Avaliação da vulnerabilidade social e da funcionalidade familiar de idosos com sintomas depressivos
Social vunerability and family functioning of older people with depressive symptoms
Publication year: 2013
A depressão pode ser responsável por perda da autonomia e agravamento de quadros mórbidos preexistentes em idosos. Em geral está associada ao aumento da morbidade e da mortalidade. Também eleva a utilização dos serviços de saúde e gera negligência no autocuidado e adesão reduzida ao projeto terapêutico. Seu diagnóstico e tratamento são bastante complexos, pois seus sinais e sintomas são pouco valorizados ou até mesmo confundidos com manifestações de outras doenças. Este estudo teve como objetivo avaliar a associação entre sintomas depressivos em idosos, vulnerabilidade social da família e funcionalidade familiar. Estudo analítico, observacional, do tipo caso-controle, realizado em 34 unidades da Estratégia Saúde da Família de Dourados, MS. A amostra foi composta por 187 idosos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos, que apresentaram sintomas depressivos avaliados pela Escala de Depressão Geriátrica (casos) e 187 controles. As entrevistas foram realizadas no período de novembro de 2012 e março de 2013, sendo utilizados os seguintes instrumentos: formulário para caracterização sociodemográfica, Escala de Depressão Geriátrica de 15 itens, Apgar de Família e Índice de Desenvolvimento da Família. Verificou-se que maioria dos idosos era do sexo feminino, com idade média de 71,8 anos, casados, com média de 2,64 anos de estudo. A prevalência de sintomas depressivos foi de 41,5%. Quanto à vulnerabilidade social, 50,0% das famílias encontrava-se em situação de vulnerabilidade considerada grave. As dimensões mais comprometidas foram o avesso ao conhecimento e ao trabalho. Entretanto, não houve associação significativa entre os sintomas depressivos e a vulnerabilidade social. Quanto à funcionalidade familiar, 13,4% das famílias apresentava disfunção familiar severa.Observou-se associação entre os sintomas depressivos e a disfuncionalidade familiar moderada e elevada (OR = 5,36; 95% IC = 3,03-9,50; p=< 0,001). Também se mostraram associados à presença de sintomas depressivos o sexo feminino (OR = 1,87; 95% IC = 1,15-3,04; p = 0,012), a presença de quatro e mais pessoas residindo no mesmo domicílio (OR = 2,26; 95% IC = 1,34-3,82; p = 0,002) e a ausência de atividade física (OR = 1,67; 95% IC = 1,00-2,82; P=0,055). Os resultados indicam que a família funcional contribui significativamente para a redução dos sintomas dos sintomas, uma vez que representa um ambiente de conforto e assegura o bem-estar afetivo e material. Por outro lado, a família disfuncional, em que a organização e o funcionamento estão comprometidos, tem dificuldade para atender as necessidades emocionais do idoso. Ressalta-se a importância da utilização do instrumento Apgar de família pelos profissionais da ESF com o intuito de avaliar as relações familiares na assistência ao idoso.
Depressive symptoms in old age are a disorder that interferes with quality of life, social relationships and the ability to self-care. Family social vulnerability can influence health disorders, since poverty conditions make impossible to meet the basic needs of its members. The family dysfunction also causes its members detachment, interfering in the relationship between the elderly and the relatives. This study aimed to evaluate the association between the presence of depressive symptoms in the elderly, the social vulnerability of the family and family functioning. Analytical, observational, case-control, conducted in 33 units of the Family Health Strategy (FHS) in Dourados, MS. The sample consisted of 374 elderly of both sexes, aged 60 years or more, who showed depressive symptoms measured by the Geriatric Depression Scale, 187 cases and 187 controls. The interviews were conducted from November 2012 to March 2013, and the following instruments were used: form for sociodemographics, Geriatric Depression Scale 15 items, Family Apgar and Family Development Index. It was found that most seniors were female with a mean age of 71.8 years. The prevalence of depressive symptoms was 41.5 % and most of the older people with depressive symptoms lived without a partner. Regarding social vulnerability, 50.0% of families find themselves in vulnerable situations considered serious.The most affected dimensions were access to knowledge and labor. There was no significant association between depressive symptoms and social vulnerability. Regarding the family functionality, 23.8% of households had moderate and high dysfunction. It was found an association between depressive symptoms and family dysfunction moderate and high (OR = 5.36, 95% CI = 3.03 to 9.50, p = < 0.001). The female sex was also associated with the presence of depressive symptoms (OR = 1.87, 95 % CI = 1.15 to 3.04, p = 0.012), as well as the presence of four or more persons residing in the same household (OR = 2.26, 95% CI = 1.34 to 3.82, p = 0.002) and lack of physical activity (OR = 1.67, 95% CI = 1.00 to 2.82, p = 0.055). A functional family may represent effective support for older people with depressive symptoms, as it offers an environment of comfort that ensures the wellbeing of its members. A dysfunctional family can hardly provide the necessary care for the elderly, which can exacerbate depressive symptoms. The importance of using Family Apgar by FHS professionals is stressed in order to assess family relationships in the elderly care.