Reabilitação funcional no doente com insuficiência cardíaca descompensada

Publication year: 2014

A insuficiência cardíaca caracteriza se, do ponto de vista funcional, como uma patologia que provoca limitação na realização das atividades de vida diária e consequente perda de autonomia funcional e instrumental, devido aos seus sintomas clássicos como a dispneia, edemas, cansaço fácil e intolerância à atividade. Esta sintomatologia leva a que o doente se torne progressivamente dependente e procure a inatividade como forma de preservar energia e evitar os sintomas. Sabe se atualmente que o exercício físico é benéfico e seguro quando aplicado de acordo com as características do doente e a sua condição clínica, mesmo em fase de estabilização da fase aguda da sua patologia.

Metodologia:

Através do método exploratório, foram identificadas as variáveis clinicas e fisiológicas, que se alteram com a realização de exercício físico e quais as que potenciam uma melhor resposta ao mesmo, em fase aguda da patologia. Foram selecionados doentes que cumpriram um mínimo de 3 sessões de um programa de exercício físico, com níveis crescentes de intensidade, aplicado aos doentes com insuficiência cardíaca descompensada do serviço de Cardiologia do Hospital de Stº António. Foram avaliados sinais vitais, perceção subjetiva de esforço; índice de Barthel e dispneia associada às atividades de vida diária através da escala London Chest Activity Daily Living.

Resultados:

O estudo envolveu 20 doentes com internamento compreendido entre Setembro de 2013 e Abril de 2014. A média de idades foi de 64 anos (±9,9) com 80% de homens. No início do programa os doentes apresentam uma média de score LCADL de 29,9, tendo diminuído para 20,9 no final, com uma média de 4,4 sessões. A média de dias de internamento foi de 18,6 dias. Relativamente aos parâmetros de execução do EF, nomeadamente nº de voltas na pedaleira, nº de metros percorridos e nº de degraus verificou se uma variação positiva, assim como variação negativa de Borg pós EF, o que significa que os doentes melhoram a sua CF ao longo do programa apesar de estarem em fase aguda da IC. A análise descritiva e inferencial dos dados permite-nos concluir que os doentes com prática previa de EF, FC basal mais baixa, saturação de oxigénio mais elevada, menor número de FRCV associados apresentam uma melhor resposta ao EF, com melhor evolução ao longo do programa.
Heart failure is characterized, from a functional point of view, as a pathology that causes limitations in carrying out the activities of daily life and consequent loss of functional and instrumental autonomy, due to its classic symptoms such as; dyspnea, edema, easy tiredness and intolerance towards activity. These symptoms make the patient become increasingly dependent and search for inactivity as a way to preserve energy and avoid those symptoms. It is known today that exercise is beneficial and safe when applied according to the characteristics of the patient and his medical condition, even in the process of stabilization of the acute phase of its pathology.

Methodology:

Through the exploratory method, variables have been identified, from the clinic and physiologic point of view, that change with exercise and which allow a better response to exercise, in the acute phase of the disease. Patients with decompensated heart failure of the cardiology department of the Santo António Hospital were selected to comply with a minimum of 3 sessions of a program of physical exercise with increasing levels of intensity. Vital signs were evaluated and subjective perception of effort, using the Borg scale; the Barthel index and dyspnea associated with the activities of daily life through the London Chest Activity Daily Living (LCADL) scale.

Results:

The study involved 20 patients with hospitalization between September 2013 and April 2014. The average age was 64 years (± 9.9) with 80% being men. At the beginning of the program patients had an average score of 29.9 LCADL, having fallen to 20.9 in the end, with an average of 4.4 sessions. The average number of days of hospitalization was 18.6 days. With regard to the parameters for the application of exercise, including the number of laps on the Pedal crank training equipment, number of meters travelled, number of steps, the Borg variation and after the exercise, there was a positive variation, meaning that patients improved their functional capacity along the program despite being in acute phase of heart failure. The descriptive and inferential statistics analysis of the data allows us to conclude that patients with previous practice of exercise, lower basal heart rate, higher oxygen saturation, lower number of associated cardiovascular risk factors presented a better response to the exercise and with a better evolution throughout the program.