Avaliação da vulnerabilidade de famílias na atenção básica
Assessment of the vulnerability of families in primary health care

Publication year: 2011

Este estudo teve como objeto famílias em situação de vulnerabilidade ao adoecimento assistidas por equipes da Estratégia Saúde da Família na Atenção Básica. Seu objetivo foi identificar famílias em situação de vulnerabilidade em uma Unidade Básica da ESF do Distrito Federal. Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, transversal, de abordagem quantitativa. Foram realizadas 320 visitas domiciliárias definidas por uma amostra aleatória das áreas de abrangência do Posto Urbano-1 em São Sebastião DF. Utilizou-se um questionário estruturado, elaborado a partir do Índice de Desenvolvimento da Família (IDF). Os resultados revelaram famílias constituídas, em média, por quatro integrantes, com predomínio do sexo feminino, idade média de 25 anos, situação conjugal de solteiro e escolaridade baixa. Do total de famílias entrevistadas, 71 (22,2%) estavam em situação de pobreza e 27 (8,4%), de extrema pobreza. O IDF geral das famílias foi aceitável (IDF geral = 0,77), já que 268 (83,7%) encontravam-se em situação aceitável, porém 47 (14,7%) estavam em situação de vulnerabilidade grave e 5 (1,6%), muito grave.

As dimensões mais críticas foram:

acesso ao conhecimento e acesso ao trabalho, com IDF de 0,60 e 0,64, respectivamente. Na dimensão ausência de vulnerabilidade, os componentes atenção e cuidados com crianças, adolescentes e jovens e presença do cônjuge foram os que apresentaram situação de vulnerabilidade muito grave e grave, com índices de 0,26 e 0,52, respectivamente. Nadimensão acesso ao conhecimento, o componente escolaridade apresentou situação de vulnerabilidade muito grave, com IDF de 0,32. Na dimensão acesso ao trabalho, os componentes disponibilidade de trabalho e remuneração foram classificados como vulnerabilidade grave, com índices de 0,62 e 0,51, respectivamente. Os componentes das dimensões disponibilidade de recursos e desenvolvimento infantil apresentaram situação aceitável. Na dimensão condições habitacionais, o componente que apresentou situação de vulnerabilidade grave foi o déficit habitacional, com IDF de 0,60.

Os indicadores de necessidades das famílias em situação de vulnerabilidade muito grave e grave foram:

presença de crianças, adolescentes ou jovens; presença do cônjuge; chefe de família do sexo masculino e viver na presença do cônjuge; presença de adultos com ensino fundamental (principalmente nas famílias em situação de vulnerabilidade muito grave), médio ou superior completos; presença de mais que a metade dos membros em idade ativa ocupados; presença de trabalhador há mais de seis meses no trabalho atual; presença de um ocupado no setor formal; presença de um trabalhador que recebia mais que um salário mínimo; renda familiar superior a linha da extrema pobreza (principalmente para as famílias em situação de vulnerabilidade muito grave) e pobreza; maior parte da renda familiar que não advém de transferências do governo; ausência de crianças de zero a seis anos fora da escola; ausência de mãe cujo filho tenhamorrido; presença de até dois moradores por dormitório; e acesso a telefone e computador. O estudo permitiu identificar famílias em situação de vulnerabilidade e sinalizou a importância de maiores investimentos nas áreas de educação, trabalho e renda. Espera-se que seja útil para fomentar reflexão crítica dos profissionais de saúde da Atenção Básica quanto ao reconhecimento das famílias em situação de vulnerabilidade, bem como de suas necessidades de saúde.
The objects of this study are families in situations of vulnerability to illness that are assisted by Family Health teams in Primary Care. Its goal was to identify families in vulnerable situations in a Basic Health Care Unit of the Federal District (FD). It is an observational, epidemiological cross-sectional, of quantitative approach. Home visits were made to 320 families defined by a random sample of the areas covered by the Family Health Strategy in São Sebastião - FD. A structured questionnaire was used, drawn from the Family Development Index (FDI). The results showed that the families interviewed had an average of four members, predominantly female, 25 years old, single status and low education. Of the total families interviewed, 71 (22,2%) were in poverty and 27 (8,4%) in extreme poverty. Most of the FDI of the families was acceptable (0,77), as 268 (83,7%) were in an acceptable situation, but 47 (14,7%) were in a situation of severe vulnerability and 5 (1,6%), in very severe vulnerability.

The most critical dimensions were:

access to knowledge and access to work, with FDI of 0,60 and 0,64, respectively. In the dimension absence of vulnerability, the components attention and care of children, adolescents and youth and presence of spouse indicated very severe and severe situations of vulnerability, with rates of 0,26 and 0,52, respectively. In the dimension access to knowledge, the component education expressed a situation of very severe vulnerability, with FDI of0,32. In the dimension access to work, the components work and revenue were classified in a situation of severe vulnerability, with rates of 0,62 and 0,51, respectively. The components of the dimensions availability of resources and child development showed an acceptable situation. In the scope of housing conditions, the component that showed a situation of severe vulnerability was housing shortage, with FDI of 0,60.

The vulnerability indicators that expressed the needs of the families in vulnerable situations were:

presence of children or teenagers, presence of spouse; male head of the family and live in the presence of spouse, presence of adults with primary education (especially families in a situation of very severe vulnerability), secondary or high education completed, presence of more than half of the members of working age employed, presence of workers for more than six months in a steady job, job in the formal sector, presence of a worker who was paid more than a minimum wage, family income above the extreme poverty line (especially families in a situation of very severe vulnerability) and poverty, most of the family income that does not come from government transfers, absence of children up to six years old out of school, absence of mother whose child has died, the presence of up to two residents per bedroom, and access to telephone and computer. The study allowed the identification of families in vulnerable situations and signaled the importance of betterinvestments in the areas of education, employment and income. It is expected for it to be useful in promoting critical reflection of the health workers of the Primary Care with the knowledge about the families in vulnerable situations as well as their health needs.