Potencialidades e limites da CIPESC® para o reconhecimento e enfrentamento das necessidades em saúde da população infantil
Potentialities and limits of CIPESC® for recognizing and addressing child health needs
Publication year: 2011
Estudo exploratório e descritivo de abordagem qualitativa sobre a utilização da CIPESC® nas consultas de enfermagem, como ferramenta para reconhecimento e enfrentamento das necessidades em saúde das crianças. Ancorado na Teoria da Intervenção Práxica da Enfermagem em Saúde Coletiva e nos conceitos de necessidades em saúde sob a perspectiva do materialismo histórico e dialético. Objetivou conhecer as possibilidades e limites da CIPESC® para reconhecer e enfrentar as necessidades de saúde da população infantil; descrever o perfil demográfico e epidemiológico da população curitibana com destaque para os indicadores relativos às crianças, seu crescimento, desenvolvimento e ocorrência de violência infantil; identificar as políticas e os programas de saúde adotados pelo município e o sistema de informação em saúde; analisar o potencial da nomenclatura CIPESC® Curitiba no reconhecimento e enfrentamento das necessidades em saúde, a partir dos diagnósticos e intervenções; verificar as potencialidades e os limites do uso da CIPESC® na consulta de enfermagem à criança. O cenário de estudo foi o município de Curitiba-PR. Os dados foram coletados em fontes primárias e secundárias. Para a coleta dos dados primários utilizou-se da técnica de estudo de caso. Os sujeitos da pesquisa foram 28 enfermeiros da atenção básica do município, que aceitaram participar do estudo por meio de instrumento de coleta de dados pela web, disponibilizado em página própria, desenvolvido em linguagem ASP.NET,com Framework 3.5 e o banco de dados utilizado foi o MySQL 5.1.30. Os resultados mostraram que as condições demográfica, de saneamento básico, educação e políticas de saúde são favoráveis à superação dos agravos à saúde. A organização da atenção à saúde tem alcançado bons indicadores epidemiológicos, mas ainda está pautada em referenciais de risco, na contra-mão do que propõe a saúde coletiva e a epidemiologia social, com consultas individualizadas e focadas nas questões biológicas do sujeito. A CIPESC® mostrou potencialidades para o reconhecimento de necessidades a partir dos diagnósticos e intervenções de sua nomenclatura mas a base representa apenas parte das necessidades expressas pelos indivíduos, não abrangendo uma abordagem integral dos processos de desgaste e fortalecimento. A discussão dos dados possibilitou identificar possíveis causas para os limites da CIPESC® como a adoção da teoria das necessidades humanas básicas como organizadora da nomenclatura, a assistência pautada em referenciais de risco e a formação dos profissionais direcionada ao modelo biomédico de atenção à saúde. A atenção às necessidades em saúde da população infantil ainda permanece como um desafio e um caminho que está sendo trilhado, em passos tímidos, sendo primordial que os processos de trabalho se ajustem às necessidades em saúde da população, utilizando-se da intersetorialidade, interdisciplinaridade, trabalho em equipe; buscando a efetiva transformação da realidade e superação decontradições e tendo as necessidades e vulnerabilidades como objetos de assistência. Todos esses aspectos devem fazer parte do cotidiano dos profissionais de saúde, com práticas consolidadas e direcionadas às transformações que a realidade precisa sofrer.
This exploratory, descriptive and qualitative study on the use of CIPESC® in nursing consultation, as a tool for recognizing and addressing child health needs and was based on the Theory Nursing Praxis Interventions in Collective Health and on the concepts of health needs under the perspective of historical and dialectical materialism. The study aimed to understand the possibilities and limits of CIPESC® (International Nursing Practice Classification in Collective Health) to recognize and address the health needs of the child population; to describe the demographic and epidemiological profile of the population from Curitiba with emphasis to indicators related to children, their growth, development and the occurrence of child violence; to identify health policies and programs adopted by the city and the health information system; to analyze the potential of the nomenclature CIPESC® Curitiba in recognizing and addressing health needs, from diagnosis and interventions; to determine the potentialities and limits of using CIPESC® in nursing consultation to child. The study was carried out in Curitiba, state of Paraná, Brazil. Data were collected from primary and secondary sources. Case study was used to collect primary data. Subjects were 28 nurses from the citys basic health care system, who agreed to participate in the study through a web-based data collection instrument, available at a specific webpage, developed using ASP.NET with Framework 3.5 and using MySQL 5.1.30database. Results showed that the demographic, sanitation, education and health policies conditions are favorable to overcoming health problems. The organization of health care has achieved good epidemiological indicators, but it is still grounded on risk references, in counter to what is proposed by public health and social epidemiology, with individual consultations and focused on subjects biological issues. CIPESC® showed potential for the recognition of needs from diagnosis and interventions of its nomenclature, but the ground represents only part of the needs expressed by individuals, not encompassing a comprehensive approach of the processes of wear and strengthening. The discussion of data enabled to identify possible causes for the limits of CIPESC®, such as the adoption of the theory of basic human needs as the organizer of the nomenclature, care grounded in risk referencials and training of professionals guided by the biomedical health care model. The attention to child health needs remains as a challenge and a path that is being tread, at timid steps, in great need that the work processes fit the health needs of the population, using intersectoral and interdisciplinary arrangements, teamwork, seeking the effective change of reality and overcome of contradictions, with needs and vulnerabilities as objects of care. All these aspects should be part of health professionals daily practice, with consolidated practices which are directed to the changes needed in reality.