Enfermeiras obstétricas egressas da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo: caracterização e trajetória profissional
Obstetric nurses from the nursing School of University of São Paulo: characterization and professional life history
Publication year: 2000
Este estudo é o resultado de minha preocupação, enquanto docente de enfermagem obstétrica, com a trajetória das ex-alunas do curso de Enfermagem Obstétrica da EEUSP. Sendo assim, optei por realizar uma pesquisa em dois momentos: o primeiro momento, de caráter exploratório, revelou a predominância das características desses egressos, de forma a traçar um perfil, relacionando as características individuais e as características da profissão. Os resultados mostraram que das 92 ex-alunas que se formaram entre 1980 e 1995 (amostra do estudo) 50,0% atuam na especialidade sendo que destas, 73,9% são enfermeiras assistenciais e 26,1% são docentes de enfermagem obstétrica. Das que não atuam mais na especialidade, 76% atuaram após a formação e 24% nunca atuaram na Obstetrícia. Quanto às enfermeiras obstétricas que estão atuando na área, a maioria atua em hospital público (62,5%) e faz o parto de rotina; a grande maioria respondeu que o curso lhe proporcionou conhecimento técnico científico e que a carga horária foi suficiente. No tocante à satisfação na profissão, 71,7% responderam estar satisfeitas e 28,3% insatisfeitas profissionalmente. No segundo momento, de caráter qualitativo, os dados foram coletados através de entrevistas ralizadas com ex-alunas, com trajetórias distintas depois de sua formação. Neste percurso utlizei-me da abordagem da Sociologia fenomenológica de Alfred Schutz. Os resultados apontam para dois tipos sociais do grupo dos egressos do cursode obstetrícia da EEUSP. O primeiro tipo vivido, "ex-alunas que fizeram o curso de obstetrícia na EEUSP e que não atuam na área de enfermagem obstétrica", ficou constituído pela pessoa que vivenciou o conflito da sobrecarga de serviço, da não adaptação na estrutura hospitalar, falta de retorno financeiro, da limitação da profissão, da alienação, da falta de autonomia profissional, rstando-lhe consequentemente apenas o âmbito dos sentimentos da acomodação, ) insatisfação e desmotivação. O segundo tipo vivido, "ex-alunos que fizeram o curso de Obstetrícia na EEUSP e que atuam na área de enfermagem obstétrica", constituiu-se como sendo a pessoa que optou por essa especialidade de maneira consciente, convicta de sua escolha e que na sua trajetória profissional sente-se motivado com o que faz, luta para conquistar espaço, percebe-se como um elemento importantíssimo na assistência à mulher, sente-se com autonomia e credibilidade, valoriza seu trabalho e, certamente vislumbra um futuro melhor para a profissão. Os motivos alegados para deixarem de atuar na área sugerem pontos importantíssimos para serem repensados por aqueles que estão exercendo a profissão, pelas entidades de classe e pelos responsáveis pela formação desses profissionais.
This study is a result of my concern, as an obstetrical nursing professor, about the way the former students of Obstetric Nursing in the University of São Paulo School of Nursing are doing in their professional lives.