Intervenção educativa para adesão de adolescentes à vacina contra o Papiloma Vírus Humano

Publication year: 2020

Uma condição para desenvolvimento do câncer de colo uterino é a infecção pelo papilomavírus humano. Apesar da disponibilidade da vacina contra o vírus, observa-se que muitos adolescentes não aderem essa estratégia de cuidado. Nesse contexto, torna-se imprescindível o desenvolvimento de processos educativos acerca da vacinação. Assim, objetivou-se analisar a eficácia da intervenção educativa em saúde “Sai fora, HPV!” para o aumento do conhecimento, da atitude e da adesão de adolescentes à vacinação contra o papilomavírus humano por meio de estudo experimental, do tipo ensaio clínico randomizado controlado. O estudo dividiu-se em três fases: Construção e validação da tecnologia educativa; Análise da adesão das adolescentes à vacina contra o papilomavírus humano; Avaliação dos efeitos da intervenção educativa à adolescentes para adesão à vacina contra papilomavírus humano. Realizou-se em seis escolas municipais do Nordeste brasileiro de agosto de 2018 a janeiro de 2020. A amostra total foi de 238 adolescentes no pré-teste e 210 no pós-teste. Aplicou-se o inquérito conhecimento, atitude e prática pré e pós-intervenção. Para tratamento dos dados, realizou-se análise descritiva, teste de Qui-Quadrado, teste de McNemar e modelo de regressão logística. O nível descritivo utilizado foi de 5%. Esse estudo foi aprovado sob o parecer nº 2.645.679, registrado na Plataforma Internacional de Registros de Ensaios Clínicos e submetido no portal do Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos. O desenvolvimento da tecnologia educativa teve como base princípios para adequabilidade da comunicação escrita, utilizando-se referenciais teórico-metodológicos e embasamento na literatura científica.

O projeto foi nomeado:

“Sai fora, HPV!” e constituído por 21 textos educativos curtos relacionados à prevenção da infecção pelo papilomavírus humano, em especial à vacinação. No processo de validação com sete juízes, o índice de validação de conteúdo global equivaleu a 0,94, verificando-se concordância entre eles e considerando a etapa de validação adequada. A partir desse processo, totalizou-se 18 cartões-mensagem impressos. Quanto às características sociodemográficas, sexuais e reprodutivas das adolescentes, os grupos foram homogêneos em quase todas as variáveis. Antes da intervenção, pode-se observar que o conhecimento era inadequado e a atitude adequada em ambos os grupos. Após a aplicação da tecnologia, o conhecimento adequado foi maior no grupo intervenção. A atitude foi semelhante ao resultado anterior à intervenção, apesar de algumas variáveis sobre pensamentos acerca das vacinas em geral e se tomaria a vacina contra o papilomavírus humano apresentarem significância no grupo intervenção. Verificou-se também que o grupo intervenção teve uma frequência de prática avaliada em adequada maior que o grupo controle, e que a idade maior que 12 anos e o conhecimento e a atitude adequados explicam aproximadamente 70% da prática. Nesse contexto, conclui-se que a realização da intervenção com os cartões-mensagem do projeto “Sai fora HPV!” aumenta a adesão de adolescentes do sexo feminino à vacina contra o papilomavírus humano. Além disso, por ser uma tecnologia de baixo custo e simples de ser aplicada, pode ser incorporada no processo de cuidado em diversos ambientes, como escolas e instituições de saúde, sendo uma ferramenta importante para construção de saberes não só de adolescentes, mas também da família. (AU)