Uso da CALENDULA OFFICINALIS na prevenção e tratamento de radiodermite em cabeça e pescoço: ensaio clínico randomizado duplo cego

Publication year: 2012

Resumo:

Um dos efeitos adversos mais comuns do tratamento radioterápico é a radiodermite/radiodermatite, o qual é definida como um conjunto de lesões cutâneas provocadas por uma exposição excessiva à radiação ionizante; é considerada uma queimadura complexa que ocorre das estruturas internas às externas, levando à desidratação da pele, ocasionando algumas vezes complicações graves. A graduação de toxicidade da pele do paciente varia em uma escala de 0 a 4, conforme critérios do Radiation Therapy Oncology Group (RTOG). As indicações do que utilizar nas radiodermites dependerá do grau de toxicidade, da avaliação do enfermeiro e da aplicabilidade de cada produto. Realizou-se um ensaio clínico randomizado duplo cego com o objetivo geral de avaliar a eficácia da Calendula officinalis em relação aos ácidos graxos essenciais (AGE) na prevenção e tratamento de radiodermite. Foram incluídos 60 participantes com câncer de cabeça e pescoço em tratamento radioterápico (Cobalto-60) em um hospital de referência em oncologia na cidade de Curitiba/PR, 32 no grupo controle (uso tópico de AGE) e 28 no grupo experimental (uso tópico de Calêndula). Os participantes foram avaliados a cada cinco dias, do início ao fim e após 30 dias do término da radioterapia. Houve predomínio de participantes do sexo masculino, de raça branca, com ensino fundamental, de renda familiar de 1 a 2 salários mínimos, agricultores, com câncer de laringe ou faringe e em estágio avançado da doença. A maioria dos participantes de ambos os grupos apresentou histórico de exposição solar, tabagismo e etilismo, sendo muito frequente a associação do fumo e do álcool. Os participantes do estudo acompanhados do início ao término do tratamento apresentaram alterações significativas de perda de peso corporal (Grupo AGE: Pvalor = 0,0059 e Grupo Calêndula: P-valor = 0,0060). Identificaram-se achados clínicos relacionados ao sistema gastrointestinal, tais como disfagia, xerostomia, mucosite, perda do apetite, entre outros, em ambos os grupos. O período de maior incidência de radiodermite ocorreu do 15° ao 25° dia de tratamento nos dois grupos, entretanto o Grupo AGE desenvolveu a radiodermite em um período anterior ao Grupo Calêndula. O Grupo AGE obteve maiores incidências de radiodermite grau 1 e 2 e o Grupo Calêndula apresentou o grau 1 na maioria dos participantes. Houve evidência estatística significativa (P-valor = 0,0120) de que a proporção de radiodermite grau 2 no Grupo AGE foi superior ao Grupo Calêndula. Houve predomínio de tratamento radioterápico concomitantemente com quimioterapia em ambos os grupos do estudo, o qual o Grupo AGE apresentou radiodermite em um período anterior e em grau 2 e o Grupo Calêndula apresentou o grau 1, com significância estatística entre os grupos e graduações (P-valor = 0,0179). Com a curva de Kaplan-Meier constatou-se que o risco de apresentar radiodermite grau 1 é maior no Grupo AGE quando confrontado com o Grupo Calêndula (P-valor = 0,00402). Relatos de alívio (Grupo AGE) e frescor (Grupo Calêndula) na utilização do produto foram identificados, entre outros. Conclui-se que o Grupo Calêndula exibiu melhor resposta terapêutica ao experimento, o que sugere maior eficácia, entretanto, a consolidação de mais estudos sobre o tema é necessária.

Abstract:

One of the most common adverse effects of radiotherapy is the radiodermatitis, which is defined as a set of cutaneous lesions caused by excessive exposure to ionizing radiation; is considered a complex burning that occurs external to internal structures, leading to dehydration the skin, sometimes causing serious complications. The degree of toxicity varies the patient's skin on a scale of 0 to 4, according to the criteria of the Radiation Therapy Oncology Group (RTOG). The indications that the use radiodermatitis depend on the degree of toxicity, evaluation of nursing and applicability of each product. We conducted a double-blind randomized clinical trial in order to assess the overall effectiveness of Calendula officinalis in relation to essential fatty acids (EFA) in the prevention and treatment of radiodermatitis. The study included 60 participants with cancer of the head and neck radiotherapy (Cobalt-60) in a referral hospital in oncology in Curitiba/PR, 32 in the control group (topical EFA) and 28 in the experimental group (topical Calendula). Participants were evaluated every five days, from start to finish and after 30 days of the end of radiotherapy. There was a predominance of male participants, caucasians, with primary education, household income of 1-2 minimum wages, farmers with cancer of the larynx or pharynx and advanced-stage disease. Most participants in both groups had a history of sun exposure, smoking and alcohol, being very frequent association of smoking and alcohol. Study participants followed from beginning to end of treatment showed significant changes in body weight loss (EFA Group: P-value = 0.

0059 and Calendula Group:

P-value = 0.0060). Were identified clinical features related to the gastrointestinal system, such as dysphagia, xerostomia, mucositis, loss of appetite, among others in both groups. The period of greatest incidence occurred radiodermatitis the 15th to 25th day of treatment in both groups, but the group developed the EFA radiodermatitis in a period prior to the Calendula Group. EFA Group achieved higher incidences of grade 1 and 2 radiodermatitis and Calendula Group had grade 1 in most participants. There was statistically significant evidence (P-value = 0.0120) in the proportion of grade 2 radiodermatitis EFA Group was superior to Calendula Group. Predominated radiotherapy with concomitant chemotherapy in both groups of the study, which the Group EFA radiodermatitis presented in an earlier period and in grade 2 and grade presented the Calendula Group 1, with statistical significance between groups and grades (P-value = 0.0179). With the Kaplan-Meier found that the risk for radiodermatitis grade 1 is higher in Group EFA when confronted with Calendula Group (P-value = 0.00402). Reports of relief (Group EFA) and freshness (Calendula Group) in the use of the product were identified, among others. We conclude that the Calendula Group exhibited better therapeutic response to the experiment, suggesting more effective, however, the consolidation of most studies on the subject is needed.