Publication year: 2011
Introdução:
O uso do Cateter Central de Inserção Periférica (CCIP) vem sendo cada vez mais frequente em neonatos internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) em razão da necessidade de um dispositivo de acesso venoso seguro para infusão de drogas irritantes e nutrição parenteral. Detalhes técnicos do CCIP, especialmente a posição anatômica de sua ponta são descritos como fatores de risco para complicações que podem culminar em remoção não eletiva do dispositivo. Objetivo:
analisar a relação entre a posição anatômica da ponta do CCIP e o motivo de remoção do dispositivo em uma coorte de neonatos. Método:
coorte concorrente, composta por neonatos submetidos à instalação do CCIP, internados em UTIN de um hospital privado da cidade de São Paulo no período de 31 de agosto de 2010 a 01 de julho de 2011. Os neonatos foram incluídos no estudo no momento da instalação do cateter e acompanhados durante a permanência do dispositivo. O projeto de pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, campo do estudo (Processo 238/2010). Resultados:
foram analisados dados referentes a 237 CCIPs, dos quais, 207 (86,9%) tiveram posicionamento central da ponta (grupo central) e 30 (12,5%) posição não central da ponta (grupo não central). Nos grupos central e não central, as médias da idade gestacional corrigida, idade pós-natal e peso foram, respectivamente: 34,1 semanas e 33,8 semanas; 9,9 dias e 10,4 dias; 1.936,8 gramas e 1.867 gramas, comhomogeneidade entre os grupos, exceto em relação ao diagnóstico de afecção cardíaca, com maior proporção no grupo com cateter não central (p=0,0472). O sitio de inserção, tipo de cateter e terapia intravenosa instituída foram semelhantes entre os grupos. A maioria dos CCIPs (62,3%) foi removida eletivamente. A incidência de remoção não eletiva do CCIP foi maior entre os cateteres não centrais (43,3%), em comparação aos centrais (36,7%) não apresentando diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,4842). O risco relativo de remoção não eletiva foi 1,18 (IC 95%: 0,76-1,84) vezes maior para os cateteres não centrais. Os principais motivos de remoção não eletiva nos cateteres centrais foram obstrução, ruptura e suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter, e nos cateteres não centrais foram: tração acidental, suspeita de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter e extravasamento. Houve diferença estatística significante quanto à incidência de extravasamento nos cateteres não centrais em relação aos centrais (p=0,0092). A taxa de incidência (TI) de extravasamento foi 0,8 por 1.000 cateteres-dia em cateteres centrais e 10,2 por 1.000 cateteres-dia nos cateteres não centrais. As médias do tempo de permanência dos cateteres não centrais e centrais foram respectivamente de 9,8 dias e 11,7 dias sem diferença estatisticamente significante (p=0,1627). Conclusão:
Os achados sugeriram não haver associação entre o posicionamento não centralda ponta do CCIP e a ocorrência de remoção não eletiva do cateter. Entretanto, há necessidade de avaliação permanente do neonato quanto aos sinais de extravasamento.
Background:
The use of Peripherally Inserted Central Catheters (PICC lines) has become common in neonates admitted to Neonatal Intensive Care Units (NICU), due to the necessity of safe intravenous access for irritant drugs and parenteral nutrition. Some technical details of the PICC, especially the anatomical location of its tip are described as risk factors for complications leading to nonelective removal of this device. Aim:
Analyze the relation between anatomical location of the PICC tip and the reason for the removal of the device. Methods:
Prospective cohort, composed of neonates who underwent placement of the PICC, admitted to a private NICU in the city of São Paulo, from 31 August 2010 to 1st July 2011. The infants were enrolled after successfully catheter insertion and they were followed up until its removal. The research project was appraised and approved by the Ethics Committee of the institution, (Case 238/2010). Results:
Data from 237 PICCs were analyzed, 207 (86.7%) were central in tip location (central group), and 30 (12.5%) were noncentral in tip location (non central group). At central and noncentral groups, the means of corrected gestational age, postnatal age and weight were respectively: 34.1 weeks and 33.8 weeks, 9.9 days and 10.4 days, 1936. 8 grams and 1.867 grams, both groups are homogeneous, except for the diagnosis of heart disease, with the highest proportion in the noncentral group (p=0.0472). The site of insertion, type of catheter and intravenoustherapy were similar in both groups. Most of PICCs (62.3%) was removed electively. The incidence of nonelective removal was higher among noncentral catheters (43.3%) compared to central (36.7%) with no statistical significant difference (p = 0.4842). The noncentral group had a 1.18-fold increased risk of nonelective removal compared to central catheters. The main reasons for nonelective removal at the central group were obstruction, rupture and suspicion of catheter-related bloodstream infection, and at the noncentral group were accidental dislodgment, suspicion of catheter-related bloodstream infection and extravasation. There was a statistically significant difference in the incidence of extravasation at the noncentral group compared to central group (p=0.0092). The extravasation rate was 0.8 per 1.000 catheter-days at central group and 10.2 per 1.000 catheter-days at noncentral group. The catheter indwelling time at noncentral and central catheters were respectively 9.8 days and 11.7 days with no statistically significant difference (p=0.1627). Conclusion:
The results suggested no association between noncentral tip location of the PICC and the occurrence of nonelective removal of the catheter. However, a continuous assessment of the neonate for the signs of extravasation is needed.