Violência no trabalho dos enfermeiros no serviço de urgência

Publication year: 2016

Os trabalhadores da área da saúde são dos que maior risco apresentam de sofrer incidentes violentos no trabalho, especialmente os que laboram em áreas como a psiquiatria e a urgência. A falta de medidas de segurança, o contacto físico próximo e a preocupação dos doentes com o estado de saúde predispõem os enfermeiros a sofrerem violência. Este estudo refere-se à violência no trabalho dos enfermeiros nos serviços de urgência médico-cirúrgicos da região norte de Portugal. Trata-se de um estudo de metodologia qualitativa, do tipo exploratório-descritivo e observacional. Com ele pretendemos compreender o fenómeno da violência no trabalho a que os enfermeiros dos serviços de urgência estão expostos. Foram analisados doze relatos de enfermeiros vítimas de violência no local de trabalho, através da técnica de análise de conteúdo. Dos doze participantes, nove são do género feminino e três do género masculino, variando as suas idades entre os 28 e os 58 anos e com uma média de 14 anos de experiência profissional em serviço de urgência. Os dados sugerem que a violência no trabalho dos enfermeiros é uma realidade frequente, ocorrendo independentemente da idade, experiência profissional, caraterísticas pessoais ou profissionais. Verificaram-se agressões psicológicas (6) e físicas (6) em igual proporção e o principal agressor foi o próprio doente, principalmente sob o comportamento de estalos, murros ou insultos. A maioria das vítimas referiu ter sofrido após a agressão consequências psicológicas, com impacto tanto na vida profissional como na pessoal. As consequências psicológicas da agressão identificadas foram perturbação, stress, desgaste emocional, insegurança, receio de agressão física, ansiedade, angústia, tristeza, medo, impaciência, receio pela segurança e nervosismo. A maioria dos participantes referiu porta automática, maior privacidade na triagem (local onde se verificaram mais agressões) e policiamento como possíveis medidas para diminuir a violência. O apoio prestado pela Instituição às vítimas nos casos de agressão foi considerado como insatisfatório e cinco vítimas notificaram a violência de que foram alvo. Conclui-se ser urgente a adoção de medidas para o combate deste problema e a prevenção só será possível através do comprometimento conjunto entre sociedade, Instituições de Saúde, gestores e profissionais de saúde envolvidos, responsabilizando os utentes pelos seus atos e incentivando os profissionais a notificar a violência sofrida. É um dever das Instituições promoverem um ambiente de trabalho seguro para os seus profissionais. Esperamos que este estudo seja mais um contributo para a segurança no trabalho deste grupo profissional no exercício das suas funções nos serviços de urgência, melhorando a satisfação no trabalho e a qualidade dos cuidados prestados ao doente crítico/família.
The healthcare workers are those who have higher risk of suffering violent incidents at work, especially those who work in areas such as psychiatry and emergency. The lack of security measures, the close physical contact and the patient’s concern for the health predispose nurses to suffer violence. This study refers to violence at work of nurses in the medical-surgical emergency services in the northern region of Portugal. It is a qualitative methodology study, exploratory-descriptive and observational. With it we aim to understand the phenomenon of violence at work that nurses of the emergency services are exposed. Twelve reports of nurses who were victims of violence were analyzed in the workplace, through the content analysis technique. Of the twelve participants, nine are female and three are male, varying their ages between 28 and 58 years and with an average of 14 years of professional experience in emergency department. The data suggest that violence at work of the nurses is a common reality, occurring regardless of age, professional experience, personal or professional characteristics. There were psychological aggression (6) and physical (6) in the same proportion and the main aggressor was the patient himself, mainly under the popping behavior, punches and insults. The consequences after the aggression that most of the victims said were the psychological consequences that impact both professional and personal life. The psychological consequences of the aggression identified were the disturbance, stress, emotional stress, insecurity, fear of physical aggression, anxiety, anguish, sadness, fear, impatience, fear for the safety and nervousness. Most participants said that automatic door, greater privacy screening (where there have been more attacks) and policing as possible measures to reduce violence. The support provided by the Institution for victims in cases of aggression was considered unsatisfactory and five victims reported the suffered violence. We conclude that it’s urgent to adopt measures to combat this problem and the prevention can only be achieved through the commitment set between society, Health Institutions, health managers and professionals involved by giving users responsibility for their actions and encouraging professionals to report the suffered violence. It is a duty of the Institutions to promote a safe working environment for its employees. We hope this study will be a further contribution to safety at work of this professional group in the performance of their duties in emergency services, enhancing job satisfaction and quality of care to the critically ill patient/family.