Excesso de peso em idade pré-escolar: a influência da literacia em saúde do cuidador

Publication year: 2019

A Obesidade infantil é considerada um grave problema de saúde pública, com várias consequências para as crianças. Pelos riscos e pelas repercussões que continuará a implicar na idade adulta, torna-se indispensável a intervenção precoce junto das crianças e famílias, com vista à sua capacitação e obtenção de ganhos em saúde. Uma das estratégias capazes de envolver vários Determinantes Sociais da Saúde (DSS), passa por promover o aumento dos níveis de literacia para a saúde (LS) dos cuidadores, apoiandoos e capacitando-os para o desempenho do papel.

Objetivos:

Analisar a relação entre o nível de LS da mãe e a prevalência de excesso de peso da criança em idade pré-escolar das crianças da coorte de 2013, numa Unidade de Saúde Familiar (USF) do ACeS Cávado I; avaliar a associação entre caraterísticas sociodemográficas, clínicas e de estilos de vida das crianças e das mães, e o Índice de Massa Corporal (IMC) das crianças na coorte de 2013, numa USF do ACeS Cávado I e avaliar a relação entre o IMC das crianças e o IMC das mães.

Opções metodológicas:

Estudo transversal, exploratório, descritivo-correlacional, realizado numa amostra não probabilística de voluntários com 94 crianças com idades entre os 56 e 69 meses de idade e respetivas mães. A idade média das mães foi de 36,71±4,83 anos. Para a recolha dos dados, utilizou-se um questionário sociodemográfico e o questionário “Conhecimento dos Pais sobre Alimentação Infantil (QAI)” de Aparício [et al.] (2012). A avaliação antropométrica das crianças e das mães foi realizada no âmbito da consulta de saúde infantil da USF.

Resultados:

Na amostra 71,3% das crianças eram normo-ponderais, 6,4% tinham baixo peso e 22,3% apresentavam sobrepeso, com valores de 10,6% de excesso de peso e 11,7% de obesidade. A prevalência de mães com sobrepeso foi de 36,2%. Relativamente aos conhecimentos sobre alimentação infantil, 22,3% das mães apresentavam conhecimentos suficientes, seguida por 34,0% com um nível de conhecimentos bom e, 43,6% apresentavam conhecimentos insuficientes. Encontrou-se correlação positiva estatisticamente significativa entre o desenvolvimento estato-ponderal das crianças e o IMC materno [antes da gravidez (rs = 0,0291, p = 0,004) e atualmente (rs = 0,0331, p = iii 0,001)]; correlação negativa estatisticamente significativa entre o IMC da criança e a escolaridade materna (rs = -0,333, p = 0,001); e a leitura dos rótulos alimentares (Χ2 (2) = 10,98, p = 0,004) por parte da mãe; verificou-se correlação baixa e negativa entre os conhecimentos da mãe sobre a Variedade e diversidade do padrão alimentar (fator 4) e o desenvolvimento ponderal das crianças (rs = -0,226, p = 0,028). Observou-se ainda uma correlação bordline, negativa e baixa, entre o fator Crenças Alimentares Familiares e o IMC da Criança (rs = -0,203, p = 0,050). Não se observaram outras correlações.

Conclusões:

Os pais desempenham um papel significativo em influenciar a saúde e o desenvolvimento ponderal dos seus filhos. Promover o aumento da LS, de forma a capacitar os pais a desenvolver os seus conhecimentos, habilidades e confiança em relação à criança, à saúde e ao desenvolvimento é uma relevante estratégia de saúde pública,
Child Obesity is considered a serious public health problem. Due to the risks and repercussions in adulthood, it is essential to provide early intervention in children and families, in order to enpower them to obtain health gains. One possibe strategies involving several SHD´s is to increase caregivers’ health literacy levels by supporting and empowering them.

Objectives:

To evaluate the association between the mother's health literacy and children BMI in a cohort of 2013 in a family health unity of ACeS Cávado I; to evaluate the association between sociodemographic and clinical characteristics and lifestyle of children and their mothers and to children’s BMI in that cohort; to evaluate the association between the children and their mothers BMI.

Methods:

A cross-sectional, exploratory, descriptive-correlational study was carried out on a nonprobabilistic sample of volunteers with 94 children aged 56-69 months and their respective mothers. The average age of the mothers was 36.71 ± 4.83 years. A sociodemographic questionnaire and the questionnaire "Parents' Knowledge on Infant Feeding (QAI)", by Aparício [et al.] (2012), were used to collect the data. The anthropometric evaluation of children and mothers were carried out within the framework of the Children's health consultation of the Family Health Unit.

Results:

In the sample, 71.3% of the children were normoponderal, 6.4% were underweight and 22.3% were overweight, with values of 10.6% overweight and 11.7% % of obesity. The prevalence of overweight mothers was 36.2%. Concerning the knowledge about the infant feeding, 22,3% of mothers had sufficient knowledge, followed by 34.0% of mothers with a good level of knowledge; yet 43,6% of the mothers had insufficient knowledge. There was a statistically significant positive correlation between the maternal-infant development and maternal BMI [before pregnancy (rs = 0.0291, p = 0.004) and currently (rs = 0.0331, p = 0.001)]; statistically significant negative correlation between the child's BMI and maternal schooling (rs = -0.333, p = 0.001); and the reading of the food labels (Χ2 (2) = 10.98, p = 0.004) by the mother; it was found low and negative correlation between the mother's knowledge about the variety v and diversity of the eating pattern (factor 4) and the children's weight development (rs = -0.226, p = 0.028). There was also a negative and low bordline correlation between the Family Eating Beliefs factor and the child's BMI (rs = -0.203, p = 0.050). No other correlations were found.

Conclusions:

Parents play a significant role in influencing the health and weight development of their children. A relevant public health strategy may go through the increase of parents’ health literacy, improving their knowledge, skills and confidence.