Custo de pré-natal na política pública de Marília: um estudo de caso
Cost of prenatal care in public policy in Marília: a case study

Publication year: 2012

O presente trabalho investigou os custos do programa de atenção pré-natal na perspectiva subsidiar as decisões dos gestores de saúde.

Objetivos:

estimar o custo unitário da atenção pré-natal USF pesquisada; evidenciar as atividades e os seus direcionadores de custo entre as atividades do cuidado pré-natal e discutir o custo unitário obtido entre a USF pesquisada e o preconizado pelo protocolo do MS.

Metodologia:

pesquisa de caráter retrospectivo e exploratório na forma de um estudo de caso. Foi utilizada em Marília SP, em uma USF que atende 794 famílias de baixa renda, com 772 mulheres entre 15 e 49 anos.

Como critérios de inclusão:

todas as gestantes matriculadas no programa de pré-natal em de 2010; realização mínima de quatro consultas de pré-natal e uma de puerpério; sem restrição de idade.

As fontes de informações foram:

prontuário familiar e dados administrativos do Fundo Municipal de Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), sendo usado o instrumento específico de coleta de dados clínicos por gestante. A valoração do trabalho dos profissionais foi baseada no montante bruto de salários reais, extraindo o valor correspondente à parcela de tempo dedicado aos cuidados por gestante. Os preços de medicamentos, vacinas e materiais de consumo e permanente foram obtidos por meio de documentos administrativos e os valores dos exames foram captados na Tabela SIA-SUS do DATASUS. Construiu-se um banco de dados e foram usadas planilhas eletrônicas do Programa EXCEL para o tratamento e análise de dados. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da USP e aprovado sob o nº de protocolo 1087/2011/CEP-EEUSP SISNEP CAAE: 0111.0.196.196-11.

Resultados:

as gestantes foram agrupadas em G1A (sem intercorrencias), G1B (com atendimento fora da USF), G2 (hipertensas) e mais uma gestante que apresentava Trombofilia. A maioria das gestantes marcou o ingresso no programa no primeiro trimestre gestacional. Acessaram a uma média de nove consultas, o que conformou 11 horas de atenção dos profissionais durante o ciclo. O custo unitário geral do G1A foi de R$471,09, do G1B foi de R$702,61 e do G2 foi de R$ 786,61. O ensaio de custo considerando a recomendação integral do MS foi de R$ 512,35. Para o G1A, G1B, G2 e a estimativa do MS, o maior gasto incidiu nos recursos humanos; e para a gestante portadora de Trombofilia, o maior gasto incidiu nos medicamentos.

Conclusão:

O custo unitário variou de acordo com o grupo observado, a depender das necessidades de cada gestante e como resposta do serviço, o modo de organização do trabalho dos profissionais repercutiu no custo final. A VD e consultas de enfermagem demandaram mais tempo, porém não se configuraram em maiores fatores de custos, se comparada à consulta médica. O custo unitário do G1A e a projeção de custo conforme as recomendações do MS, resultaram em valores aproximados. O programa de pré-natal na realidade prática apontou algumas sobreposições de trabalhos a exemplo dos exames laboratoriais na USF e no HMI. Acredita-se, porém, que tende a conformar-se em atendimento integrado, quando se constata mobilização de meios de transporte visando a articulação entre instituições de diferentes níveis, a fim de favorecer o acesso das gestantes aos serviços.
The present study investigated the costs of the prenatal care program from the perspective of supporting the decisions of health managers.

Objectives:

to estimate the unitary cost of prenatal care in the researched USF; to highlight activities and their cost drivers among the activities of prenatal care and to discuss the unitary cost obtained between the researched USF and the cost recommended by the MS protocol.

Methods:

retrospective exploratory survey in the format of a case study. The research site was Marília SP, in a USF serving 794 low-income families, with 772 women aged 15 to 49 years old.

Inclusion criteria were:

all pregnant women enrolled in the prenatal program in 2010; holding at least four prenatal visits and one puerperium visit; without age restriction.

Information sources were:

family medical records and administrative data from Fundo Municipal de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A specific tool was used for collecting clinical data about pregnant women. To evaluate the work of professionals the base was from the gross amount of real salaries, extracting the value corresponding to the time devoted to the care of pregnant women. The prices of medicines, vaccines and consume and permanent materials were obtained from administrative documents and the values of the tests were captured in the SIA-SUS Table of DATASUS. It was built a database and electronic spreadsheets were used in EXCEL program for the treatment and analysis of data. The project was submitted to the Ethics Committee in Research of the USP Nursing School and it was approved under protocol number 1087/2011/CEP-EEUSP SISNEP CAAE: 0111.0.196.196-11.

Results:

pregnant women were grouped in G1A (uneventful), G1B (with care outside USF), G2 (hypertension) and another pregnant woman that presented Thrombophilia. Most pregnant women marked the entry into the program in the first gestational trimester. They had an average of nine visits, which corresponded to 11 hours of professional attention during the cycle.

The unitary costs were the following:

G1A = R$471.09, G1B = R$702.61 and G2 = R$786.61. The test cost considering the full recommendation of MS was R$512.35. For G1A, G1B, G2 and the estimation of MS the higher cost was related to human resources; while for the pregnant woman with thrombophilia, the higher cost was related to medicines.

Conclusion:

The unitary cost varied according to the observed group, depending on the needs of each pregnant woman and as a response of the service, the organization of the professionals work was reflected on the final cost. It has been shown that VD and nursing consultations demanded more time, but they were not the largest cost factors when compared to medical consultation. The unitary cost of G1A and the projected cost according to MS recommendations resulted in approximate values. In the practical reality, the prenatal program showed some overlap of work as, for instance, laboratorial exams at USF and at HMI. It is believed, however, that it tends to settle in integrated care when one sees the mobilization of transportation means aimed at different levels in order to facilitate the access of pregnant women to services.