A Comunicação de más notícias numa unidade de cuidados continuados integrados

Publication year: 2019

Comunicar é parte integrante da vida, é uma partilha do que somos e do que idealizamos ser. Envolve troca de informações e utiliza sistemas simbólicos como suporte para este fim. A habilidade para estabelecer uma boa comunicação é parte essencial em todas as áreas dos cuidados de saúde.

Para existir uma boa comunicação é necessário:

criar relações, dar valor à outra pessoa, reduzir o isolamento, recolher informações, transmitir informações, permitir a expressão de sentimentos, reduzir a incerteza. Pensamos muitas vezes que comunicar é apenas transmitir a nossa mensagem, a verdade é que ouvir é tão importante quanto falar, sobretudo em áreas como a saúde. O reconhecimento destes aspectos, assume especial relevância quando se trata de comunicar uma má notícia, considerada uma das tarefas mais difíceis e complexas que os profissionais de saúde têm que enfrentar no contexto das relações interpessoais com o doente/família. Neste contexto surge este estudo que tem como principal objectivo conhecer a perspectiva do Enfermeiro de uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados face á comunicação de más notícias, de modo a suscitar nos profissionais de saúde a necessidade de desenvolvimento de competências nesta área e contribuir para uma melhor intervenção a este nível.

Metodologia:

O estudo insere-se num paradigma qualitativo, de natureza descritiva e exploratória. A estratégia de recolha de dados foi a entrevista semiestruturada dirigida a Enfermeiros de uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados na zona norte do país. A análise de conteúdo segundo Bardin (2008) foi a técnica utilizada para o tratamento de dados.

Principais resultados:

Os resultados obtidos através da análise dos discursos dos enfermeiros que participaram neste estudo permitiram-nos concluir que estes consideram que uma má notícia é uma informação desagradável, que tem um impacto emocional no doente e nas actividades quotidianas e informação de uma condição diferente. São tipos de más notícias a morte, doença grave, agudização da situação clínica e a perda de autonomia. A comunicação de más notícias gera nos enfermeiros sentimentos como tristeza, ansiedade, angustia, medo, insegurança ou frustração. Várias foram as estratégias referidas pelos profissionais para facilitar a comunicação de más notícias, destacando-se a necessidade de criar empatia, ser objectivo e utilizar um tom calmo. Como factores que interferem no processo de comunicação de más notícias foram referidos, factores relacionados com o modo de comunicação, com a situação de doença, com o doente/família e com o próprio profissional. A existência de formação contínua na área e reuniões com os familiares foram sugestões apresentadas para melhorar a comunicação de más notícias.
Communicating is a integrating part of life, it is a share of what we are and of what we see ourselves as. Involves an exchange of informations and uses symbolic systems as a support for that end. The ability for establishing a good communication is an essential part in all health care areas. For a good communication to exist it’s necessary: create relations, give value to other person, reduce isolation, collect informations, transmit informations, allow feelings expression, reduce uncertainty. We think many times that communicating is just transmitting our message, the truth is that listening is as important as speaking, especially in areas as health. The acknowledge of this aspects, takes on special relevance when it comes to communicating a bad news, considered one of the most hard and complex that the health professionals have to deal with in the context of interpersonal relations with the patient/family. In this context comes up this study that has as primary objective knowing the Nurse of a Integrated Continued Care Unit perspective facing the communication of bad news, in a way that it will raise in the health professionals the need to develop skills in this areas and contribute to a better intervention to this level.

Methodology:

The study inserts in a qualitative paradigm, of descriptive and exploratory nature, being the direct care to the patient prestating nurses in an Integrated Continued Care Unit in the north area of the country, for at least a year, the target population, excluding the nurses that are on prolonged license situation when the data was collected. For the data collection we used the interview.

Principal Results:

The results obtained through the analysis of the speech of the nurses who participated in this study allow us to conclude that they consider that a bad news is an unpleasant information, that as an emotional impact on the patient and in the daily activities and an information of a different condition. Bad news types are death, serious illness, worsening of clinic situation and loss of autonomy. The communication of bad news generates on the nurses feelings like sadness, anxiety, anguish, fear, insecurity or frustration. Several are the strategies referred by the professionals to ease the communication of bad news, highlighting the need to create empathy, being objective and using a calm tone. As factors that interfere in the process of communication of bad news were referred, factors related to the way of communicating, with the disease situation, with the patient/family and with the professional himself. The existence of continuous formation in the area and reunions with the family members is some of the suggestions presented to improve the communication of bad news.