Administração de medicamentos orais à criança em unidade de acolhimento institucional: avaliação da prática de enfermagem
Publication year: 2017
A via de administração de medicamentos mais utilizada em Unidade de Acolhimento Institucional (UAI) é a oral. A administração de medicamentos por via oral, ainda que seja a mais simples, demanda uma série de cuidados complexos, que exigem da equipe de enfermagem competência da técnica e das propriedades farmacológicas dos medicamentos a serem administrados. Objetivou-se avaliar a prática dos profissionais de enfermagem no preparo e administração de medicamentos orais à criança em Unidade de Acolhimento Institucional. Estudo exploratório, descritivo, observacional, de natureza quantitativa, desenvolvido em duas Unidades de Acolhimento Institucional Pediátrico, estaduais, de Fortaleza-CE, que possuem equipe de enfermagem em tempo integral. A população do estudo foi constituída por 22 profissionais de enfermagem, cuja amostra foi composta por 12 técnicas de enfermagem que participaram do processo de administração de medicamento por via oral e que estavam nas escalas de trabalho durante o período do estudo nas unidades investigadas. Para o número de observações, considerou-se o cálculo para população finita, com um total de 257 observações do processo de administração de medicamento por via oral. Para a coleta de dados realizouse entrevista com a equipe de enfermagem e observação sistemática do processo de administração de medicamento por via oral na criança, considerando cinco etapas, quais sejam: leitura da prescrição médica (3 ações), higienização das mãos (12 ações), preparo do material (3 ações), preparo do medicamento (20 ações) e administração do medicamento (13 ações), totalizando 51 ações. Os dados foram analisados pela estatística descritiva e pelo teste Qui-quadrado de Pearson para verificar relação entre a execução das ações e o turno de observação, tempo de formação e tempo de experiência na pediatria dos profissionais observados. Para a análise de desempenho dos profissionais, foi adotado como satisfatório o desempenho cujo ponto de corte foi > 70%. Como resultados das prescrições analisadas nas duas instituições, constatou-se que as três ações referentes à leitura da prescrição médica foram satisfatórias. Houve adesão à higienização das mãos em somente 34,6% das observações. Das ações do preparo do material e do medicamento, dez apresentaram desempenho satisfatório dos profissionais (> 70%). Enquanto 13 foram insatisfatórias, destacando-se: “Não mistura medicamentos no mesmo copo de plástico medidor” (21,7%), “Prepara medicamentos líquidos misturando os conteúdos agitando o frasco antes da administração” (27,6%); Quando necessário fracionar o comprimido, com a mão limpa ou enluvada, partia somente os comprimidos previamente sulcados pelo fabricante (22,2%). Na etapa administração de medicamentos propriamente dita consideraram-se os nove certos, dos quais cinco tiveram percentuais de realização > 70%, quais sejam: paciente certo (82,4%), medicamento certo (100%), via certa (100%), hora certa (74,7%) e dose certa (93,7%). Concluiu-se que houve desempenho satisfatório em 30 ações (59,6%) do processo de administração de medicamento por via oral. Portanto, faz-se necessário implementar rotinas de cuidados seguros para os profissionais desenvolverem competências no processo de administração de medicamentos à criança em UAI (AU).