Mortalidade neonatal no município de Londrina - Paraná: características maternas, dos recém-nascidos e uso do sistema de saúde, de 2000 a 2009
Neonatal mortality in Londrina - Paraná: characteristics of mothers, newborns and health system services from 2000 to 2009
Publication year: 2012
A mortalidade neonatal, em sua maioria, ocorre por causas que poderiam ser evitadas se houvesse oferta de serviços qualificados durante o pré-natal, parto e puerpério. De modo geral, estão associadas às condições biológicas, às disparidades socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde. Assim, mesmo em municípios com melhores índices de desenvolvimento econômico, a elucidação dos elementos que compõem a trama de causalidade dos óbitos neonatais é fundamental. Dessa forma, o objetivo do estudo foi analisar os fatores associados aos óbitos neonatais no Município de Londrina-PR, no período de 2000 a 2009. Foram investigados os óbitos neonatais, segundo características maternas, do recém-nascido e relativas ao uso do sistema municipal de saúde, por meio de estudo retrospectivo descritivo do tipo ecológico. Os dados foram extraídos da Declaração de Nascido Vivo, da Declaração de Óbito e das Fichas de Investigação do Óbito Infantil do Comitê Municipal de Prevenção de Mortalidade Materno-Infantil do Núcleo de Informação de Mortalidade (NIM) da Secretaria de Saúde Municipal. No que se refere à caracterização materna, mais de 60,0% das mães eram jovens adultas (12 a 27 anos) e a média de idade 25,8 anos. Ao longo dos 10 anos, o número de mães adolescentes diminuiu de 22,9% para 8,5%. Do total, 83,5% tinham companheiro, 73,9% de oito a onze anos de estudo e 52,7% não trabalhavam. Tiveram acompanhamento no pré-natal 91,4% das mulheres, 55,1% das quais se consultaram de uma a seisvezes.
Quase a totalidade apresentou algum tipo de afecção durante a gestação:
82,7% trabalho de parto prematuro e 36,7% doenças renais e de vias urinárias. Pouco mais de 51,0% evoluiu para o parto vaginal. Ao longo dos anos, o parto cirúrgico aumentou de 35,4% para 61,5%. Quanto às características dos recém-nascidos que foram a óbito, 56,9% eram do sexo masculino e 86,0% da raça branca. Aproximadamente 60,0% nasceram entre 22 e 31 semanas de gestação e 60,7% tinham peso inferior a 1.500 gramas e 73,0% apresentaram asfixia no 1º minuto de vida. Ao longo dos anos, a prematuridade se manteve elevada. A média de idade do óbito foi de 4,9 dias. A maioria das mortes ocorreu no período neonatal precoce (73,9%) e o Coeficiente de Mortalidade Neonatal passou de 21,2 para 14,8, entre 2000 e 2009. A causa básica foram, predominantemente, afecções perinatais (77,6%), seguidas das anomalias congênitas (20,0%). Do total das mortes evitáveis, 77,1% ocorreram por causas redutíveis por adequado controle na gravidez e atenção ao parto. Quanto ao uso do sistema municipal de saúde pelas mães dos neonatos observou-se que 62,3% realizaram o pré-natal no serviço público de saúde. A quase totalidade dos partos ocorreu no hospital (96,5%), sendo 63,7% em hospitais que ofereciam atendimento obstétrico e de unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Ao longo dos 10 anos de estudo, o uso do serviço hospitalar com maternidade e UTIN, aumentou de 39,2% para 66,6%.O período do óbito neonatalapresentou associação estatisticamente significativa com:
trabalho de parto prematuro (p.
Neonatal mortality mostly occurs due to avoidable causes which could be prevented if quality health services were available at prenatal, delivery and postnatal periods. In general, these causes are related to biological conditions, socioeconomic disparities and health services accessibility. Hence, even in cities where the economic development is high, it is fundamental to elucidate factors that contribute to the causality of neonatal deaths. The aim of this study was to analyze the factors associated to neonatal deaths in Londrina - PR, from 2000 to 2009. Neonatal deaths were investigated according to characteristics of mothers, newborns and health system city services through an ecological study with a retrospective and descriptive approach. Data were obtained from Birth Certificates, Death Certificates and Infant Death Investigation Forms provided by the Municipal Committee for Prevention of Maternal and Infant Death obtained from the Mortality Information Center assigned under the City Health Department. Regarding maternal characteristics, more than 60.0% were young adults (aged from 12 to 27), mean age of 25.8. Over this ten-year period, the number of teenager mothers decreased from 22.9% to 8.5%. Out of the total, 83.5% were married, 73.9% had 8-11 schooling years and 52.7% did not have a job. Most women (91.4%) received prenatal care and 55.1% of them attended to 1-6 prenatal care appointments.