A influência das competências de comunicação não-verbal dos enfermeiros na experiência subjetiva de sofrimento de pessoas com doença oncológica
Publication year: 2015
A doença oncológica é uma doença crónica prevalente que condiciona a vivência de experiências subjetivas de sofrimento, o que apela à função de cuidar dos enfermeiros, no contexto da relação com o outro, alicerçada na comunicação terapêutica como intervenção facilitadora da vivência de uma transição saudável. Face à escassez de investigação neste domínio, fundamental para a disciplina de enfermagem, este estudo correlacional e explicativo pretende analisar a influência das competências de comunicação não-verbal dos enfermeiros na experiência subjetiva de sofrimento de pessoas com doença oncológica, internadas em hospitais de agudos no distrito de Braga. Recorreu-se a uma amostra de conveniência simples, constituída por pessoas com doença oncológica (N = 84), internadas em hospitais do distrito de Braga. Os participantes foram avaliados através de um Questionário Sociodemográfico, Profissional e Clínico; da Escala de Avaliação da Comunicação Nãoverbal das Enfermeiras (versão clientes) (EACNV, McIntyre & Lage, 1996); da Escala de Avaliação da Comunicação Empática (versão clientes) (EACEE, McIntyre & Lage, 1996); e do Inventário de Experiências Subjetivas de Sofrimento na Doença (IESSD, McIntyre & Gameiro, 1997). Dos resultados destaca-se que a dimensão Atenção/Contacto da comunicação não-verbal exibida pelos enfermeiros constitui-se preditor significativo das Experiências Positivas de Sofrimento das pessoas com doença oncológica; a dimensão Abertura/Flexibilidade da comunicação empática dos enfermeiros constitui-se preditor significativo do Sofrimento Psicológico e das Experiências Positivas de Sofrimento das pessoas com doença oncológica; a dimensão Atenção/Contacto da comunicação não-verbal dos enfermeiros revela-se preditor significativo das dimensões da comunicação empática Escuta/Interesse e Influência; a dimensão Proximidade/Clareza da comunicação não-verbal mostra-se preditor da Abertura/Flexibilidade e Influência da comunicação empática dos enfermeiros; existe um efeito de mediação indireto da comunicação não-verbal dos enfermeiros no sofrimento das pessoas com doença oncológica, designadamente, através da dimensão Escuta/Interesse da empatia. Observa-se, também, a existência de diversas variáveis sociodemográficas, profissionais e clínicas com influência, quer nas competências de comunicação dos enfermeiros percebidas pelas pessoas com doença oncológica, quer nas experiências subjetivas de sofrimento relatadas por estas. Conclui-se que a comunicação não-verbal dos enfermeiros tem influência nas experiências subjetivas de sofrimento das pessoas com doença oncológica e que a comunicação empática desempenha um papel mediador fundamental, pelo que é essencial incrementar estratégias de desenvolvimento contínuo das competências de comunicação dos enfermeiros. Esta investigação pode contribuir para o desenvolvimento de um novo paradigma na relação enfermeiro-doente, com a valorização da comunicação como estratégia terapêutica na transição positiva de pessoas com doença oncológica.
Oncologic disease is a prevalent chronic disease that determines the living of subjective experiences of suffering, which calls for the caring role of nurses in the context of the relationship with the other, underpinned in therapeutic communication as an intervention that facilitates a healthy transition. Given the scarcity of research in this domain, fundamental for nursing discipline, this correlational and explanatory study aims to analyse the influence of nurses’ nonverbal clinical communication skills in the subjective experience of suffering of people with oncological diseases, hospitalized in acute hospitals of Braga district. It was used a simple convenience sample, constituted by people with oncological disease (N = 84), hospitalized in hospitals from Braga district. Participants were assessed through a Sociodemographic, Professional and Clinical Questionnaire; the Nurses’ Nonverbal Communication Rating Scale (clients version) (EACNV, McIntyre & Lage, 1996); the Empathic Communication Rating Scale (clients version) (EACEE, McIntyre & Lage, 1996); and the Inventory of Subjective Experiences of Suffering in Disease (IESSD, McIntyre & Gameiro, 1997). The results highlight that the dimension of Attention/Contact from nonverbal communication exhibited by nurses, constitutes a significant predictor of the Positive Experiences of Suffering of people with oncological diseases; the dimension of Opening/Flexibility from nurses’ empathic communication, constitutes a significant predictor of psychological distress and Positive experiences of suffering of people with oncological diseases; the dimension of Attention/Contact from nurses’ nonverbal communication, reveals to be a significant predictor of the empathic communication dimensions, Listening/Interest and Influence; the dimension of Proximity/Clarity from nonverbal communication, shows to be a predictor of Opening/Flexibility and Influence from nurses’ empathic communication; there is an indirect mediation effect of nurses’ nonverbal communication in the suffering of people with oncological diseases, namely through the Listening/Interest dimension of empathy. It is also observed the existence of several sociodemographic, clinical and professional variables with significant influence in both the nurses’ communication skills perceived by people with oncological diseases and, in the subjective experience of suffering they reported. It can be concluded that nurses’ nonverbal communication has influence on subjective experiences of suffering of people with oncological disease and that empathic communication plays a key mediating role, whereby it is essential to implement continuous development strategies of nurses' communication skills. This research may contribute to the development of a new paradigm in nurse-patient relationship, valuing the communication as a therapeutic strategy in the positive transition of people with oncological disease.