Prevenção e monitorização do delirium na pessoa em situação crítica internada numa unidade de cuidados intensivos
Publication year: 2018
O delirium é uma síndrome de disfunção de órgão aguda com elevada incidência e prevalência nas pessoas internadas numa unidade de cuidados intensivos. A presença de delirium na pessoa em situação crítica aumenta o tempo de internamento e as suas complicações (quedas, úlceras por pressão, infeção entre outras), a mortalidade hospitalar e pós-alta, declínio cognitivo e funcional (imediato e a longo prazo), a demência, a necessidade de admissão em lares/unidades de longa duração, os custos globais de saúde e sobretudo o stress para a pessoa, família e para os profissionais, considerada um determinante preditor de prognóstico. Por tudo isto pretendeu-se explorar e descrever o conhecimento que os enfermeiros têm acerca do delirium e que intervenções de enfermagem estes profissionais reconhecem como importantes para a sua prevenção e monitorização. Optou-se por um estudo exploratório e descritivo de natureza qualitativa, realizado numa unidade de cuidados intensivos de um hospital da região sul do país. Os dados foram obtidos por meio de entrevista semiestruturada na qual participaram onze enfermeiros do sexo feminino. Os resultados mostraram um conhecimento limitado relativamente ao delirium, designadamente no que diz respeito à identificação dos fatores de risco e às caraterísticas da manifestação da síndrome. Os participantes apenas destacaram a sintomatologia que se manifesta na sua forma hiperativa. O estudo revelou tratar-se de uma disfunção subdiagnosticada uma vez que não houve por parte dos participantes o recurso a instrumentos de avaliação validados, sendo o seu diagnóstico feito pela avaliação clínica. No entanto, as intervenções autónomas e interdependentes que os enfermeiros reconhecem como importantes para a prevenção desta disfunção vão de encontro à mais recente evidência científica. Apesar disso, as intervenções de enfermagem assumidas por estes participantes não foram aplicadas na prática, uma vez que o grupo de enfermeiros entrevistados revelou que foram escassas as intervenções no que respeita às ações prevenir, monitorizar ou tratar o delirium. Os resultados apontam para a importância de incluir o tema na formação contínua dos enfermeiros, sendo entendida pelos participantes do estudo como uma estratégia para melhorar a abordagem na pessoa em situação critica com, ou em risco de desenvolver delirium.
Delirium is an acute organ dysfunction syndrome with a high incidence and prevalence in people in an intensive care unit. The presence of delirium in the critically ill person increases hospitalization time and complications (falls, pressure ulcers, infection), hospital and post-discharge mortality, cognitive and functional decline (immediate and long term), dementia , the need for admission to long-term care homes / units, overall health costs, and especially stress for the individual, the family and the professionals, is considered a predictor of prognosis. Therefore, it was intended to explore and describe the knowledge that nurses have about delirium and what nursing interventions these professionals recognize as important for their prevention and monitoring. We chose an exploratory and descriptive study of a qualitative nature, carried out in an intensive care unit of a hospital in the southern region of the country. Data were obtained through a semi-structured interview in which eleven female nurses participated. The results showed a limited knowledge regarding delirium, namely regarding the identification of the risk factors and the characteristics of the manifestation of the syndrome. The participants only highlighted the symptomatology that manifests itself in its hyperactive form. The study revealed that it was an underdiagnosed dysfunction since the participants did not resort to validated evaluation instruments, and their diagnosis was made by clinical evaluation. However, the interventions (autonomous and interdependent) that nurses recognize as important for the prevention of this dysfunction go against the latest scientific evidence. Although the nursing interventions assumed by these participants were in agreement with the scientific evidence, they were not applied in practice, since the group of nurses interviewed revealed that there were few interventions with regard to preventing, monitoring or treating or delirium. The results point to the importance of continuous training, being understood by the nurses participating in the study as a strategy to improve the approach in the person in critical situation with or at risk of developing delirium.