A pessoa em situação crítica internada em cuidados intensivos: necessidades sentidas pelos familiares na primeira visita
Publication year: 2020
O internamento numa Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) é uma situação inesperada que envolve não só a pessoa em situação crítica, mas toda a família, despoletando sentimentos de angústia, incerteza, sofrimento e stress, provocando alterações drásticas nas rotinas diárias da família. Assim, é primordial que a família constitua um foco de atenção dos enfermeiros tão importante como o cuidar da Pessoa em Situação Crítica (PSC). Cuidar da PSC é um desafio, mas cuidar da sua família torna-se um desafio ainda maior. Mas, para ajudar a vivenciar todo este processo de saúde/doença de uma forma mais saudável é necessário que o enfermeiro conheça quais as principais necessidades sentidas pela família. E é na primeira visita à UCI que essas necessidades se tornam mais previsíveis. Por isso, é da competência do enfermeiro realizar um acolhimento adequado à família de forma a diminuir a ansiedade e gerar confiança e tranquilidade. Neste sentido foi desenvolvido um estudo quantitativo, de carater exploratório, descritivo-correlacional e transversal, delineando como objetivos identificar e descrever as principais necessidades sentidas pelos familiares da PSC e analisar a correlação entre as diferentes dimensões e as respetivas variáveis. A amostra não probabilística por conveniência e correlacional foi constituída por 88 familiares de referência de doentes internados em três UCI num hospital do norte de Portugal. Para a recolha de dados foi utilizado o Inventário das Necessidades da Família na Unidade de Cuidados Intensivos (INFUCI), adaptada para a população portuguesa por Sara Campos em 2014. Os resultados evidenciaram que os familiares atribuíram uma maior importância à necessidade segurança (M=3,87; DP=0,33), seguida de informação (M=3,58; DP=0,36), proximidade (M=3,49; DP=0,33), suporte (M=3,08; DP=0,37) e, por último, as necessidades relacionadas com o conforto (M=2,98; DP=0,44). Constatou-se que a nível de correlações entre as diferentes dimensões são estatisticamente positivas (variando com um coeficiente de Pearson entre 0,337 e 0,643), à exceção da dimensão conforto/segurança que não apresenta significado estatístico (r=0,205). Quanto às correlações entre as dimensões e os dados sociodemográficos, verificou-se que a única variável com significado estatístico é o sexo do participante, em que o sexo feminino atribuiu maior importância à dimensão informação (M=3,65), suporte (M=3,165) e conforto (M=3,07), comparativamente com o sexo masculino.
The hospitalization in an Intensive Care Unit (ICU) is an unexpected situation that involves not only the person in a critical situation, but the whole family, triggering feelings of anguish, uncertainty, suffering and stress, causing drastic changes in the daily routines of the family. In that regard, family is as important as the care of the Person in Critical Situation (PCS). Taking care of the PCS is a challenge but taking care of her family becomes an even bigger challenge. However, to help to experience this whole health/disease process in a healthier way, it is necessary that nurses know the main needs felt by the family. And it is on the first visit to the ICU that these needs become more predictable. Therefore, it’s up to the nurses to provide an adequate welcome to the family in order to reduce anxiety and generate confidence and tranquility. In this sense, a prospective, descriptive, exploratory and transversal study, with a quantitative approach was developed, aiming to identify and describe the main needs felt by the family members of the PCS and to analyze the correlation between the different dimensions and their variables. The non-probabilistic sample for convenience and correlation was composed of 88 relatives of patients hospitalized in three IUC in a hospital in northern Portugal. For data collection, the Family Needs Inventory was used in the Intensive Care Unit (INFUCI), adapted for the Portuguese population by Sara Campos in 2014. The results showed that family members placed greater importance on the need for safety (M=3.87; DP=0.33), followed by information (M=3.58; DP=0.36), proximity (M=3.49; DP=0.33), support (M=3.08; DP=0.37) and, finally, comfort-related needs (M=2.98; DP=0.44). It was found that the level of correlations between the different dimensions are statistically positive (varying with a Pearson coefficient between 0.337 and 0.643), except for the comfort/safety dimension that has no statistical significance (r=0.205). Regarding the correlations between dimensions and sociodemographic data, it was found that the only variable with statistical significance is the gender of the participant, in which the female gender attributed greater importance to the information dimension (M=3.65), support (M=3.165) and comfort (M=3.07), compared to males.