Análise do índice de qualidade na utilização de EPI e higienização das mãos dos profissionais num serviço de medicina

Publication year: 2020

As infeções associadas a cuidados de saúde são uma problemática bastante antiga e que apesar dos avanços na área da saúde pública, continuam a ocorrer em doentes e em profissionais envolvidos nos cuidados. Algumas infeções são inevitáveis, resultando de complicações inerentes às terapêuticas e à situação clínica do doente, mas outras podem ser evitadas se os profissionais adotarem precauções básicas do controlo da infeção, como a utilização de equipamento de proteção individual e higienização das mãos na sua prática profissional.

Objetivos:

Analisar o índice de qualidade na utilização de equipamento de proteção individual e na higienização das mãos por parte dos profissionais do serviço de medicina, numa unidade hospitalar do norte de Portugal e os fatores associados.

Métodos:

Estudo transversal analítico realizado no serviço de medicina de uma unidade hospitalar do norte de Portugal, no período de janeiro de 2020 a fevereiro de 2020. Participaram no estudo 60 profissionais do referido serviço aos quais foram realizadas 3 observações totalizando 180 observações. Como instrumentos de recolha de dados foi utilizado um questionário para a caraterização socioprofissional da amostra e duas grelhas de observação direta para registo dos procedimentos realizados aquando da utilização de equipamento de proteção individual e higienização das mãos. Os dados foram codificados e posteriormente introduzidos e analisados com recurso ao Statistical Package for the Social Sciences versão 20.0. O estudo foi submetido a aprovação e autorização pelo conselho de administração da referida unidade.

Resultados:

A amostra foi constituída por 60 profissionais, sendo maioritariamente 54% enfermeiros e do serviço de medicina mulheres 51,7%. Registamos predomínio do sexo feminino em todos os grupos profissionais 87,5% enfermeiros, 70,6% assistentes operacionais e 81,8% médicos. Relativamente às habilitações literárias e profissionais 71,8% dos enfermeiros têm licenciatura/bacharelato, 54,6% dos médicos possui uma especialidade e 47,1% dos assistentes operacionais têm o ensino secundário. O grupo profissional mais jovem diz respeito aos médicos com uma média de 36,45 anos e o mais envelhecido corresponde aos assistentes operacionais com uma média de 42,30 anos. Os enfermeiros são os que apresentam maior média de tempo de serviço com 15,31 anos e os assistentes operacionais menor com 5,12 anos, 54,2% refere não possuir formação na área da infeção. Observamos baixos níveis dos índices qualidade de utilização de luvas, de utilização de avental/bata e de higienização das mãos 73,3%, 68,3% e 95,0% respetivamente. Quando relacionamos os índices de qualidade com a profissão verificamos que os enfermeiros obtiveram um resultado mais elevado, 69,4%, 74% e 40,2% de utilização de luvas, de utilização de avental/bata e de higienização das mãos respetivamente. As habilitações literárias e profissionais e a profissão influenciaram o índice de qualidade na higienização das mãos (p<0,05).

Conclusão:

Todos os índices de qualidade foram baixos, sendo os enfermeiros aqueles que apresentam maiores médias nos índices de qualidade. A profissão e as habilitações literárias e profissionais influenciaram o índice de qualidade da higienização das mãos. Sugerimos a promoção de ações de formação contínua e a sensibilização dos profissionais para a formação académica especializada. Propomos também a realização de outros estudos com amostras e em períodos maiores, de forma a poder fazer associações com outros serviços e outras unidades hospitalares.
Infections associated with healthcare are a long-standing problem and, despite advances in public health, continue to occur in patients and professionals involved in care. Some infections are unavoidable, resulting from complications inherent to the therapies and the patient's clinical situation, but others can be avoided if professionals adopt basic precautions for infection control, such as the use of personal protective equipment and hand hygiene in their professional practice.

Objectives:

Analyze the quality index in the use of personal protective equipment and hand hygiene by medical service professionals, in a hospital in northern Portugal and the associated factors.

Methods:

Analytical cross-sectional study carried out in the medical service of a hospital unit in the north of Portugal, from January 2020 to February 2020. Participated in the study 60 professionals from the said service who were made 3 observations totaling 180 observations. As instruments for data collection, a questionnaire was used for the socio-professional characterization of the sample and two direct observation grids to record the procedures performed when using personal protective equipment and hand hygiene. The data were coded and subsequently introduced and analyzed using the Statistical Package for the Social Sciences version 20.0. The study was submitted for approval and authorization by the board of directors of that unit.

Results:

The sample consisted of 60 professionals, mostly 54% nurses and 51.7% women from the medical service. We registered a predominance of females in all professional groups, 87.5% nurses, 70.6% operational assistants and 81.8% doctors. With regard to educational and professional qualifications, 71.8% of nurses have bachelor's / bachelor's degrees, 54.6% of doctors have a specialty and 47.1% of operational assistants have secondary education. The youngest professional group refers to doctors with an average of 36.45 years and the oldest corresponds to operational assistants with an average of 42.30 years. Nurses are those with the highest average length of service at 15.31 years and operational assistants at 5.12 years, 54.2% say they have no training in the area of infection. We observed low levels of the quality of glove use, apron / smock and hand hygiene indices 73.3%, 68.3% and 95.0%, respectively. When we relate the quality indexes to the profession, we find that nurses obtained a higher result, 69.4%, 74% and 40.2% of gloves, apron / smock use and hand hygiene respectively. Literary and professional qualifications and the profession influenced the quality of hand hygiene (p <0.05).

Conclusion:

All quality indexes were low, with nurses having the highest averages in quality indexes. The profession and educational and professional qualifications influenced the quality of hand hygiene. We suggest the promotion of continuous training actions and the professionals' awareness of specialized academic training. We also propose to carry out other studies with samples and in longer periods, in order to be able to make associations with other services and other hospital units.