva estabelecida no ato de cuidar. As categorias apreendidas foram:
1) O diálogo intuitivo ao ver, ouvir e sentir o outro numa relação EU-TU: o encontro de subjetividades 2) O diálogo científico de experiências, informações e conhecimentos: a relação EU-ISSO 3) O diálogo intuitivo-científico: a fusão do encontro intuitivo e científico em um momento simultâneo e recíproco. O caminho trilhado neste estudo possibilitou desvelar que o cuidado humanístico do enfermeiro deve ser delineado a partir da percepção multidimensional da experiência existencial de dor que a criança vivencia. Requer do enfermeiro habilidades muito peculiares, que representam sua subjetividade, sua maneira singular de cuidar, seu eu interior. Ser sensível ao sofrimento do outro, fazer-se presença, saber ouvir, tocar, relacionar-se; requer aproximação, na perspectiva de perceber sensivelmente os aspectos subjetivos da criança, a maneira como reage física e emocionalmente ao sofrimento que a dor lhe proporciona. Cada vivência é única e o cuidado é delineado a partir de percepções genuínas, que atendem as necessidades da criança de uma forma muito particularizada, humanizada, numa relação EU-TU. A articulação de saberes permite ampliar a perspectiva de efetividades das ações de cuidado. Deve incluir os familiares/significantes da criança e a equipe de saúde como um todo, visando um atendimento integral, que
Abstract:
This study aims to understand how intersubjective relation between nurse and child in post-surgical pain is processed within the caring action having as theoretical background, Paterson and Zderad’s Humanistic Theory (1979). It is a qualitative research carried out through a descriptive-exploratory approach. It objectified to identify intersubjective relationship brought about during caring action as well as to unveil how nursing care is undertaken to a child in postsurgical pain. The guiding question was "How is intersubjective relationship established during nursing care to a child in post-surgical pain?" The subjects of this study were eight nurses working at six different units who deliver postsurgical care to children at a Pediatric Hospital in Curitiba/ Brazil. Information was gathered by means of a recorded semi-structured interview. The project was submitted to the Ethics Committee and approved under register number 0360-06. Qualitative Text Analysis proposed by Moraes (2003) was used for the analytical process of the accounts. It was possible to understand the subjects’ experience through the apprehended Units of Meaning. Three categories emerged from that analysis with six units of meaning concerning nursing care to a child in post-surgical pain and the inter-subjective relation established during the caring action. The apprehended categories were as follows:
1) the intuitive dialogue of looking, listening and feeling the other in an I/YOU relationship: the encounter of subjectivities 2) The scientific dialogue of experiences, information and knowledge: I/THAT relationship 3) The intuitive-scientific dialogue: the blend of the intuitive, scientific encounter in a simultaneous and reciprocal moment. The path trailed in this study enabled to uncover that humanistic nursing care must be delineated from a multidimensional perception of the existential pain experience that a child undergoes. It requires nurses unique skills which stand for their subjectivity, their unique way of caring, their self. It deems to be sensitive to others’ suffering, to be a presence, to know how to listen, to touch, to relate, it requires to get closer in order to perceive a child’s subjective features, how he/she reacts physically and emotionally to suffering from pain. Each experience is unique and caring is delineated from genuine perceptions which meet a child’s needs in a particular, humanized manner, in an I/YOU relationship. The articulation of kinds of knowing enables to broaden the perspective of effective caring actions. A child’s family members/ meaningful beings as well as the health team as a whole must be included, objectifying integral care which meets a child’s calls for caring with human and ethic responses.