Conhecimentos e comportamentos dos agricultores do concelho de Macedo de Cavaleiros sobre os pesticidas

Publication year: 2019

A utilização dos pesticidas agrícolas veio alterar profunda e rapidamente os métodos de trabalho, conduzindo ao aumento das produções. Todavia, tais fatores são, em si mesmos, potencialmente mais perigosos para a segurança e saúde dos agricultores e a sua rápida introdução no meio rural não tem sido suficientemente acompanhada por um conhecimento dos riscos associados à sua utilização. Estas características, determinam a necessidade de se motivarem os principais atores, os aplicadores de pesticidas, para a prevenção dos riscos e, também, para a necessidade de se identificarem para esta prevenção, técnicas adequadas à especificidade das tarefas (ACT, 2014). O nosso principal interesse foi avaliar o conhecimento e o comportamento dos agricultores do concelho de Macedo de Cavaleiros sobre os pesticidas. O estudo envolveu 398 residentes, com idade ≥ 18 anos, de ambos os sexos, com atividade agrícola formal e informal, no concelho de Macedo de Cavaleiros. Trata-se de um estudo observacional descritivo-correlacional, de corte transversal. A abordagem metodológica utilizada é eminentemente quantitativa, através de amostragem do tipo não probabilística, por conveniência. Para a recolha de dados foi desenvolvido e aplicado um formulário estruturado com respostas fechadas e abertas. Verificamos que, de uma forma geral, os agricultores mais jovens são quem se perfila com graus de reconhecimento significativamente superiores em relação às vias de exposição aos pesticidas e relacionam mais as doenças neurológicas ao uso de pesticidas (p<0,05). O agricultores com maior grau de escolaridade reconhecem melhor sintomas como, náuseas, tonturas e cefaleia, (p<0,05), doenças hepáticas, doenças neurológicas, desregulações hormonais associadas ao uso de pesticidas (p<0,001), reconhecem as vias de exposição aos pesticidas, com significancia estatística para o reconhecimento da via dérmica, seguem melhor as instruções dos rótulos aquando da preparação das caldas e com maior precaução, utilizam mais os equipamentos de proteção, apresentam maior preocupação face à eliminação dos pesticidas vazios. Face ao comportamento ambiental têm uma propensão muito menor em despejar as águas da lavagem dos equipamentos e outros recipientes utilizados em esgotos, fossas ou na proximidade de nascentes de água. Os agricultores com formação específica têm uma propensão muito menor em despejar as águas da lavagem dos equipamentos e outros recipientes utilizados em esgotos, fossas ou na proximidade de nascentes de água e não tem tanto o costume de queimar, enterrar ou deitar no caixote do lixo. Não foi encontrado significado estatístico entre a sociodemografia e a formação especifica do agricultor e o reaproveitamento dos recipientes vazios para outros fins. O mesmo acontece para os agricultores cuja atividade profissional principal não é a agricultura e para os que têm formação específica no manejo de pesticidas. Os agricultores estão informados que os pesticidas fazem mal à saúde e ao ambiente. Não obstante, cometem inconformidades nas práticas de utilização como: preparação de caldas, desleixo no uso de equipamento de proteção individual, a falta de leitura de rótulos, a eliminação incorreta dos recipientes de segurança, o mau uso dos pesticidas, aumentando o risco de exposição a estes produtos. Podemos concluir que a idade mais jovem, o maior grau de escolaridade e a frequência de formação específica de aplicação de pesticidas influem positivamente no reconhecimento de doenças associadas e de vias de exposição, assim como na segurança com que são preparados e aplicados os pesticidas, no uso dos equipamentos de proteção utilizados na preparação de pesticidas sólidos e líquidos, no cumprimento das instruções dos rótulos para preparação dos pesticidas, como na utilização das medidas de precaução aquando da preparação e na aplicação de pesticidas e no comportamento ambiental. Assim, é importante que se promova a formação dos agricultores para maior sensibilização, conjuntamente que as instituições tenham em conta estes fatores na tomada de decisão com vista a melhorar o conhecimento e os comportamentos dos agricultores, de forma sustentável, a fim de obtermos menor impacto tanto na saúde humana como ambiental.
The use of agricultural pesticides has profoundly and rapidly changed working methods, leading to increased yields. However, such factors are in themselves potentially more dangerous for farmers' safety and health and their rapid introduction into the countryside has not been sufficiently accompanied by an awareness of the risks associated with their use. These characteristics determine the need to motivate the main actors, pesticide applicators, for risk prevention, and also for the need to identify for this prevention, techniques appropriate to the specificity of the tasks (ACT, 2014). Our main interest was to evaluate the knowledge and behavior of farmers in the municipality of Macedo de Cavaleiros about pesticides. The study involved 398 residents, aged ≥ 18 years, of both sexes, with formal and informal agricultural activity, in the municipality of Macedo de Cavaleiros. This is a descriptive-correlational observational cross-sectional study. The methodological approach used is eminently quantitative, through non-probabilistic sampling, for convenience. For data collection a structured form with closed and open answers was developed and applied. We found that, in general, younger farmers are profiled with significantly higher degrees of recognition in relation to pesticide exposure pathways and relate more neurological diseases to pesticide use (p <0.05). Farmers with higher education levels better recognize symptoms such as nausea, dizziness and headache, (p <0.05), liver disease, neurological disease, hormone disruption associated with pesticide use (p <0.001), recognize routes of exposure. Pesticides, which are statistically significant for the recognition of the dermal pathway, follow label instructions better when preparing syrups and with greater caution, use more protective equipment, are more concerned with the disposal of empty pesticides. Due to environmental behavior they have a much lower propensity to discharge the washing waters of equipment and other containers used in sewers, sumps or near water sources. Specially trained farmers are much less likely to dump the washing waters of equipment and other containers used in sewers, sumps, or near water sources, and are less likely to burn, bury, or throw into the dustbin. 16.5% of farmers store pesticides in the garage and 4.1% store containers indoors. No statistical significance was found between sociodemography and farmer specific training and the reuse of empty containers for other purposes. The same is true for farmers whose main professional activity is not agriculture and for those who have specific training in pesticide management. Farmers are aware that pesticides are harmful to health and the environment. Nevertheless, they commit non-compliance with usage practices such as: preparation of grout, carelessness in the use of personal protective equipment, lack of reading labels, incorrect disposal of safety containers, misuse of pesticides, increasing the risk of exposure. to these products. It can be concluded that younger age, higher education level and frequency of specific pesticide application training positively influence the recognition of associated diseases and exposure routes, as well as the safety with which pesticides are prepared and applied, use of protective equipment used in the preparation of solid and liquid pesticides, compliance with pesticide preparation label instructions, use of precautionary measures when preparing and applying pesticides and environmental behavior. It is therefore important to promote farmers 'training to raise awareness, together with institutions taking account of these factors in their decision-making in order to improve farmers' knowledge and behavior in a sustainable manner in order to achieve less impact of both human and environmental health.