Problemas de saúde de trabalhadores de enfermagem
Health problems of nursing workers
Publication year: 2013
Os problemas de saúde dos trabalhadores de enfermagem, causados pela exposição à cargas de trabalho, manifestam-se por diferentes processos de desgastes. Estes, em última instância, refletem as condições de trabalho a que esses trabalhadores estão submetidos. Assim, este estudo teve como objetivo analisar os problemas de saúde dos trabalhadores de enfermagem relacionados ao trabalho hospitalar e seus determinantes; caracterizando o perfil institucional e profissional, identificando os problemas de saúde e suas consequências e verificando os indicadores propostos para o monitoramento da sua saúde. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, transversal e de abordagem quantitativa. O cenário do estudo foi constituído por unidades médicas e cirúrgicas de dois Hospitais de Ensino (H1 e H3) e um Hospital Universitário (H2) do município de São Paulo. A população do estudo foi composta por 459 trabalhadores de enfermagem. A coleta de dados foi realizada por meio do software Sistema de Monitoramento da Saúde do Tralhador de Enfermagem (SIMOSTE), segundo os dados institucionais e dos trabalhadores; problemas de saúde relacionados ao trabalho e suas consequências. Os dados foram tratados segundo os indicadores do SIMOSTE e os resultados apresentados em tableas, segundo as frequências absoluta, relativa e coeficientes de risco. Foram identificadas 970 notificações relacionadas ao trabalho no Sistema, em que a maioria é do sexo feminino (97,63%), está na faixa etária entre 30 e 39 anos (44,64%), pertencente à categoria de técnicos de enfermagem (47,01%), com salário entre R$ 2.000 a R$ 3.001 (38,66%), tendo mais de um vínculo de trabalho (41,96%) e regime CLT (100,00%). Os trabalhadores das unidades médicas foram os que mais registraram notificações (71,03%). Os indicadores relativos à dinâmica de trabalho identificaram no H1 um coeficiente de 3,2 enfermeiros e 19,3 auxiliares e técnicos de enfermagem/100 leitos.A enfermagem representa entre 49,7% e 68,4% da força de trabalho dos hospitais, sendo que a equipe com maior número de enfermeiros está no H3 e a menor no H1. Os indicadores referentes aos problemas de saúde apontaram que as notificações (N=970) registraram 974 exposições às cargas de trabalho, que geraram 1.669 desgastes. As cargas biológicas foram as mais frequentes (CR=91,7/100 trabalhadores de enfermagem), seguidas das fisiológicas (CR=70,6) e psíquicas (CR=36,2). A maioria dos desgastes gerados foi por exposição às cargas psíquicas (CR=152,7/100 trabalhadores de enfermagem), seguidas das biológicas (CR=94,1) e fisiológicas (CR=84,3). As consequências desses desgastes representaram 4.161 dias de trabalho perdidos com afastamentos, o que representa a perda de 11,4 anos de trabalho em apenas um. Verificou-se, ainda, que 56,9% dos dias perdidos foram registrados como licença médica; 42,9% afastamento por acidente de trabalho e 0,2% por falta, o que evidencia a subnotificação dos problemas de saúde como relacionados ao trabalho. Frente a esses resultados, é imperativa a necessidade de proposição de estratégias de prevenção, a fim de amenizar e reduzir os agravos à saúde dos trabalhadores de enfermagem. Para tanto, o SIMOSTE mostrou-se uma ferramenta adequada para a monitorização da sua saúde dos trabalhadores de enfermagem.
Health problems suffered by nursing workers, caused by exposure to workloads are expressed by different strain processes. These ultimately reflect the working conditions which these workers are submitted. Thus, the aim of this study was to analyze the health problems of hospital nursing staff and their determinants. At the same time, identifying the health problems, and their consequences; identifying proposed indicators to monitor the health of workers. This is an epidemiological, descriptive and transversal study with a quantitative approach. The study scenario consisted of medical and surgical units at two teaching hospitals (H1 and H3) and one of university hospital (H2) in the city of São Paulo. The study population was constituted by 459 nursing workers. The data collection was performed using the software Monitoring System of nursing workers health - (SIMOSTE), according institutional and workers data; health problems related to work and their consequences. The data have been processed in accordance to the indicators of SIMOSTE and the results have been presented in form of tables according to both absolute and relative frequency and risk coefficient. Thus, 970 notifications work related have been identified in the System, where the majority is female (97,63%). Besides that, 44,64% of the subjects are in the age group between 30 and 39 years old. Nursing technicians represent 47,01% of the subjects. Moreover, 38.66% of the subjects earns between R$ 2.000 and R$ 3.001 per month. About 41,96% of the subjects have more than one job and, at last, 100,00% of them have a formal working relation.he workers at the clinical units registered most notifications (71,03%). The indicators about institutional dynamics have identified at H1 a coefficient of 3,2 nurses and 19,3 nursing auxiliaries or technicians/100 beds. Nursing staff represents between 49,7 and 68,4% of the hospital total workforce. The hospital staff with the highest number of nurses is located at H3. On the other hand, H1 shows the lowest number of nurses in its staff. The indicators related to health problems have pointed out that the notifications (N= 970) registered 974 expositions to workloads, which generated 1.669 strains. The biological workloads were the most frequent ones (CR=43,4/100 notifications), followed by the physiological ones (CR=33,4) and then by the psychic ones (CR=17,1). Most strain processes were caused by exposure to psychic workloads (CR=72,3/100 notifications), followed by the biological ones (CR=44,5) and then by physiological causes (CR=39,9). The consequences of strain processes represented 4.161 missed working days due to health problems, which represent 11,4 lost years in only one. Furthermore, it has been verified that 56,9% of missed working days were registered as sick leave, 42,9% as leave from work due to occupational accidents and 0,2% simply as absence from work, which highlights the underreporting of health problems such as work-related. Given these results it is imperative to propose prevention strategies in order to mitigate and reduce the health problems of nursing. For that, SIMOSTE showed up a very suitable tool to monitor the health of nursing workers.