Prevalência da hipertensão arterial, avaliada pela medida casual e monitorização residencial da pressão arterial, em comunidades Adventistas do Sétimo Dia no sudoeste paulista
Arterial hypertension prevalence, assessed through casual measurement and home blood pressure monitoring, in Seventh Day Adventist communities in Southeastern São Paulo

Publication year: 2012

Introdução A hipertensão arterial é influenciada por hábitos e estilos de vida e populações específicas como os Adventistas o Sétimo Dia são orientados a incorporar em suas práticas religiosas, hábitos e estilos de vida saudáveis. O objetivo principal desse estudo foi comparar a prevalência da hipertensão arterial em comunidades Adventistas do Sétimo Dia com comunidade não Adventista. Casuística e Métodos O estudo foi realizado na região sudoeste do estado de São Paulo com 547 pessoas (304 Adventistas e 243 não Adventistas). A pressão arterial foi medida com aparelho automático validado e de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. A religiosidade foi avaliada pela Escala de Duke-DUREL; hábitos alimentares identificados pelo Questionário de Frequência Alimentar; apoio social pela escala de apoio social; consumo de bebida alcoólica pelo Alcohol Use Disorders Identification Test - AUDIT e transtornos mentais comuns pelo Self-Reporting Questionnaire (SRQ 20). Foi adotado nível de significância de p<0,05. Resultados A maioria era do sexo feminino, idade de 41,5 anos, etnia branca. A prevalência de hipertensão foi menor nos Adventistas (p,0,05) dos não Adventistas, respectivamente, em relação a: escolaridade média (39,8% vs 36,9%), ocupação autônoma (33,6% vs 14,8%), com companheiro(a) (72,4% vs 64,2%), casa própria (66,1% vs 65%), renda individual entre um e três salários mínimos (97% vs 90,9%), homens com menor índice de massa corporal (25.03 ±3,09 Kg/m2 vs 26,97 ± 4,8 Kgm2) e menor circunferência abdominal (90,53±11,63 cm vs 97,19±12,69 cm), mais indivíduos ovolactovegetarianos e vegetarianos (20% vs 0,8%), não fumantes (85,5% vs 67,4%), maior tempo de abandono do tabagismo (14 anos vs 7 anos), praticantes de atividades físicas regulares (47,2% vs 25,8%), abstêmios de bebida alcoólica (100% vs 52,4%).No conhecimento sobre hipertensão os Adventistas se diferiram (p<0,05) dos não Adventistas, respectivamente, por: saberem menos que o tratamento da pressão alta pode evitar infarto (15,4% vs 12%) e problemas renais (58,2% vs 50,9%), reconhecerem que o exercício físico é importante para o controle da pressão (96,1% vs 89,3%), que jovens podem ter pressão alta (84,5% vs 77,8%), que é possível fazer alguma coisa para evitar a pressão alta (90,1% vs 83,1%), entretanto, reconhecem menos o papel da hereditariedade na hipertensão (59,5% vs 71,6%) e os valores de hipertensão (76,3% vs 86,4%). Pelo SRQ20 as mulheres Adventistas referiram mais sintomas que os homens Adventistas (p<0,05, 25% vs 15,3%). Os Adventistas mostraram níveis mais elevados em todas as dimensões da religiosidade e do apoio social (87 pontos vs 83 pontos). Na alimentação os Adventistas foram diferentes (p<0,05) dos não Adventistas, respectivamente, por: consumirem mais frutas e hortaliças (56,3% vs 39%); menos refrigerantes e suco artificial (33,2% vs 19,9%) e menos carne com gordura visível (72,7% vs 39,8%). Os hipertensos Adventistas foram estatisticamente diferentes dos não Adventistas, respectivamente, em relação a: escolaridade média (36,8% vs 15,5%); autônomos e do lar (30,8% e 30,8% vs 15,1% e 19,8%); alimentação vegetariana/ovolactovegetariana (19,2% vs 0%); prática regular de atividade física (49,4% vs 18,8%); tabagismo (0% vs 15,1%); etilismo (0% vs 39,2%), hipertensão referida (74,4% vs 84,3%); uso de medicamento anti-hipertensivo (58,3% vs 66,2%); acredita que a pressão alta tem cura (57,7% vs 32,6%), não acarreta problema renal (71,4% vs 51,3%) e não tem influência da hereditariedade (84,9% vs 66,7%); ausência de diabetes (91% vs 77,9%); usa outros tratamentos para hipertensão (51,8% vs 27,3%); e deixa de tomar remédio "por conta própria" (50% vs 29%).Em relação à presença de transtornos mentais comuns os hipertensos Adventistas referiram menos (p<0,05): ideia de acabar com a vida, sentir-se sem préstimo ou inútil, sentir-se incapaz de desempenhar um papel útil na vida, ter dificuldade no serviço e sentir-se cansado o tempo todo. Na avaliação da religiosidade e de apoio social os hipertensos Adventistas apresentaram níveis mais elevados. Não houve diferença no controle da pressão arterial entre os hipertensos Adventistas (44,8%) e não adventistas (58,9%), porém, os não Adventistas controlados sabiam há mais tempo ser hipertensos (p<0,05, 5 anos vs 3 anos). Os Adventistas apresentaram maior controle pela MRPA quando comparado à medida casual (77,1% vs 44,8%). O efeito do avental branco esteve presente em 12% dos Adventistas, a hipertensão do avental branco em 24,2% e a hipertensão mascarada em 12%.

Conclusão:

A hipertensão foi menos prevalente entre os Adventistas, o que pode estar relacionado a hábitos e estilos de vida um pouco mais saudáveis apregoados pela religião, embora os índices encontrados estejam bem próximos aos dados de muitos estudos de base populacional. O fenômeno do avental branco encontrou-se bem próximo do estimado na população geral.