Vulnerabilidade no desenvolvimento da criança segundo o enfermeiro da estratégia saúde da família

Publication year: 2012

Trata-se de um estudo exploratório de abordagem qualitativa, com objetivo de compreender a vulnerabilidade no desenvolvimento da criança segundo o enfermeiro da Estratégia Saúde da Família(ESF). Foi desenvolvido em unidades básicas de saúde com ESF localizadas em cinco distritos sanitários da cidade de Curitiba-PR com Indicadores de Inserção Social e de Qualidade do Domicílio iguais ou inferiores à média do Município.

Os distritos sanitários escolhidos conforme os critérios acima estabelecidos foram:

Cajuru, Boqueirão, Bairro Novo, Pinheirinho e CIC.

Os sujeitos da pesquisa foram 39 enfermeiros que compunham as equipes das unidades referidas e atenderam aos critérios de inclusão:

lotação na área de maior risco social e epidemiológico da unidade e dois anos completos de atuação na ESF. A coleta dos dados ocorreu no período de fevereiro a março de 2012, por meio de entrevistas semiestruturadas. As falas do sujeitos foram analisadas de acordo com a hermenêutica dialética.

Os resultados foram agrupados em 13 categorias de acordo com as dimensões da vulnerabilidade:

Vulnerabilidade Individual: elos familiares fracos, toxicodependência e violência, juventude materna, doença materna e dificuldades de prover cuidado.

Vulnerabilidade Social:

precariedades na inserção social da família, iniquidades na ocupação do solo e dificuldades de acesso à proteção e promoção social.

Vulnerabilidade programática:

falhas no investimento do estado, fragilidades nas articulações intersetoriais, debilidades na infraestrutura dos serviços, insuficiência de implementação programática e lacunas no modelo assistencial. Esta pesquisa evidenciou que o enfermeiro da ESF compreende a vulnerabilidade da criança para além da dimensão biológica e individual, reconhecendo os elementos contextuais e estruturais que influenciam o desenvolvimento infantil. Ao utilizar o conceito de vulnerabilidade em seu cotidiano profissional, o enfermeiro e a equipe de Saúde podem analisar criticamente as suas práticas com vistas à integralidade da atenção e à complexidade da concepção de saúde. E sua aplicação no cuidado à criança permite a reorientação do modelo assistencial, com a superação do conceito biologicista e fragmentado de desenvolvimento infantil. O produto final da operacionalização da vulnerabilidade deve ser a superação do modelo probabilístico de diagnóstico em saúde para um olhar direcionado às necessidades específicas dos sujeitos e comunidades. Contudo, depreende-se, que além desta mudança assistencial, o Estado deve investir na proteção e promoção social das famílias, na diminuição das desigualdades sociais e na garantia da proteção integral da criança.
It is an exploratory qualitative study objectifying to understand vulnerability in thechild development according to nurses in the Family Health Strategy Program (FHSP).It was developed in primary health units, carrying out the FHSP, located in five health districts in the city of Curitiba, Parana State/Brazil featuring Indicators of Social Insertion and Housing Quality similar to or inferior to the municipality average. The health districts, selected according to the mentioned criteria, were as follows: Cajuru, Boqueirão, Bairro Novo, Pinheirinho e CIC.

Research subjects were 39 nurses from the mentioned health unit teams who met the following inclusion criteria:

working in the highest social and epidemiologic risk area of the unit and two full years carrying out the FHSP. Data collection was held between February and March/2012 by means of semistructured interviews. Subjects' speeches were analyzed according to dialectical hermeneutics.

Results were grouped in 13 categories regarding the vulnerability dimensions:

Individual Vulnerability: fragile family ties, drug addiction and violence, young mothers, maternal disease and difficulties in providing care.

Social Vulnerability:

family with poor social insertion, land occupation inequities, difficulties in accessing protection and social promotion.

Program vulnerability:

state investment failures, weaknesses in intersectoral articulations, service infrastructure fragilities, program implementation insufficiency and care model gaps. This research study evidenced that nurses of FHSP apprehend child vulnerability beyond biological and individual dimension, recognizing contextual and structural elements which influence child development. By using the vulnerability concept in their daily practice, nurses and the Health team may critically analyze it focusing on care wholeness as well as the complexity of health conception. In addition, its application to child care enables to reorient the care model, overcoming the biologistic, fragmented concept of child development. The final product of vulnerability operationalization must be to overcome the probabilistic model of health diagnosis towards subjects and communities' specific needs. However, besides this caring shift, it is inferred that the State must invest in family protection and social promotion, in the reduction of social inequalities, and in the guarantee of children's full protection.