Publication year: 2020
Na adolescência, a forma como o adolescente percebe, observa e entende a imagem corporal pode interferir na maneira como ele se comporta em relação a outros comportamentos. Objetivou-se analisar a relação entre as variáveis imagem corporal, conhecimento de medidas preventivas e comportamento sexual das adolescentes de escolas públicas. Pesquisa do tipo multimétodo, com abordagem analítico-correlacional e quase experimental, com referência no modelo social ecológico e atividades educativas ancoradas em proposta pedagógica de metodologias ativas, com objetivo de proporcionar às adolescentes discussão e reflexão sobre imagem corporal, conhecimento de medidas protetivas e comportamento sexual. Realizado no segundo semestre de 2017 e de 2018, em três Escolas de Tempo Integral de Fortaleza-CE, com adolescentes, sexo feminino.
O estudo teve como variáveis principais:
imagem corporal, conhecimento de medidas preventivas e comportamento sexual, em que se aplicaram os testes U de Mann-Whitney e Kruskall-Wallis, teste qui-quadrado de Pearson e o teste exato de Fisher, mensurando relação e associação entre as variáveis. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, conforme parecer nº 2.291.545. Participaram 147 adolescentes, idade média de 14 anos (14,03 ± 1,04). 17% referiram ter iniciado a vida sexual. Revelou-se que 53,7% das adolescentes experimentaram situações de exposições causadoras de mágoas, aborrecimentos, ofensas e humilhações provenientes dos colegas da escola, sendo aparência do corpo (32,1%) e do rosto (24,4%) os principais motivos. As adolescentes referiram insatisfação acerca da percepção da imagem corporal, tanto pela escala de silhuetas, antes (98; 66,7%) e após (106; 71,2%) atividade educativa, quanto pela Escala de Avaliação de Insatisfação entre Adolescentes, com média de 10,35 (10,35 ± 7,88) antes e média de 10,14 (10,14 ± 8,70) após atividade educativa. Quanto ao conhecimento sobre HIV, 58,5% delas concordaram que o risco de transmissão do vírus da Aids pode ser reduzido se a atividade sexual ocorrer somente com parceiro fiel e não infectado e 69,4% acreditavam que uma pessoa com aparência saudável pode estar infectada pelo vírus. Evidenciou-se que as adolescentes desconheciam o manuseio correto do preservativo masculino. Das 25 adolescentes sexualmente ativas, oito (32%) relataram ter usado preservativo masculino na primeira relação sexual e 68% reportaram o não uso. Observou-se associação estatisticamente significante (92%; p=0,007) entre a variável atividade sexual e conhecimento de que uma pessoa com aparência saudável pode estar com HIV. Pelo modelo social ecológico, a insatisfação da imagem corporal das adolescentes teve influência no nível intrapessoal; saúde autorreportada (p=0,022 antes e p=0,007 após atividade educativa), conhecimento do preservativo feminino (p=0,020 antes da atividade educativa) e conhecimento sobre HIV (p=0,011 antes da atividade educativa), no nível interpessoal; relação com a família (p=0,003 antes e p=0,017 após atividade educativa). O estudo não apresentou relação significativa nas variáveis percepção da imagem corporal, conhecimento de medidas preventivas e comportamento sexual. A insatisfação da imagem corporal das adolescentes teve influência nos níveis intrapessoal e interpessoal e as atividades educativas fortaleceram o conhecimento das adolescentes sobre as medidas preventivas do HIV. Verificou-se prevalência na insatisfação com a imagem corporal, no grupo de adolescentes. (AU)