O enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação na capacitação do utente com AVC dependente no autocuidado e do seu cuidador informal? Preparação para o regresso ao domicílio

Publication year: 2020

O Acidente Vascular Cerebral é a doença com maior taxa de mortalidade e morbilidade em Portugal, causando sequelas muitas vezes irreversíveis, provocando um grau elevado de incapacidade aos utentes e obrigando os familiares a adotar o papel de cuidadores informais. A procura de respostas e intervenções que facilitem a reintegração, reinserção e a garantia da máxima qualidade de vida destes utentes e dos seus familiares, urge como uma prioridade. O internamento na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados surge como uma das respostas facilitadoras, sendo os seus princípios de atuação: Reabilitação, Readaptação e Reinserção. O crescimento de conhecimentos nas áreas científicas e o aumento de competências dos profissionais é também uma das respostas eficazes. O Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER), pelas suas competências acrescidas e proximidade com o utente, surge como um dos profissionais capazes de potenciar ao máximo o utente vítima de AVC, maximizando as capacidades destes nas suas atividades básicas de vida diária e na sua funcionalidade, apresentando igualmente um papel importante com o cuidador informal, capacitando-o para as suas novas funções e permitindo um regresso ao domicílio com menos consequências negativas para ambos. O objetivo do estudo é evidenciar a eficácia da intervenção do Enfermeiro de Reabilitação numa unidade de média duração no que diz respeito a evolução da funcionalidade do utente vítima de AVC e na capacitação do seu cuidador informal. No entanto, a dotação da rede com Enfermeiros de Reabilitação está aquém do recomendado não sendo possível a realização de um estudo direto sobre o assunto. Nesse sentido, foi realizado um estudo quantitativo e retrospetivo com os objetivos de compreender qual a evolução funcional do utente numa UMDR e qual a participação dos cuidadores informais ao longo do internamento. Através da colheita de dados da Plataforma GestCare de 37 utentes com AVC internados em duas unidades de média duração e reabilitação e, após o tratamento estatístico de dados no SPSS, concluiu-se que existe uma evolução positiva na funcionalidade destes utentes ao longo do internamento e em relação à participação dos cuidadores informais esta é pouco notória nos registos de enfermagem. Ao analisar detalhadamente cada atividade básica de vida diária evidenciam-se diferenças na sua evolução ao longo do internamento. Essas diferenças podem ser justificadas pela complexidade das tarefas, mas igualmente pela falta de intervenções específicas. Comparando o resultado deste estudo com outros estudos que evidenciam a competência dos EEER?s e realizando uma longa reflexão sobre a missão da rede, é notória que a presença de um Enfermeiro de Reabilitação na equipa multidisciplinar, permitiria uma evolução da funcionalidade mais positiva e um maior envolvimento do cuidador informal.