Vivência da família na transição ecológica do prematuro da UTIN ao domicílio, com vistas ao desenvolvimento infantil

Publication year: 2020

Resumo:

Introdução: É crescente o número de nascimentos prematuros no mundo, sendo importante considerar o impacto desse acontecimento sobre a criança e sua família. Assim, a prematuridade configura-se como uma condição de vulnerabilidade para o desenvolvimento infantil. Além disso, a família do prematuro vivencia sentimentos de insegurança, estresse e angústia desde o nascimento, que ficam exacerbados no momento da transição da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal para o domicílio.

Objetivo:

Descrever a vivência da família na transição ecológica do prematuro da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ao domicílio, com vistas ao desenvolvimento infantil.

Método:

Trata-se de um estudo de casos múltiplos embasado no referencial metodológico de Yin, realizado junto a 9 famílias, constituído por 15 familiares em dois hospitais em um município do Estado do Paraná, e depois dada continuidade no domicílio. A coleta de evidências ocorreu entre abril de 2018 a janeiro de 2019; utilizou-se o método de inserção ecológica em que foram realizadas entrevistas, genograma, ecomapa, notas metodológicas e dados da carteira de saúde da criança. Para a organização dos dados, utilizou-se o software MAXQDA®. Os dados foram analisados segundo combinação de padrão e síntese de casos cruzados, à luz dos marcos teóricos conceituais do Modelo Bioecológico de Bronfenbrenner e das necessidades essenciais das crianças de Brazelton e Greenspan.

Resultados:

Foi elaborado a proposição de uma matriz conceitual para análise do desenvolvimento infantil de prematuros diante das necessidades essenciais. Assim, compreende-se que a prematuridade afeta a família a partir das características pessoais e demandas de cuidado ao prematuro, modificando as expectativas, interações e vínculos estabelecidos. A descontinuidade dos processos proximais no contexto neonatal e a continuidade dos processos proximais em casa geram tensão, ansiedade, incerteza e expectativa, implicando maior necessidade de apoio da família e atenção dos profissionais de saúde. O microssistema familiar é considerado como determinante para garantir que as necessidades irredutíveis do prematuro sejam atendidas com qualidade. Portanto, é preciso incluir de fato a família como partícipe das ações de saúde em todos os níveis assistenciais, com vistas ao desenvolvimento de autonomia, responsabilidade e confiança da família, e seu adequado engajamento em atividades e papéis decorrentes das interações com os demais contextos. O tempo inclui eventos não esperados relacionados à prematuridade, gera mudanças no curso de vida familiar, a partir do momento que é afastado o risco de perda devido melhora do quadro clínico do prematuro, a concretização em ser pai e mãe torna-se mais pautável, os familiares refazem planos futuros, com oportunidade para novos aprendizados a fim de favorecer o desenvolvimento do filho.

Conclusões:

Confirma-se, portanto, a tese de que a compreensão da vivência da família na transição ecológica de crianças prematuras, egressas de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, segundo o modelo bioecológico, assim, pode direcionar o cuidado de enfermagem para fortalecer as famílias na promoção do desenvolvimento infantil. Além disso, o instrumento analítico elaborado pode subsidiar equipes de saúde a propor ações de intervenção específicas a esse contingente populacional, além da articulação de políticas públicas para primeira infância, sobretudo das que apresentam maior vulnerabilidade.

Abstract:

Introduction: The number of premature births in the world is increasing, and it is important to consider the impact of this event on the child and his family. Thus, prematurity is a condition of vulnerability for child development. In addition, the preterm's family experiences feelings of insecurity, stress and anguish since birth, which are exacerbated when the Neonatal Intensive Care Unit transitions to the home.

Objective:

To describe the family's experience in the ecological transition of the premature infant from the Neonatal Intensive Care Unit to the home, with a view to child development.

Method:

This is a multiple case study based on Yin's methodological framework, carried out with 9 families, consisting of 15 family members in two hospitals in a municipality in the State of Paraná, and then continued at home. Evidence was collected between April 2018 and January 2019; the ecological insertion method was used, in which interviews, genogram, ecomap, methodological notes and data from the child's health card were carried out. For the organization of the data, the MAXQDA® software was used. The data were analyzed according to a combination of pattern and synthesis of crossed cases, in the light of the conceptual theoretical frameworks of the Bronfenbrenner Bioecological Model and the essential needs of the children of Brazelton and Greenspan.

Results:

The proposition of a conceptual matrix for the analysis of child development of preterm infants was prepared in view of essential needs. Thus, it is understood that prematurity affects the family from the personal characteristics and demands of care for the premature, changing the expectations, interactions and bonds established. The discontinuity of proximal processes in the neonatal context and the continuity of proximal processes at home generate tension, anxiety, uncertainty and expectation, implying a greater need for family support and attention from health professionals. The family microsystem is considered as a determinant to ensure that the irreducible needs of the premature are met with quality. Therefore, it is necessary to actually include the family as a participant in health actions at all levels of care, with a view to developing the family's autonomy, responsibility and trust, and their appropriate engagement in activities and roles resulting from interactions with other contexts. Time includes unexpected events related to prematurity, changes in the course of family life, as soon as the risk of loss due to the improvement of the premature infant's clinical condition is removed, the realization of being a father and mother becomes more reasonable, family members redo future plans, with an opportunity for new learnings in order to favor the child's development.

Conclusions:

It is confirmed, therefore, the thesis that the understanding of the family's experience in the ecological transition of premature children, discharged from the Neonatal Intensive Care Unit, according to the bioecological model, thus, can direct nursing care to strengthen families promoting child development. In addition, the analytical instrument developed can support health teams to propose specific intervention actions to this population, in addition to the articulation of public policies for early childhood, especially those that are most vulnerable.