Prevalência de hipertensão arterial e seus fatores de risco entre pessoas com HIV/AIDS em uso de terapia antirretroviral

Publication year: 2017

Este estudo teve por objetivos verificar a prevalência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e seus fatores de risco entre pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) em acompanhamento ambulatorial, além de investigar a associação entre o tempo de diagnóstico de HIV/aids e tempo de terapia antirretroviral (TARV) com a prevalência de HAS e seus fatores de risco. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e de abordagem quantitativa. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O estudo foi desenvolvido no Ambulatório de Infectologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) da UFC, com uma amostra calculada de 208 pacientes, sendo o processo de amostragem do tipo não probabilístico por conveniência.

Os critérios de inclusão foram:

pessoas de ambos os sexos, idade igual ou superior a 18 anos, diagnóstico confirmado de infecção pelo HIV, uso de TARV por pelo menos três meses. Como critérios de exclusão, constaram a presença de gravidez, pessoas em situação de privação de liberdade, moradores em abrigos coletivos ou qualquer outra condição capaz de interferir na participação do indivíduo na pesquisa. A coleta de dados ocorreu de agosto de 2015 a agosto de 2017. Os dados foram coletados por meio de entrevista com duração média de 40 minutos em ambiente privativo. Foi utilizado um formulário envolvendo perguntas acerca da identificação dos pacientes, dados sociodemográficos, clínicos e epidemiológicos, os fatores de risco para HAS, além da verificação da pressão arterial, peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e circunferência da cintura. Os dados foram organizados e tabulados no Microsoft Excel 2017®. A estatística descritiva das variáveis contínuas envolveu o cálculo da média e desvio padrão. Comparações entre os estratos de pacientes hipertensos e normotensos foram feitas utilizando teste t para variáveis não emparelhadas. Na estatística descritiva das variáveis categóricas determinaram-se frequências absoluta e relativa. A associação entre os fatores sociodemográficos e clínicos e a ocorrência de HAS foi avaliada pelo teste de qui-quadrado. Ademais, a força de tal associação também foi avaliada pela determinação da razão de chances (odds ratio) e seu respectivo intervalo de confiança de 95%. As variáveis explanatórias associadas à HAS ao nível de significância de 20% (P<0,20) foram selecionadas para o modelo de regressão logística, para identificar aquelas que, de forma independente, constituem fatores associados à HAS. O software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0 foi utilizado para procedimentos estatísticos. Nos resultados, a maioria dos pacientes era do sexo masculino, cor parda, escolaridade de 9-12 anos de estudo, sem filhos, solteiro ou casado, católico, empregado, com renda mensal familiar maior que três salários mínimos. A maior parte era heterossexual, não moravam com parceiro, possuíam parceiro sorodiscordantes. O fármaco antirretroviral mais utilizado foi a lamivudina. Na amostra, 17,3% tinham diagnóstico de HAS confirmado. Quanto aos fatores de risco, constatou-se que as PVHA com HAS possuíam maior média de idade (P<0,001), maior circunferência abdominal (P<0,001), maior tempo de infecção (P=0,005) e maior tempo de uso da TARV (P=0,002). Observou-se que as PVHA tiveram mais chances de terem HAS quando a idade foi maior que 45 anos (P=0,003), possuíam história familiar de HAS (P=0,003), sobrepeso (P=0,024), circunferência abdominal aumentada (P=0,013) e tempo de uso da TARV maior que 36 meses (P<0,001). Os resultados das análises demonstraram que o risco de HAS aumenta de acordo com a idade maior que 45 anos (P=0,010), história familiar de HAS (P=0,005), sobrepeso (P=0,019) e tempo de uso da TARV maior que 36 meses (P=0,002). Conclui-se que pessoas com HIV/aids com idade maior que 45 anos, história familiar de hipertensão, sobrepeso e em TARV por mais de 36 meses têm mais chances de serem hipertensas, sendo a prevalência de HAS neste estudo 17,3%. (AU)