A qualidade de vida da pessoa com doença renal crónica em programa regular de hemodiálise

Publication year: 2015

A Enfermagem como disciplina tenta descodificar e aprofundar a realidade da pessoa nos contextos das mudanças que experiencia. O presente estudo reforça a emergência das transições da pessoa que vivencia uma doença renal crónica como focos de atenção em enfermagem, sendo o seu propósito avaliar e correlacionar a qualidade de vida das pessoas em programa regular de hemodiálise com os marcadores biológicos e nutricionais, o perfil sociodemográfico, as comorbilidades e o apetite. Enquadra-se num plano metodológico quantitativo, descritivo e correlacional, com um tipo de amostragem por conveniência. Participaram neste estudo 91 pessoas (46 homens) com capacidade para responder às questões formuladas, e idade compreendia entre os 27 e os 88 anos, média de 63,57 anos (desvio padrão de 16,59). A média de tempo em tratamento hemodialítico foi de 64,88 meses (desvio padrão de 52,33), sendo o tempo mínimo em hemodiálise de 6 meses e o máximo de 208 meses. Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram o questionário Kidney Disease Quality of Life versão 1.3 (KDQOL), o Karnofsky Performance Status Scale e o Índice de comorbilidade de Charlson. A avaliação do perfil sociodemográfico foi monitorizada através da consulta da base de dados existente na clínica, Euclid. Os marcadores biológicos e nutricionais foram obtidos através da realização de colheitas sanguíneas (hemoglobina, albumina sérica, ureia, potássio, Kt/V), no mesmo período de tempo em que foram aplicados os questionários. As colheitas sanguíneas foram realizadas no início de cada turno, antes da conexão da pessoa doente ao circuito extracorporal, sistema terapêutico 5008, através da canulação arterial do acesso vascular.

Da presente investigação emergiram dois estudos:

i)Physical QOL is independently related to age, Karnofsky and comorbidities in chronic disease patients, e, ii) Appetite is associated to the physical quality of life but not mental quality of life. Do primeiro estudo conclui-se que as pessoas com doença renal crónica em hemodiálise apresentam baixa qualidade de vida, sendo particularmente evidente na componente física. As pessoas mais velhas têm uma menor capacidade de desempenho e de autocuidado. O segundo estudo mostra que o apetite está positivamente correlacionado com a componente física, concluindo-se portanto que as pessoas com melhor apetite têm uma melhor qualidade de vida física. Os resultados destes estudos sugerem o desenvolvimento e implementação de estratégias de intervenção de enfermagem, focadas na promoção de um estado nutricional adequado e atendendo ao apetite, à idade e às comorbilidades associadas, para e com as pessoas com doença renal crónica em hemodiálise, tendo em vista a melhoria da sua qualidade de vida.
Nursing as a discipline tries to decode and deepen person´s reality in the context of the changes that experience. This study aims to evaluate and correlate the quality of life of people in regular hemodialysis program NephroCare Fafe with biological and nutritional markers, the sociodemographic profile, comorbidities and appetite. It follows a quantitative methodology, descriptive and correlational with a sampling of convenience. 91 persons (46 men) participated in this study, with an average age was 63.57 years (standard deviation 16.59), ranging between 27 and 88 years. The average time in hemodialysis was 64.88 months (52.33), with a minimum hemodialysis time of 6 months and maximum of 208 months. Data collection included the questionnaire Kidney Disease Quality of Life version 1.3 (KDQOL), the Karnofsky Performance Status Scale and the Charlson comorbidity index. The assessment of the sociodemographic profile was gathered by consulting the existing database in the clinic, Euclid. The biological and nutritional markers were obtained by performing blood samples (hemoglobin, serum albumin, urea, potassium, Kt / V) during the same period of time the questionnaires were applied. Blood samples were collected at the beginning of each shift, before the connection to the extracorporeal circuit, therapeutic system 5008, through the arterial cannulation of the vascular access.

Two studies emerged from this research:

i) Physical QOL is independently related to age, Karnofsky and comorbidities in chronic disease patients, and ii) Appetite is associated to the physical quality of life but not mental quality of life. The first study concluded that people with chronic kidney disease in a regular program of hemodialysis showed a low in quality of life, being particularly evident in physical component. Older people have a lower performance capability and self-care. The second study showed that the appetite is positively correlated with the physical component, concluding therefore that people with better appetite have a better physical quality of life. The results of these studies suggest that future intervention strategies for people with chronic kidney disease on hemodialysis, could focus on appetite, nutritional status, age and comorbidities in orther to improve their quality of life.