Fatores associados à cesariana de mulheres acompanhadas por enfermeiras obstétricas em um serviço de pré-natal
Factors associated with cesarean section in women accompanied by nurse-midwives in a prenatal care service

Publication year: 2013

Introdução:

Nas últimas décadas, as taxas de cesarianas vêm aumentando significativamente em todo o mundo, com índices excessivamente superiores aos 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos diversos países, as taxas são variáveis, bem como nas diferentes regiões brasileiras. Na região Sudeste, as taxas atingem 58,2%, e na região Norte, são de 41,8%.

Objetivos:

1. Verificar a prevalência e as indicações de cesarianas de gestantes atendidas em um serviço de pré-natal de baixo risco; 2. Verificar a associação das cesarianas com as variáveis sociodemográficas e obstétricas.

Método:

estudo transversal realizado no Amparo Maternal, maternidade filantrópica de São Paulo, cujo atendimento é feito exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde às mulheres de baixo risco obstétrico. O atendimento pré-natal é de responsabilidade de enfermeiras obstétricas e, no parto, a assistência obstétrica é conduzida por obstetrizes/enfermeiras obstétricas, e a atuação médica ocorre na assistência aos partos cirúrgicos e intercorrências. Os dados foram obtidos de prontuários de seguimento de pré-natal e da internação para o parto de 264 mulheres. No estudo, foram incluídas as mulheres matriculadas no pré-natal em 2011 e que deram à luz na mesma instituição.

As indicações da cesariana foram classificadas em:

fetais, materno-fetais e maternas. A análise descritiva dos dados sociodemográficos e obstétricos foi feita, e para indicar a associação entre o tipo de parto e as variáveis maternas foi calculada a razão de prevalência com intervalo de confiança de 95%. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa.

Resultados:

A prevalência de cesariana foi de 28,4%; as indicações fetais (44,0%) foram as mais frequentes, seguidas das maternas (33,3%) e das materno-fetais (22,7%).

A cesariana atual apresentou associação com:

cesariana prévia (RP=6,07; IC95%: 2,96-12,46); obesidade (RP=2,07; IC95%: 1,31-3,27); idade gestacional de 41 semanas (RP=1,57; IC95%: 1,00-2,47); colo impérvio na internação (RP=8,16; IC95%: 3,45-19,31); dilatação cervical 1 a 4 cm (RP=3,03; IC95%: 1,27-7,24); apresentação pélvica/córmica (RP=3,36; IC95%: 2,32-4,87); peso ao nascer 4.000g (RP=1,90; IC95%: 1,03-3,52). Ter idade inferior a 20 anos (RP=0,49; IC95%: 0,26-0,92) e ter recebido infusão de ocitocina (RP=0,29; IC95%: 0,20-0,44) foram fatores de proteção para a cesariana na gestação atual.

Conclusões:

Tratando-se de mulheres de baixo risco, a prevalência de cesariana foi superior ao limite recomendado pela OMS, e os fatores associados correspondem aos encontrados nas literaturas nacional e internacional.

Introduction:

In recent decades, cesarean rates have increased significantly worldwide, with rates excessively above the 15% recommended by the World Health Organization (WHO). Rates vary across countries and in the different regions of Brazil. In southeastern rates reach 58.2%, while the in north is 41.8%.

Objectives:

1. Check the prevalence and indications for cesarean sections of pregnant women attending an antenatal low risk; 2. Check the association of cesarean sections with sociodemographic and obstetric variables.

Methods:

cross-sectional study in Amparo Maternal, philanthropic maternity hospital in São Paulo, whose service is provided exclusively by the Health System to women at low obstetric risk. The prenatal care is the responsibility of nurse-midwives, childbirth, obstetric care is conducted by nurse-midwives and medical action occurs in cesarean section and complications. The data were obtained from medical records tracking prenatal and hospitalizations of 264 women. The study included women enrolled in prenatal care in 2011 and who gave birth at the same institution. The indications for cesarean section were classified as fetal, maternal-fetal and maternal. The data analysis were made of sociodemographic and obstetric and to identify the association between mode of delivery and maternal variables was calculated prevalence ratio with a confidence interval of 95%. The project was approved by the Ethics in Research.

Results:

The prevalence of cesarean section was 28.4%; fetal indications (44.0%) were the most frequent, followed by maternal (33.3%) and maternal-fetal (22.7%). The actual cesarean section was associated with cesarean section in a previous pregnancy (PR = 6.07, 95% CI: 2.96, 12.46), obesity (PR = 2.07, 95% CI: 1.31, 3.27), 41 weeks gestational age (PR = 1.57, 95% CI: 1.00, 2.47); impervious lap at admission (PR = 8.16, 95% CI: 3.45, 19.31) dilation 1 to 4 cm (PR = 3.03, 95% CI: 1.27, 7.24); mal presentations (PR = 3.36, 95% CI: 2.32, 4.87); birthweight 4.000g (RP = 1.90, 95% CI: 1.03, 3.52). Aged less than 20 years (PR = 0.49, 95% CI: 0.26, 0.92) and having received oxytocin infusion (PR = 0.29, 95% CI: 0.20, 0.44) were factors protection for caesarean section in the current pregnancy.

Conclusions:

The prevalence of cesarean section in low risk women higher than the limit recommended by WHO and the indications were strictly medical. The risk factors correspond to those found in the national and international literature.