Publication year: 2018
Enquadramento:
Cuidar a criança com doença crónica complexa (DCC), limitante ou ameaçadora de vida é uma tarefa desafiante, devido às etapas de desenvolvimento da criança, aos dilemas éticos associados e à falta de formação dos próprios profissionais. A formação e educação são indispensáveis para a tomada de decisão dos cuidados de saúde prestados à criança/família nesta condição.
Objetivos:
Identificar as necessidades de formação dos profissionais em CPP; determinar as suas estratégias de coping, no cuidar da criança com DCC limitante ou ameaçadora de vida; identificar o seu perfil de esperança e analisar a influência das variáveis sociodemográficas, profissionais e das estratégias de coping e de esperança nas necessidades de formação em CPP.
Metodologia:
Estudo quantitativo, transversal, descritivo e correlacional realizado numa amostra, não probabilística, de 102 profissionais de saúde, 92,2% do género feminino, 64 enfermeiros, 29 médicos pediatras, 6 assistentes sociais e 3 psicólogas, a desempenhar funções numa unidade hospitalar pública da região Centro de Portugal, com idades entre 25 e 63 anos (Média= 39,9 anos; Dp= 9,6). Utilizou-se um questionário informatizado com recurso ao programa formulários do Google com questões de caracterização sociodemográfica, uma adaptação da escala de necessidades de formação em cuidados paliativos, (Candeias 2009), a Escala de coping (Carver, 1997) validada para a população portuguesa por Pais Ribeiro & Rodrigues (2004) e a Escala de Esperança (do futuro) de (Snyder, 1991) validada para a população portuguesa por Ribeiro, Pedro, & Marques (2006).
Resultados:
Quanto à necessidade de formação em CPP, 39,2% dos profissionais admitem uma necessidade moderada, 32,4% alta necessidade e 28,4% baixa necessidade. Apenas 10,8% já fizeram formação na área. Ter formação em CPP assumiu-se como a única variável que interferiu nas necessidades de formação dos profissionais em CPP, revelando-se que aqueles que já tiveram formação em CPP manifestam mais necessidades de formação (reconhecimento da necessidade de desenvolvimento de competências em CPP p=0,012). As variáveis preditoras da conceção dos CPP são o planear e o desinvestimento comportamental; as variáveis preditoras dos aspetos emocionais no cuidar são a utilização do suporte social emocional e a religião; a variável preditora do trabalho em equipa é a autoculpabilização; as variáveis preditoras do reconhecimento da necessidade de desenvolvimento de competências em CPP são a motivação para trabalhar diretamente com crianças, com necessidade paliativas e suas famílias e o uso de substâncias (medicamentos/álcool).
Conclusão:
Recomenda-se que todos os serviços de pediatria possuam profissionais, com um nível básico de formação para atender às necessidades específicas das crianças com DCC limitante ou ameaçadora de vida e família. Constatou-se no estudo, que os profissionais possuem pouca formação o que tem impacto na qualidade de prestação de cuidados e na satisfação profissional, e reconhecem áreas específicas para o desenvolvimento de competências
Background:
Caring for children with life-limiting or life-threatening, complex chronic disease (CCD) is a challenging task, due to the child's developmental stages, associated ethical dilemmas and lack of professional training. Training and education are indispensable for the decision making of the health care provided to the child / family in this condition.
Objectives:
Identify the training needs of professionals in CPP; to determine their coping strategies, to care for children with life-limiting or life-threatening CCD; identify their profile of hope and analyze the influence of sociodemographic, professional variables and coping and hope strategies on CPP training needs.
Methodology:
A quantitative, cross-sectional, descriptive and correlational study carried out on a nonprobabilistic sample of 102 health professionals, 92.2% female, 64 nurses, 29 pediatric physicians, 6 social workers and 3 psychologists to perform functions in a unit public hospital in the central region of Portugal, aged between 25 and 63 years (mean = 39.9 years, Dp = 9.6). A computerized questionnaire was used using the Google Forms Program with sociodemographic characterization questions, an adaptation of the scale of training needs in palliative care, (Candeias 2009), the coping scale (Carver, 1997) validated for the Portuguese population by Pais Ribeiro & Rodrigues (2004) and the (future) Scale of Hope (Snyder, 1991) validated for the Portuguese population by Ribeiro, Pedro, & Marques (2006).
Results:
Regarding the need for Pediatric Palliative Care (PPC) education, 39.2% of professionals admit a moderate need, 32.4% high need and 28.4% low need. Only 10.8% of the healthcare professionals had education in the area. Having PPC education was the only variable that interfered with the educational needs of professionals, with healthcare professionals who have already had PPC education, those who manifest more educational needs (recognition of the need to develop competencies in PPC p = 0.012). The predictive variables of “PPC conception” are planning and behavioral divestment, dimensions of coping strategies; the variables that predict the “emotional aspects of caring” are the use of emotional social support and religion, dimensions of coping strategies; the predictive variable of “teamwork” is self-blame; the predictive variables of the recognition of the “need to develop competencies in PPC” are the motivation to work directly with children, with palliative needs and their families and the use of substances (drugs / alcohol).
Conclusion:
It is recommended that all pediatric services have professionals with a basic level of education to meet the specific needs of children with life-limiting or life-threatening CCD. It was observed in the study that the professionals have little training which has an impact on the quality of care and professional satisfaction, and recognize specific areas for the development of competencies.