Paragem cardiorrespiratória no serviço de ortopedia
Publication year: 2016
A Paragem Cardiorrespiratória (PCR) é um evento que pode ocorrer no meio intra-hospitalar, geralmente de forma inesperada. Os enfermeiros, profissionais da equipa multidisciplinar, que se encontram na primeira linha de cuidado à pessoa internada, têm o dever de detetar precocemente a PCR para poderem atuar de forma rápida e eficiente para uma possível reversão do evento crítico. A PCR é um momento que origina elevados níveis de tensão, uma vez que, a sua ocorrência no internamento é pouco frequente o que gera baixos níveis de confiança e destreza na atuação perante a mesma. O objetivo geral do presente estudo consiste em perceber quais as experiências dos enfermeiros, do serviço de Ortopedia de um Hospital Central da Zona Norte, na intervenção face à pessoa em paragem cardiorrespiratória. Mais especificamente pretende-se: identificar os fatores dificultadores e potenciadores na intervenção da equipa de enfermagem, face à pessoa em situação de PCR e identificar que competências são necessárias mobilizar para a intervenção face à pessoa em situação de PCR. Este é um estudo qualitativo de natureza exploratória descritiva, no qual se recorreu à entrevista semiestruturada para realizar a colheita de dados junto de nove enfermeiros que trabalham no serviço de ortopedia de um Hospital Central da Zona Norte. Os discursos obtidos foram submetidos à análise de conteúdo segundo Bardin (2009). Os resultados obtidos mostram que as competências mobilizadas pelos enfermeiros numa situação de PCR se prendem com competências técnico-científicas, capacidade de decisão para a ação, capacidade de controlo das emoções, capacidade física, competências comunicacionais bem como a capacidade de liderança. Como fatores dificultadores da intervenção da equipa de enfermagem face à pessoa com PCR, os enfermeiros identificaram a inexperiência na prática da ressuscitação cardiopulmonar (RCP), a articulação das equipas, o défice de rácios enfermeiro-doente, a utilização do carro de emergência, a gestão do stress, o dilema ético que a RCP envolve e a estrutura física. Como aspetos potenciadores da intervenção da equipa de enfermagem face à pessoa com PCR houve destaque para a formação, a experiência em situações de PCR, a capacidade para a gestão do stress, o trabalho em equipa, a concentração, o rácio adequado enfermeiro-doente e a estrutura organizacional. Na ótica dos enfermeiros estes são os fatores que potenciam a sua intervenção nas situações de PCR. Por fim, os enfermeiros constataram que os fatores quelhes permitiam uma atuação eficaz perante uma pessoa em PCR eram então o conhecimento, o treino, o saber agir, a disponibilidade de materiais e a comunicação. Estes resultados sugerem que é necessário implementar uma política de formação e treino com menos tempo de intervalo para que o conhecimento não se degrade, sugerem ainda que a criação de espaços de reflexam seriam uma mais valia para a equipa de enfermagem e que um programa de estágios periódicos dos profissionais do internamento na equipa de emergência e/ou unidade de cuidados intensivos polivalentes poderia ter vantagens ao nível da experiência para atuação perante pessoas em PCR.
The Cardiopulmonary stop (PCR) is an event that may occur in the intra-hospital environment, often unexpectedly. Nurses, professionals of the multidisciplinary team, which are the first line of care to the hospitalized person, have a duty to detect early PCR in order to act quickly and efficiently to make a possible reversal of the critical event. PCR is a time which gives high levels of tension, since its occurrence is infrequent during hospitalization which generates low levels of confidence and dexterity during such event. The overall objective of this study is to understand what are the experiences of nurses of the Orthopedics Service of a Central Hospital of Northern Zone in intervention against the person in cardiac arrest. More specifically, the aim is to: identify the factors hindering and enhancing the intervention of the nursing team, when faced with the person in a PCR situation and identify what are the skills needed to mobilize for the intervention in the PCR situation. This is a qualitative study of exploratory nature, in which it was used the semi-structured interview to make the data collection with nine nurses working in the orthopedic service of a Central Hospital of the Northern Zone. The records obtained were subjected to content analysis according to Bardin (2009). The results shown demonstrate the skills mobilized by nurses in a PCR situation are related to technical and scientific skills, decision-making capacity for action, ability to control emotions, physical ability, communication skills and leadership ability. As limiting factors of the nursing team intervention against the person with PCR, nurses identified the inexperience in the practice of cardiopulmonary resuscitation (CPR), the articulation of teams, the shortage in nurse-patient ratios, the use of the emergency car, stress management, the ethical dilemma that CPR involves and physical structure. As positive aspects of the nursing team intervention against the person with PCR, there was emphasis on the training, experience in PCR situations, the ability to manage stress, teamwork, concentration, proper nurse-patient ratio and the organizational structure. In the view of nurses these are the factors that enhance their intervention in PCR situations. Finally, the nurses found that the factors that allow them to effectively interact with a person in PCR were the knowledge, training, knowing how to act, the availability of materials and communication.These results suggest that it is necessary to implement training policies with less time interval so that knowledge does not degrade, also, i tis suggested that the creation of reflection spaces would be an asset to the nursing team and a periodical internship program of hospital workers in the emergency team and / or polyvalent intensive care unit could have advantages in terms of experience to interact with people in PCR.