Tradução e validação da escala Integrated Palliatice Care Autcome Scale - Renal (IPOS-renal) para Portugal
Publication year: 2019
A carga de sintomas presente na doença renal crónica avançada é significativa, mas pouco valorizada pelos profissionais de saúde. A Escala IPOS-renal foi desenvolvida a partir de outros instrumentos de medição já existentes e validados para a população portuguesa, para identificar a carga sintomática e outras preocupações comuns nesta doença. O estudo teve por objetivo traduzir e validar a Escala Integrated Palliative care Outcome Scale - symptom renal (IPOS-renal). Para tal, foi construída uma amostra aleatória, estratificada, composta por 134 doentes adultos com doença renal crónica avançada, em hemodiálise há mais de um ano, a realizarem tratamento num hospital e em clínicas de hemodiálise, na região norte do país. Após sujeição ao processo de tradução e retroversão, foi aplicada a versão português juntamente com outros instrumentos já validados (ESAS-r e SF-36v2) e, posteriormente, para análise da fiabilidade teste-reteste, foi aplicado, novamente, o instrumento IPOS-renal, quinze dias após a primeira avaliação. Foi testada a validade convergente da versão ‘doente’ do IPOS-renal, analisando a sua relação com a Escala de avaliação de sintomas de Edmonton-revista e o Questionário de estado de Saúde SF-36v2. Dos 134 doentes, 56,7% eram do sexo masculino e o grupo etário mais representativo foi o dos 70 - 79 anos). Relativamente aos sintomas físicos, observou-se que o sintoma com maior prevalência foi a dor (24,6%), seguido pela diminuição da mobilidade (23,8%) e pouco apetite (23,1%). O instrumento apresentou estabilidade temporal, na medida em que todos os itens apresentam associações positivas, moderadas a fortes (todos rs > 0,68) entre a primeira e a segunda avaliação, bem como uma boa consistência interna (α = 0,768). Relativamente à validade convergente, verificaram-se correlações positivas e estatisticamente significativas, moderadas a elevadas, entre itens do IPOS-renal e itens correspondentes na ESAS-r (rs entre 0,509 e 0,812, sig < 0,001). Por fim, foram encontradas associações negativas estatisticamente significativas entre a pontuação total do IPOS-renal e as medidas compósitas relativas à qualidade de vida física e mental. O IPOS-renal, na versão ‘doente’, apresentou uma boa fiabilidade teste-reteste, consistência interna e validade convergente, em doentes em hemodiálise, pelo que recomendamos o seu uso na avaliação de sintomas nesta população.
The Integrated Palliative Outcome Score (IPOS)-renal survey was developed from already established evaluation tools and validated for the Portuguese population, to identify the symptomatic load and other ubiquitous consequences of this disease. The study aimed at translating and validating the Integrated Palliative care Outcome Scale -renal (IPOS-Renal) survey. To this end, a stratified random sample was generated, composed by 134 adult patients with advanced renal disease and ongoing haemodialysis treatment for more than a year, in the North region of the country. After subjected to the translation and retroversion, the Portuguese version was applied, along with other already validated instruments (ESAS-r and SF-36v2) and, subsequently, in order to analyse test-retest reliability, the IPOS-renal survey was re-applied, 15 days after the first evaluation. The convergent validity of the patient version IPOS-renal test was evaluated in relation with the revised Edmonton Symptom Assessment Scale (ESAS) and the Health Status Questionnaire SF-36v2. Of the 134 patients, 56,7% were male and the age group more representative was between 74-79 years old. Regarding physical symptoms, pain was the higher scoring symptom (24,6%), followed by decrease in mobility (23,8%) and poor appetite (23,1%). The IPOS-renal tool demonstrated temporal stability since positive associations, moderate or strong (all rs > 0,68), and internal consistency (α = 0,774) were established for all items between the 1st and 2nd evaluations. Regarding convergent validity, significant positive correlations, moderate to strong, were determined between IPOS-renal and the corresponding ESAS items (0,509 > rs < 0,812, sig < 0,001). Finally, significant negative associations were observed between IPOS-renal total score and the measurements regarding the patients physical and mental quality of life. The patient version of the IPOS-renal demonstrated a good test-retest reliability, internal consistency and convergent validity when applied to patients undergoing haemodialysis treatment, therefore we highly recommend its application in assessing symptoms in patients with a corresponding profile.