Humanização dos cuidados de Enfermagem num Serviço de Medicina Intensiva para adultos: perspetiva dos enfermeiros

Publication year: 2017

Nas últimas décadas, a humanização dos cuidados de saúde, tem sido alvo de preocupação a uma escala mundial, tendo ganho grande destaque na literatura científica e em pesquisas direcionadas para as ciências da saúde. Um Serviço de Medicina Intensiva (SMI), por natureza, usufrui de um ambiente aberto à inovação e aos cuidados especializados, potencializado pela constante atualização de competências dos seus profissionais. Assim, num SMI, para que se possa almejar cuidados de excelência, as questões de investigação e a evidência daí resultante deve abordar de uma forma equilibrada e complementar a melhoria técnica e tecnológica, a par da humanização dos cuidados. Neste sentido, desenvolvemos um estudo de investigação, para o qual traçamos os seguintes objetivos: (i) refletir acerca da humanização dos cuidados de Enfermagem num SMI; (ii) identificar as categorias fundamentais para a humanização dos cuidados de Enfermagem num SMI e, (iii) descrever fatores dificultadores e facilitadores da humanização dos cuidados de Enfermagem num SMI. Para dar resposta aos objetivos delineados, optámos pela realização de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo. Os participantes do estudo foram selecionados por conveniência tendo a amostra sido atingida por saturação teórica (N=20). A colheita de dados foi realizada entre junho e julho de 2017, num SMI, de um Centro Hospitalar da região norte de Portugal. Para a recolha de informação utilizamos como principal técnica a entrevista semiestruturada. Da análise dos dados emergiram três (3) categorias: (1) a humanização; significados, forças e valores presentes; (2) a humanização; as forças, as práticas e os contextos de cuidados e, (3) as experiências e vivências pessoais num SMI. Dos principais resultados obtidos constatamos que a humanização dos cuidados é considerada o ponto-chave da conduta dos enfermeiros, mas em medicina intensiva tende a ser desvalorizada. O domínio tecnológico impõe-se e a prioridade são as situações emergentes onde a sobrevivência da pessoa determina os cuidados. Como perspetiva principal surge a necessidade de os enfermeiros conseguirem desviar o foco de atenção de um modelo centrado no défice (modelo biomédico) para um modelo centrado nas forças, onde evidenciam a singularidade de cada pessoa, colocando a pessoa e a sua família como foco principal e central dos seus cuidados. A partir destes resultados, propusemos um conjunto de estratégias, no sentido de dar resposta a esta necessidade veiculada pelos enfermeiros. Estes resultados permitem uma compreensão mais abrangente do objeto em estudo e podem orientar as intervenções dos enfermeiros, para um cuidado mais centrado na pessoa em situação crítica, embebido nos pressupostos filosóficos do Cuidar em Enfermagem Baseado nas Forças. Este novo olhar vai influenciar a forma como os enfermeiros podem fazer a diferença, através da perceção das forças que devem desenvolver ao nível pessoal e profissional.
In the last decades, the humanization of health care has been a concern on a global scale, having gained great prominence in the scientific literature and in research directed to the health sciences. An Intensive Care Unit (ICU), by his nature, has an environment open to innovation and specialized care, enhanced by the constant updating of its professionals competences. Thus, in an ICU context, in order to achieve excellence in care, the research questions and the results must address in a balanced and complementary way the technical and technological improvement, together with the humanization of care. With this objective, we developed a research study, for which we formulated the following objectives: (i) reflect on the humanization of nursing care in an ICU; (ii) identify the key categories for the humanization of nursing care in an ICU and (iii) describe factors that make it difficult to facilitate the humanization of nursing care in an ICU. In order to answer to the defined objectives, we opted for a qualitative, exploratory and descriptive study. The study participants were selected for convenience and the sample was reached by theoretical saturation (N = 20). Data collection was performed between june and july 2017, in a ICU of an hospital center in the northern region of Portugal. For the collection of information we use the semi-structured interview as the main technique. From the data analysis emerged three (3) categories: (1) humanization; meanings, strengths and values present; (2) humanization; strengths, practices and contexts of care, and (3) personal experiences in an ICU. From the main results we find that the humanization of care is considered the key point of the nurses behavior, but in ICU it tends to be devalued. Technological dominance prevails and priority is the emergent situations where the survival of the person determines the care. As a main perspective, nurses need to be able to enhance the focus from a deficit-centered model (biomedical model) to a strengths-centered model where they highlight the uniqueness of each person, placing the person and his family as the main focus and central to their care. Based on these results, we proposed a set of strategies, in order to respond to this need provided by nurses. These results allow a more comprehensive understanding of the object being studied and can guide the interventions of the nurses to the person in critical situation care, imbued in the philosophical assumptions of Strenghts Based Care. This new approach will influence how nurses can make a difference through the perception of the strengths that should develop on a personal and professional level.