Empoderamento da pessoa com diabetes tipo 2: avaliação de um programa
Publication year: 2019
A Diabetes Mellitus (DM) é uma emergência global de saúde pública e de políticas de saúde (Boavida, 2016), com forte impacto na vida das pessoas diagnosticadas/ famílias, comunidades e sistemas de saúde (Internacional Diabetes Federation |IDF|, 2017). Torna-se imperioso o desenvolvimento de estratégias de educação terapêutica estruturadas com (e não para) as pessoas com DM e família tendo em vista a promoção da autogestão da patologia, aumentando a autonomia e autocontrolo sobre a sua saúde. O presente estudo de investigação pretende analisar os ganhos em saúde decorrentes da educação terapêutica em grupo, ao nível da autoeficácia, conhecimento, qualidade de vida relacionada com a saúde e de indicadores clínicos das pessoas com DM tipo 2, partindo da realidade da comunidade. Trata-se de um estudo “quasi experimental”, longitudinal e prospetivo. A amostra é constituída por 34 pessoas com DM tipo 2, alvo de um programa de educação psicoterapêutica “Juntos é Mais Fácil”.
Foram utilizados 4 instrumentos:
Questionário de caracterização sociodemográfica e clínica; Escala de Conhecimentos da Diabetes (Diabetes Knowledge Test- DKT; Diabetes Empowerment Scale- versão breve (DES-SF) e Questionário de Avaliação de Ganhos em Saúde (EQ-5D- 5L). A amostra maioritariamente masculina (58,8%), com idade média ± desvio padrão (dp) de 61,9 ± 7,4 anos, variando entre os 46 e 69 anos, baixa escolaridade (82,4% até ensino básico), submetido a antidiabéticos orais (76,5%), refere patologias associadas (91,2%), não cumpre/cumpre às vezes a dieta (67,6 %) e não pratica exercício (58,8%). Após a intervenção psicoterapêutica observam-se melhorias estatisticamente significativas no grupo experimental ao nível das variáveis: DKT (teste t-student= 6,648, p-value <0,001); IMC (teste t-student= 3,405, p-value= 0,004); HbA1c (teste Wilcoxon= -3,059, p-value= 0,002); perímetro da cintura (teste t-student= 3,034, p-value=0,008) e pressão arterial mínima (teste t-student= 2,695, p-value= 0,016). Neste grupo verificam-se melhorias ao nível da autoeficácia percebida (valor médio ± dp inicial de 75,55±24,09 e final de 78,31±18,50) e do índice global do EQ-5D-5L (pontuação média prévia de 83,8±15,7 e final de 85,0± 18,7), embora não estatisticamente significativas. No grupo de controlo não são observáveis diferenças estatisticamente significativas em nenhuma das variáveis em análise, no mesmo período de análise. As conclusões permitem evidenciar que a participação no programa de educação psicoterapêutica em análise, com recurso a estratégias individuais e de grupo, entrevistas motivacionais e envolvimento dos pares numa lógica de (co)criação, tem conduzido a ganhos em saúde aos diversos níveis.
Diabetes Mellitus (DM) is a global public and political health emergency (Boavida, 2016), with a strong impact on the lives of those diagnosed, their families, communities and healthcare systems (International Diabetes Federation | IDF |, 2017). It is imperative to develop strategies for therapeutic education structured with (and not for) people with DM and their family with a view in promoting pathology self-management, increasing autonomy and self-control of their health. This research study aims to analyse the health gains from group therapy education, in terms of self-efficacy, knowledge, health-related quality of life and clinical indicators of people with type 2 DM, based on the community’s reality. It is a “quasi experimental”, longitudinal and prospective study. The sample consists of 34 people with type 2 DM, part of a psychotherapeutic education program “Juntos é Mais Fácil”.