Incontinência urinária após AVC: contributos da enfermagem de reabilitação
Publication year: 2019
A incontinência urinária é uma situação muito comum nos doentes com AVC, uma vez que, aproximadamente metade dos doentes apresenta esta complicação aquando do internamento e, um terço desses mantém-na após um ano. A sua persistência pode afetar significativamente a autoestima e a qualidade de vida da pessoa, sendo a Enfermagem de Reabilitação crucial para a minimização do impacto do AVC e da incontinência urinária na pessoa acometida. O presente estudo tem como finalidade contribuir para a visibilidade da intervenção do enfermeiro de reabilitação, de forma específica na gestão da incontinência urinária e tem como objetivo principal avaliar o efeito de um programa de reabilitação na gestão da incontinência urinária na mulher após AVC.
Método:
Estudo quantitativo, quási-experimental, longitudinal. A amostra foi constituída por mulheres (n=30) com idade compreendida entre 45 e 90 anos, com diagnóstico de incontinência urinária após a ocorrência de AVC, divididas em dois grupos: grupo experimental (n=15) e grupo de controlo (n=15). Apenas às mulheres pertencentes ao grupo experimental foi aplicado um programa de reabilitação funcional durante 4 semanas, tendo-se avaliado, antes e depois da intervenção, o impacto da incontinência urinária na sua vida, através da Escala ICIQ-SF, e o nível de confiança no uso da musculatura do pavimento pélvico através da Escala de Autoeficácia de Broome.Resultados:
As variáveis sociodemográficas (idade, estado civil, nível de escolaridade e IMC) e clínicas (tipo e localização do AVC, presença de antecedentes pessoais, intervalo de tempo entre a ocorrência de AVC e o internamento na UC e défices acometidos após AVC não interferem no impacto da IU na vida da pessoa ou no nível de confiança no uso dos músculos do pavimento pélvico. Verificamos correlações estaticamente significativas entre o grau de incapacidade funcional (MIF) e o impacto da incontinência urinária (r=-0,499; p=0,005), bem como entre o grau de incapacidade funcional e a autoconfiança urinária (r=0,368; p=0,045). Observamos resultados positivos e significativos no grupo experimental, após a realização do programa de reabilitação, ao nível da diminuição da frequência urinária (t=6,985, p=0,000), diminuição da quantidade de perdas de urina (Z=-2,762, p=0,006), aumento do nível de confiança na realização de atividades diárias sem que tivessem ocorrido perdas de urina (t=-7,153, p=0,000) e aumento do nível de confiança sobre a contração dos músculos do pavimento pélvico como prevenção de perdas involuntárias (t=-10,939, p=0,000).Conclusão:
O programa de reabilitação funcional, composto por modificações comportamentais e sessões individuais de exercícios de reabilitação específicos para a incontinência urinária, teve um efeito positivo na diminuição da frequência e quantidade de perdas de urina, na autoconfiança para a realização das atividades diárias e na contração dos músculos do pavimento pélvico sem que ocorram perdas de urina. É muito importante e crucial a realização de mais estudos neste âmbito, de forma a comprovar a relevância dos programas de Enfermagem de Reabilitação na resolução das necessidades dos doentes, nesta área.
urinary incontinence is a common condition in stroke patient since approximately half the stroke patients experience this complication when they’re admitted and a third of these still experience it a year later. Its prevalence can greatly affect the patient’s self-esteem and quality of life and nursing in rehabilitation is crucial to minimize the impact of the stroke and urinary incontinence on the affected person. The present study aims to contribute to the visibility of the intervention of the rehabilitation nurse, specifically in the management of urinary incontinence and has as main objective to evaluate the effect of a rehabilitation program in the management of urinary incontinence on the woman affected by a stroke.