Neofobia alimentar em estudantes internacionais

Publication year: 2020

A literacia alimentar é fundamental para a saúde, é importante compreender os determinantes da alimentação e capacitar os jovens para as melhores escolhas alimentares. À medida que os jovens mudam de país com finalidade académica, podem enfrentar alguns desa-fios durante o processo de aculturação, entre eles a nível alimentar, podendo inclusive durante a transição sofrer efeitos negativos na saúde. Durante este processo existe o risco de desenvol-ver neofobia alimentar, que segundo a literatura, está associada a uma dieta pouco variada e a uma ingestão inadequada de nutrientes.

Objetivos:

Estudar a relação entre o score de neofobia alimentar e a qualidade da dieta em estudantes internacionais.

Metodologia:

Estudo transversal quantitativo observacional e analítico, foi usada uma amostra não probabilística composta por 377 alunos internacionais matriculados no Instituto Politécnico de Bragança.

Os dados foram recolhidos em duas versões:

presencial e online, nos idiomas Português e Inglês. Recolheram-se informações sociodemográficas e académicas. Foi utilizada a escala de neofobia alimentar (FNS) .

Resultados:

Foi observada uma associação (p-value = 0,001) entre o nível de neofobia alimen-tar e o continente de origem, em que os alunos europeus e asiáticos são menos neofóbicos do que os alunos oriundos da América e África. Também se verificou que este score aumenta significativamente com a idade (p-value = 0,031), mas não difere de forma estatisticamente significativa entre géneros (p-value= 0,212). Quando considerada a área científica de formação e a neofobia, verificou-se que os alunos da área da educação são menos neofóbicos do que os das restantes áreas (p-value = 0,000). Não se verificou associações estatisticamente significati-vas (p-value >0,05) entre o score de neofobia e as diferentes categorias de rendimento, origem do rendimento e o local das refeições dos alunos. Verificou-se que houve associações estatisti-camente significativas (p-value = 0,038) na frequência do consumo de bebidas alcoólicas e a o score de neofobia alimentar. Foram identificados três padrões alimentares. Os alimentos con-sumidos com menos frequência pelos neutros e neofílicos foram os frutos secos e sementes peixes e mariscos, produtos de pastelaria e bebidas alcoólicas e os consumidos com mais frequência foram o pão, frutas, arroz e massa, batata, leite, iogurte e ovos. Os classificados como neofóbicos consomem com menos frequência os produtos de pastelaria, batata, peixe e marisco e frutos secos e com mais frequência o pão, frutas, hortícolas, batata, carne brancas, leite iogurte e queijo.

Conclusão:

O estudo da neofobia alimentar é particularmente importante porque esta está as-sociada com as preferências e consumo alimentares e consequentemente com a qualidade da dieta. Uma vez que há estudos que defendem que a neofobia alimentar pode ser alterada, com-preender a complexidade das questões envolvidas, no momento das mudanças no processo de aculturação e os seus efeitos sobre as questões dietéticas é essencial para a implementação e promoção de mudanças positivas nos hábitos alimentares.
As young people travel to other countries for academic purposes, they may face some challenges during the process of acculturation, including food, and may even suffer ne-gative effects on health during the transition. During this process, there is a risk of developing food neophobia, which according to the literature, is associated with a reduced variation on diet and an inadequate intake of nutrients.

Objective:

To study the relationship between food neophobia score and diet quality in interna-tional students.

Methodology:

Cross-sectional, quantitative, observational and analytical study. A non-proba-bilistic sample composed of 377 international students enrolled at the Polytechnic Institute of Bragança was used.

Data were collected in two versions:

face-to-face and online, in Portuguese and English. Sociodemographic and academic information was collected. The food neophobia scale (FNS) was used.

Results:

An association (p-value = 0.001) was observed between the food neophobia score and the continent of origin, in which Asian students were less neophobic than the rest. Neophobics were also found to be significantly older (p-value = 0.031), but no statistically significant rela-tions was found with gender (p-value = 0.212). When considering the scientific area of training and neophobia, it was found that students in the area of education are less neophobic than those in the other areas (p-value = 0.000). There were no statistically significant associations (p-value> 0.05) between the neophobia score and the different categories of income, income origin and the location of the students' meals. There were statistically significant associations (p-value = 0.038) in the frequency of alcohol consumption and the food neophobia score. Three distinct eating patterns were identified for each food neophobia group.

Conclusion:

The study of food neophobia is particularly important as it is associated with food preferences and consumption and, consequently, with the diet quality. There are studies that state that food neophobia can be changed, so understanding the complexity of the issues invol-ved, at the time of changes in the process of acculturation and its effects on dietary issues is essential for the implementation and promotion of positive changes in habits food.