Saberes e adesão às boas práticas de higienização das mãos pelos profissionais de saúde
Publication year: 2021
As Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde são um problema que atinge dimensões significativas, com implicações na morbilidade, na mortalidade, nos custos para doentes, famílias e sociedade e na qualidade dos cuidados de saúde. Enquanto medida simples e económica. A higienização das mãos é apontada como estratégia primordial para a prevenção destas infeções, cuja prática constitui um dever cívico, ético e profissional de todos os profissionais de saúde. Com base nestes pressupostos, o presente estudo pretendeu avaliar a variação dos conhecimentos sobre a higienização das mãos, e a adesão à prática da higienização das mãos, em função do grupo profissional. Para tal, desenvolveu-se um estudo descritivo-correlacional e transversal com uma população de 56 profissionais de saúde, de uma unidade de cuidados continuados do norte de Portugal. O instrumento de colheita de dados foi construído com base numa grelha de observação normalmente utilizada nas auditorias de avaliação (DGS, 2016). Assim, para a avaliação dos conhecimentos dos profissionais utilizou-se um questionário, e para a avaliação da adesão à higienização das mãos a observação. A aplicação dos instrumentos de recolha permitiu concluir que o conhecimento dos profissionais é satisfatório, sendo mais evidente no que se refere à forma correta de procedimento da fricção antissética (98,21%), à principal via de transmissão (89,3%), à necessidade de evitar joias, acessórios (80,4%) e unhas postiças (83,9%), ao método a aplicar em diferentes circunstâncias (75%) e ao tempo mínimo necessário para realização da higienização com SABA (73,2%). Não é tão significativo no que respeita à fonte mais frequente de microrganismos responsáveis pela IACS, assim como a pormenores que implicam uma técnica correta de higienização, nomeadamente lesões de pele (39,3%). Entre os diferentes grupos de profissionais o dos enfermeiros é aquele que apresenta um maior número de respostas corretas, seguido pelo dos assistentes operacionais, apesar de não se encontrarem diferenças estatisticamente significativas. A taxa de adesão à prática da higienização das mãos foi de 64,02%, com variação entre 28,57% e 94,12%, tendo sido superior nos enfermeiros, em comparação com o grupo dos médicos (p=0,00), dos técnicos de diagnóstico e terapêutica (p=0,00) e dos assistentes operacionais (p=0,00). Em síntese os conhecimentos são satisfatórios e a adesão à higienização é baixa, com diferenças entre os grupos profissionais o que comprova a necessidade de um contínuo investimento na formação, para se atingirem taxas de adesão mais elevadas e mais segurança nos cuidados.
Health care-associated infections are a problem that affects significant dimensions, with implications on morbidity, mortality, costs for patients, family and society, and in the quality of health care. Hand hygiene is seen as a primary strategy to prevent these infections, and its practice consists of a civic, ethical and professional duty of all healthcare professionals. Based on these premises, the present study aimed to assess the variation in knowledge about hand hygiene, as well as in the adherence to hand hygiene practice, according to professional group. To accomplish that, we carried out a descriptive-correlational and cross-sectional study, with a population of 56 healthcare professionals, from a continuous care unit from the north of Portugal. The data collection instrument was built on the basis of an observation grid normally used in assessment audits (DGS, 2016). Thus, to assess the professionals’ knowledge a questionnaire was used, and to assess adherence to hygiene hands we used the observation technique. The application of the collection instruments allowed us to conclude that the professionals’ knowledge is satisfactory, especially about the correct antiseptic friction procedure (98,21%), the main way of transmission (89,3%), the need to avoid jewelry, accessories (80,4%) and nail extensions (83,9%), the method to be applied in different circumstances (75%), and the minimum time required to clean with SABA (73,2%). However, the professionals' knowledge is not so significant with regard to the most frequent source of microorganisms responsible for health care-associated infections, as well as in details that demand a correct hygiene technique, namely skin lesions (39,3%). Between the different groups of professionals, the nurses’ is the one that presents the highest number of correct answers, followed by the group of operational assistants, although there are no statistically significant differences. The rate of adherence to the practice of hand hygiene was 64,02%, but it varies widely between 28,57% and 94,12%. The rate was higher in nurses, compared to the group of doctors (p = 0,00), diagnostic and therapeutic technicians (p = 0,00) and operational assistants (p = 0,00). In summary, the professionals' knowledge is satisfactory and adherence to hygiene is low, with differences between professional groups, which substantiates the need for continuous investment in the training of professionals, in order to achieve higher adherence rates and more safety in care.