O aleitamento materno e a alimentação infantil entre os indígenas da região oeste do estado de São Paulo: um movimento entre a tradição e interculturalidade
Breastfeeding and infant feeding among indigenous people of the Western Region of the state of São Paulo: a movement between tradition and interculturality
Publication year: 2014
A população indígena brasileira sofre um acelerado e complexo processo de mudanças nos diversos aspectos de sua vida, inclusive quanto à prática de amamentação, à alimentação e ao reflexo no estado nutricional infantil, decorrentes do contato com não indígenas. Diante disso, buscou-se conhecer a prática da amamentação, da alimentação e o estado nutricional de crianças indígenas com até cinco anos de idade, em uma aldeia localizada na região oeste do estado de São Paulo. Realizou-se um estudo etnográfico, segundo os pressupostos teórico e metodológicos de Cliford Geertz 1, com a associação estatística para a descrição do estado nutricional das 24 crianças que atendiam aos critérios do estudo e 31 mulheres, mães e familiares das crianças do estudo, que auxiliavam nos cuidados alimentares das crianças. Os dados objetivos, sobre o estado nutricional infantil, foram coletados em prontuários, por medidas antropométricas das crianças e entrevistas estruturadas com as mães; os qualitativos foram obtidos por meio de entrevistas em profundidade com as mães, avós e bisavós.
A análise das narrativas obtidas resultou em um conjunto de categorias antropológicas agrupadas em dois temas:
Aleitamento: tradições e crenças indígenas e As comidas indígenas: reflexo da interculturalidade, dos quais emergiu o tema central: A alimentação infantil, o movimento entre a tradição e a interculturalidade. A alimentação infantil, considerando a prática da amamentação e da oferta de alimentos para as crianças, neste estudo, aparece em um movimento entre a tradição e a interculturalidade, em que inexiste o aleitamento exclusivo, mas há manutenção de aleitamento materno para crianças até aos cinco anos. O leite de vaca in natura é considerado o que sustenta, mas amamentar é um costume mantido pelas mulheres, para nutrir também a dimensão emocional da criança.Os chás são oferecidos, precocemente, para a cura de doenças. Os leites industrializados e os aditivos lácteos são inseridos na comunidade em situações específicas pelos não indígenas. Os alimentos sólidos são introduzidos às crianças com idade entre os quatro e seis meses, sendo escolhidos conforme a sua disponibilidade no cultivo doméstico e possibilidade de aquisição. A principal comida consumida é o caldo de feijão misturado com arroz ou batata cozida amassada. As tradições se misturam aos novos hábitos decorrentes do contato com a cultura não indígena. Isso já é refletido no estado nutricional das crianças com o surgimento de casos de sobrepeso infantil.
Brazilian indigenous people suffers a rapid and complex process of changes in many aspects of your life, even regarding breastfeeding practices, nutrition and the effects on infant nutritional status resulting from contact with non-indigenous people. Therefore, it was aimed to investigate the practice of breastfeeding, feeding and nutritional status of indigenous children younger than five years old in a village located in the western region of the State of São Paulo. Was conducted an ethnographic study according to the theoretical and methodological assumptions of Clifford Geertz, with statistical association to describe the nutritional status of 24 children who met the study criteria and 31 women, mothers and families of the children in the study, who assisted in nutritional care of children. Objective data on child nutritional status were collected from medical records by anthropometric measures and structured interviews with mothers; qualitative data were obtained through in-depth interviews with mothers, grandmothers and great-grandmothers.