O processo de transição do cuidador informal da pessoa com AVC: contributos do enfermeiro de reabilitação
Publication year: 2016
O aumento dos acidentes vasculares cerebrais em Portugal e por todo mundo ocidental, apesar de nas últimas décadas se apostar em campanhas sistemáticas na prevenção, conduz a que esta doença continue a representar uma das principais causas de mortalidade e morbilidade a nível mundial, com impacto a nível pessoal, familiar, social e económico das sociedades. A produção de conhecimento, e a investigação na área das transições que apresentamos, visa sobretudo compreender áreas centrais da enfermagem, e que se constituem altamente sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação. Falámos na pessoa com AVC com dependência para os autocuidados e no cuidador informal no assumir do “novo papel”. Neste contexto, emergiu o presente estudo que tem como objetivo principal compreender o processo de transição do cuidador informal da pessoa com AVC e a intervenção do enfermeiro de reabilitação, contribuindo para uma melhor prática de cuidados favorecedora de uma transição saudável, com ganhos positivos para os envolvidos. Para a concretização deste estudo e dar resposta aos objetivos delineados, optamos por uma abordagem qualitativa de carácter exploratório e descritivo. Como estratégia de recolha de dados optamos pela entrevista semi-estruturada que foi dirigida a seis cuidadores informais. Estes obedeceram a um conjunto de critérios de inclusão, nomeadamente serem cuidadores pela primeira vez; não remunerados; ter sido submetidos a programa de intervenção do enfermeiro de reabilitação e cujo destino na alta da pessoa com AVC seja o seu domicílio. Da análise dos dados obtidos, obtivemos um conjunto de áreas temáticas: perceção do cuidador informal da pessoa com AVC sobre o seu papel; fatores dificultadores e facilitadores do processo de transição para o papel de cuidador informal da pessoa com AVC; sentimentos vivenciados pelo cuidador informal da pessoa com AVC; repercussões para o cuidador informal decorrentes do cuidar da pessoa com AVC e os benefícios das intervenções do enfermeiro de reabilitação. Os resultados desta investigação indicam que a maioria dos cuidadores informais é do sexo feminino, com uma média de 54 anos de idade, casados, possuem escolaridade básica, uma situação profissional pouco diferenciada e o grau de parentesco mais representado é o de filho. São reveladores que o investimento nos enfermeiros de reabilitação e o recurso a modelos de intervenção potenciadores de transições bem-sucedidas por parte de cuidadores informais da pessoa com AVC espelha bons resultados e ganhos em saúde. Instruir e treinar as habilidades e promover a aquisição de mestria, identificando as perceções, as dificuldades, os sentimentos, os fatores facilitadores, as repercussões/impactos no cuidador informal da pessoa com AVC, visando um ajustamento e adaptação eficaz, uma integração fluida da nova identidade (ser cuidador), com o intuito de adquirir qualidade de vida e bem – estar ou seja uma transição positiva. Inevitavelmente a produção de conhecimento nesta área conduzirá a implicações a nível da prática (na construção de novos modelos de atuação); na formação dos nossos pares; na gestão (na aposta dos enfermeiros de reabilitação nas equipas) e por último na investigação (noutros contextos e com outros participantes). O desafio é sermos facilitadores em todo o processo de transição.
The elevated number of cerebrovascular accident (CVA) in Portugal and in all the occidental world, even though all the investments in systematic campaigns for prevention in the last decades, has led to the fact that this disease continues to represent one of the principal causes of mortality and morbidity worldwide, with impact on a personal, familiar, social and economic levels among society. The production of knowledge, and the investigation in transition areas that we present, focuses mainly on understanding the central areas in nursing that are highly sensitive to the nursing care of patient rehabilitation. This refers to the individual with CVA with dependency in regards to self-care, and to the informal caregiver in assuming a “new role”. In this context, the present study immerged with the principal objective of understanding the process of transition of the informal caregiver of a person with CVA and the intervention of the rehabilitation nurse, contributing to a better practice of the care provided, improving and bettering the transition, with positive gains to all involved. For the conception of this study and to give answers to the objectives proposed, we opted for a qualitative approach with an explorative and descriptive character. In order to collect dada we opted for the semi-structured interview directed at six informal caregivers. These followed a set of criteria of inclusion, including the fact that they are first time caregivers; unpaid; having been subjected to a program of intervention of a rehabilitation nurse; and that the destination post hospital stay is their home. From the dada collected, we obtained a set of thematic areas: perception of the informal caregiver of an individual with CVA on his role; facilitating factors and difficulty factors in the transition process of becoming an informal caregiver of an individual with CVA; the informal caregivers feelings while caring for an individual with CVA; and the benefits of the interventions of the rehabilitation nurse. The results of this investigation demonstrated that most of the informal caregivers is of the female sex, with an average age of 54 years old, married, having basic education, in an undefined professional situation and the most representative state of relationship is the son. This study reveals that the investments made in the rehabilitation nurse and the use of intervention models that promote successful transitions of the informal caregiver of the individual with CVA, promotes good results and is beneficial for overall good health. Instruct, train for improvement of capacities and promote acquisition of perfection, identifying the perceptions, the difficulties, the feelings, the facilitating factors, the consequences/ impacts of the informal caregiver of the person with CVA, aiming towards an adjustment and an effective adaptation, a fluid integration to their new identity (being a caregiver), with the goal of acquiring an overall good quality of life. Inevitably, the production of knowledge in this field will lead to practical implications (used in the construction of new action modules); in the formation of our peers; in management (betting on rehabilitation nurses in our nursing teams); and also in other investigations (in other contexts and with other intervenients). The final goal is for us to be facilitators in the transition process.