Tempos difíceis: familiares vivenciando o processo de morrer no mundo do hospital
Tough times: families experiencing the death process in the hospital setting

Publication year: 2014

Introdução:

O processo de morrer é uma experiência vinculada a considerações significativas para a existência do ser, principalmente quando sobrevêm no contexto familiar.

Objetivo:

compreender a experiência do familiar de pacientes em fase terminal de vida, que enfrentam o processo de morrer no mundo do hospital.

Método:

Com esta proposta, optei por realizar uma pesquisa qualitativa, norteada pela Fenomenologia existencial de Martin Heidegger. Os sujeitos do estudo foram 15 familiares que estavam acompanhando seus pacientes adultos, em fase terminal de vida, que enfrentavam o processo de morrer em um hospital universitário de Maceió, Alagoas. Os depoimentos foram obtidos por meio de entrevista, no período de fevereiro a maio de 2013, a partir da seguinte questão norteadora: Conte-me como é para você vivenciar a situação do seu familiar atualmente.

Resultados:

Da análise dos depoimentos dos familiares emergiram três estruturas, denominadas unificações ontológicas: Manifestação de Angústia dos familiares, que envolve a possibilidade do ser assumir-se como um ser-para-a-morte; Manifestação do Cuidado e da Solicitude, que compreende o momento de cuidar como algo significativo na existência; e Ser-aí no mundo do hospital, que compreende o ser lançado no mundo onde o limite entre a vida e a morte é tão estreito.

Conclusões:

A compreensão do fenômeno vivido por esses familiares permitiu apreender a dimensão do sofrimento relativo à condição de estar-no-mundo cuidando no processo de morrer. Aponta a relevância do tema MORTE na formação dos profissionais de saúde, sinalizando importância da reflexão dessa temática, para desenvolver uma assistência que seja compatível com a situação vivenciada pelos familiares diante da terminalidade.

Introduction:

The death process is an experience linked to significant considerations to the existence of the being, mainly when they take place in the family context.

Objective:

To understand the experience of family members of terminal patients, who face the death process in the hospital setting.

Method:

A qualitative study was developed, in light of the existential phenomenology of Martin Heidegger. Study subjects were 15 family members who were accompanying adult terminal patients, who faced the death process at a teaching hospital in Maceió, Alagoas. The statements were obtained by means of interviews, between February and May of 2013, based on the following guiding question: What is it like for you to experience the current situation of your relative? Results: The analysis of the statements of the family members generated three structures, named ontological unifications: Manifestation of anxiety by the family members, involving the possibility of the individual assuming her/himself as a being-to-death; Manifestation of the care and concern, which comprehends the moment of caring as a meaning in the existence; and Dasein in the hospital setting, which comprehends the being inserted in a world with a narrow limit between life and death.

Conclusion:

The understanding of the phenomenon experienced by these family members allowed to apprehend the dimension of the suffering regarding the condition of being-in-the-world providing care in the death process. This study points to the relevance of the death theme in the education of health professionals and the need for reflecting on this issue so as to develop a compatible care to the situation experienced by families in face of this terminal situation.