Publication year: 2015
Introdução:
A imagem corporal vem sendo cada vez mais abordada na comunidade científica devido a sua relação com a obesidade e seu impacto de influenciar os indivíduos a adotar um estilo de vida saudável. Existem indícios de que a satisfação com a imagem corporal pode estar relacionada a hábitos como a prática de atividade física, assim como a percepção da imagem corporal pode se relacionar com diversos fatores ainda não muito bem definidos.
Objetivos:
A presente tese tem dois objetivos, a saber: 1) verificar se a insatisfação com a imagem corporal e o estado nutricional, indicado pelo índice de massa corporal e razão cintura/estatura, são independentemente associados com a intensidade da atividade física e se tal associação se difere entre homens e mulheres e; 2) investigar e descrever quais fatores podem estar relacionados à inacurácia da percepção do peso por meio da imagem corporal entre adultos.
Metodologia:
A amostra deste estudo é proveniente da linha de base do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, composta por 15.105 adultos e idosos, servidores públicos em universidades federais e centros de pesquisa, localizados em seis estados brasileiros: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Sul. Dois artigos foram desenvolvidos, cada um referindo-se a um dos objetivos. No primeiro artigo, a variável resposta foi o nível de atividade física, categorizado em 3 intensidades. Em uma população de adultos (35-64 anos), por meio de regressão logística, estimou-se a chance de praticar atividade física na presença das variáveis satisfação com a imagem corporal, índice de massa corporal e razão cintura/estatura. No segundo artigo, por meio de regressão logística, foi investigado quais fatores sociodemográficos, comportamentais e psicológicos estavam relacionados à percepção do peso por meio da imagem corporal na vida adulta de acordo com o sexo(35-64 anos).
Resultados:
No primeiro artigo, a insatisfação com a imagem corporal esteve presente mesmo entre indivíduos de peso normal de ambos os sexos e foi associado com menores chances de praticar atividade física moderada em mulheres e atividade física intensa em homens. Homens e mulheres com obesidade central foram menos propensos a praticar atividade física de intensidade moderada ou alta. Homens com sobrepeso e obesidade eram mais propensos a relatar a atividade física vigorosa enquanto mulheres obesas eram menos propensas a relatar este nível de atividade física. O segundo artigo apresenta que, em ambos os sexos, idade avançada, ex-fumantes e compulsivos alimentares foram associados com maiores chances de superestimar o peso, enquanto que maiores níveis educacionais estiveram relacionados com menores chances de subestimar o seu peso. Entre os homens, as chances de subestimar o peso também foram maiores naqueles que trabalhavam em ocupações não-manuais/rotineiras e naqueles com depressão; e menor em quem consumia álcool excessivamente. Nas mulheres, a menor escolaridade foi associada a maiores chances de subestimação, mas sem um gradiente consistente.
Conclusões:
Nossos resultados revelam que os indivíduos participantes provindos do estudo multicêntrico ELSA-Brasil possuem baixa consciência corporal e não praticam atividade física em suficientemente. A alta prevalência de sobrepeso e obesidade observada pode ter contribuído para a baixa percepção corporal. A insatisfação e inacurácia parecem se associar com comportamentos relacionados à saúde de forma negativa, como inatividade física, consumo de álcool e compulsão alimentar. Porém, é possível afirmar que a imagem corporal parece não se relacionar de forma tão robusta com os fatores incluídos nesse estudo, mas ela pode ser considerada um indicador de comportamentos não saudáveis e revelar a necessidade de mudanças no estilo de vida. É importante que os indivíduos tenham capacidade de distinguir entre o ideal de corpo preconizado pela mídia e o corpo que faz bem, que expressa uma vida saudável. Dessa forma, a percepção da imagem corporal pode contribuir para promover mudanças positivas nos hábitos de vida e outras medidas de controle de peso apropriadas e benéficas para a saúde e bem-estar.
Introduction:
Body image has been increasingly discussed in the scientific community because of its relation to obesity and its impact to influence individuals to adopt a healthy lifestyle. There is evidence that satisfaction with body image may be related to habits such as physical activity, as well as the perception of body image may be related to several factors not yet well defined.Objectives:
This thesis has two objectives, namely: 1) verify whether the dissatisfaction with body image and nutritional status, indicated by body mass index and the waist / height ratio, are independently associated with the intensity of physical activity and whether this association differs between men and women; 2)investigate and describe which factors may be related to the misperception of weight status among adults.Methodology:
The sample of this study is from the baseline of the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health, comprised of 15,105 adults and elderly, government employees from universities and research centers located in six Brazilian states: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia and Rio Grande do Sul. Two articles were developed, each referring to one of the goals. In the first article, the response variable was the level of physical activity, categorized into three intensities. In an adult population (35-64 years), by means of logistic regression, weestimated the chance to practice physical activity in the presence of the variables satisfaction with body image, body mass index and the waist / height ratio. In the second article, by means oflogistic regression, it was investigatedwhich sociodemographic, behavioral, anthropometric and psychological factors were related to the misperception of weight status in adulthoodaccording to sex(35-64 years).Results:
In the first article, the body image dissatisfaction was present even among normal weight individuals of both sexes and was associated with lesser chances of practicing moderate physical activity in women and intense physical activity in men. Men and women with central obesity were lessprone to practice physical activity of high or moderate intensity. Overweight and obese men were more likely to report
vigorous physical activity while obese women were less likely to report this level of physical activity. The second article presented that, in both sexes, older age, former smoking and binge eating were associated with greater chances of overestimating the weight, while higher educational level was related to less chances of underestimate their weight. Among men, the chances of underestimating the weight were also higher in non-manual/routine occupations and those with depression; and lower in heavy drinkers. In women, lower schooling was associated to greater chances of underestimation, but with no consistent gradient.Conclusions:
Our results reveal that the participants from the multicenter study ELSA-Brazil have low body awareness and do not exercise sufficiently. The high prevalence of overweight and obesity observed may have contributed to the low body perception. Body image dissatisfaction and misperception of weight status seem to be associated with behaviors related to health in a negative way, such as physical inactivity, alcohol consumption and binge eating. However, it is clear that the body image does not seem to relate as robustly with the factors included in the study, but it can be considered an indicator of unhealthy behaviors and highlight the need for changes in lifestyle. It is important that individuals are able to distinguish between the ideal body advocated by the media and the healthy body. Thus, the accurate perception of body image can help promote positive changes in lifestyle and other appropriate weight control measures and beneficial to health and well-being.