Reabilitação respiratória no idoso pós-cirurgia ortopédica

Publication year: 2019

Com a melhoria dos processos terapêuticos e socioeconómicos assiste-se a uma rápida transição demográfica, refletindo-se num aumento da esperança de vida, mas também num exponencial aumento de pessoas idosas com doenças crónicas e consequentemente em situação de dependência. Em Portugal, os indivíduos com mais de 65 anos representam cerca de 20% de toda a população, o que tem óbvias implicações na saúde respiratória. A elevada prevalência da patologia respiratória surge como uma das doenças crónicas mais influentes na dependência nos idosos. Para além disto, nos serviços de internamento hospitalar, a cirurgia ortopédica representa taxas de ocupação mais elevada nos indivíduos com mais de 65 anos. As cirurgias implicam restrição de mobilidade e desta advém a dependência e a dispneia nos autocuidados. A Reabilitação Respiratória é por isso crucial. O presente estudo tem como objetivo principal avaliar o efeito de um programa de reabilitação respiratória no idoso com comorbilidade respiratória pós-cirurgia ortopédica.

Método:

Estudo quantitativo, quase-experimental, longitudinal, de grupo único. A amostra foi constituída por 30 (n=30) utentes com idade compreendida entre 65 e 84 anos, intervencionados cirurgicamente à anca ou joelho, obtiveram-se aleatoriamente 15 utentes de cada tipo de intervenção. O programa de reabilitação respiratória decorreu durante 4 semanas. Avaliou-se o impacto da dependência e da dispneia nos autocuidados: banho, mobilidade, subir e descer escadas e vestir através do Índice de Barthel e da Escala Modificada de Borg, respetivamente.

Resultados:

Não se evidenciaram relações estaticamente significativas entre o grau de independência e o grau de dispneia com as variáveis género, habilitações literárias, estado civil, diagnóstico, IMC, complicações pós-operatórias, medicação, destino da alta e tempo de restrição de mobilidade. Relativamente ao grau de dependência e de dispneia verificou-se regressão à medida que o programa de reabilitação respiratória progredia, constatando-se uma evolução positiva desde a primeira à quarta avaliação. Na primeira avaliação verificou-se um grau grave de dependência (M=57,33) evoluindo para um grau de muito leve dependência na quarta avaliação após o programa de reabilitação respiratória (M=96,83), pelo que podemos concluir que o programa contribuiu para a regressão da dependência e melhorou a capacidade para a realização dos autocuidados banho, mobilidade, subir/descer escadas e vestir. No que se refere ao grau de dispneia, verificam-se diferenças estatisticamente significativas após aplicação do programa.

Conclusão:

A implementação do programa de reabilitação respiratória pós-cirurgia, pelo Enfermeiro de Reabilitação, revelou benefícios, com diminuição do grau de dependência nomeadamente para os autocuidados banho, mobilidade, subir e descer escadas e vestir e ainda efeito positivo na regressão do grau de dispneia, verificando-se diferenças estatisticamente significativas quer nos utentes submetidos a cirurgia à anca ou ao joelho. No entanto, é crucial a realização de mais estudos neste âmbito, de forma a comprovar a efetividade do papel da enfermagem de reabilitação respiratória na prática clínica.
With the improvement of therapeutic and socio-economic processes, there is a rapid demographic transition, reflected in an increase in life expectancy, but also in an exponential increase in the number of elderly people with chronic diseases and consequently in a situation of dependency. In Portugal, individuals over 65 represent about 20% of the entire population, which has obvious implications for respiratory health. The high prevalence of respiratory pathology emerges as one of the most influent chronic diseases in the elderly. In addition, in hospital inpatient services, orthopedic surgery represents higher occupancy rates in individuals over 65 years of age. Surgeries imply mobility restriction and from this comes dependence and dyspnea on self-care. Respiratory Rehabilitation is therefore crucial. The present study has as main objective to evaluate the effect of a program of respiratory rehabilitation in the elderly after orthopedic surgery.

Method:

Quantitative, quasi-experimental, longitudinal, single group study. The sample consisted of 30 (n = 30) patients aged between 65 and 84 years, surgically operated on the hip or knee, 15 patients (n = 15) were randomly assigned to each type of intervention. The sample participated in the respiratory rehabilitation program for 4 weeks. The impact of dependence and dyspnea was evaluated through the Barthel Index and the Modified Borg Scale, respectively, namely for self-care: bathing, mobility, climbing and descending stairs and dressing.

Results:

There were no statistically significant relationships between the degree of independence and the degree of dyspnea with sociodemographic variables (gender, literacy, marital status) and clinical variables (diagnosis, BMI, postoperative complications, medication, discharge and time of mobility restriction). The results indicated contributions from the respiratory rehabilitation program in the regression of the degree of dependence and of dyspnea, both the degree of dependence and the degree of dyspnea were reverted as the respiratory rehabilitation program progressed, denoting a greater difference of values between the first and fourth evaluation. The Barthel Index presented a severe degree of dependence (M = 57.33) in the first evaluation, for a very mild degree of dependence in the fourth evaluation after the respiratory rehabilitation program (M = 96.83). The program regains dependency, improves the capacity for self-care (bathing, mobility, climbing / descending stairs and dressing). After the program, statistically significant values are outlined in all assessments of the degree of dyspnea for these self-care.

Conclusion:

The implementation of the postoperative respiratory rehabilitation program, by the Rehabilitation Nurse, revealed benefits, with a decrease in the degree of dependence namely for self-care bathing, mobility, climbing and descending stairs and dressing, and still positive effect in the regression of the degree of dyspnea, with statistically significant differences. However, it is crucial to carry out further studies in this field, in order to prove the effectiveness of the role of respiratory rehabilitation nursing in clinical practice.