Avaliação da perceção do stress em cuidadores formais: um programa de intervenção

Publication year: 2017

As alterações socioeconómicas colocam grandes desafios às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), principalmente e aos seus cuidadores formais. Numa sociedade em constante transformação, o fenómeno do envelhecimento da população tem vindo a proporcionar o aumento da prevalência de doenças crónicas e incapacitantes, levando a que muitas famílias não consigam lidar com o stress e a sobrecarga que causam. Apresentando-se como solução a institucionalização, desafiando-se por isso, as limitações das IPSS. O trabalho diário com pessoas portadoras de deficiência mental é extremamente exigente do ponto de vista físico e psicológico. Neste sentido, é pertinente salientar que a Organização Mundial de Saúde enumera as competências necessárias para a formação especial dos cuidadores que lidam com utentes com demência (OMS, 2013). Este trabalho desenvolveu-se no Centro de Educação Especial (CEE), uma IPSS onde residem utentes portadores de diversas alterações na sua saúde mental. Objetivou-se: avaliar a perceção do stress em Cuidadores Formais; relacionar as dimensões da vulnerabilidade ao stress com: género; atividade desempenhada; tempo de serviço; e toma de medicação e verificar possíveis relações entre as dimensões da vulnerabilidade ao stress nestes profissionais.

Metodologia:

utilizou-se um questionário socioprofissional, e o Questionário de Vulnerabilidade ao Stress (23-QVS), (Serra, 2000). A amostra do estudo é composta por 47 cuidadores formais do CEE. Efetuou-se um estudo de caso de caráter quantitativo, descritivo e correlacional.

Resultados:

Em termos da relação entre a vulnerabilidade ao stress e os dados socioprofissionais, apenas se correlacionou com o tempo de serviço. A vulnerabilidade ao stress, em termos gerais, é baixa, o que em muito se poderá explicar pelo relativo curto tempo de serviço que em geral se observa nos cuidadores formais da equipa do CEE. Os cuidadores com menos de 6 meses de tempo de serviço demonstram níveis de Perfecionismo e intolerância à frustração mais altos do que os colaboradores com mais de 6 meses de tempo de serviço e que esta diferença é estatisticamente significativa. No que diz respeito à Inibição e dependência funcional, a Carência de apoio social, as Condições de vida adversas e a Deprivação de afeto, são os cuidadores com mais de 6 meses de tempo de serviço que apresentam níveis estatisticamente significativos superiores. No que diz respeito à Vulnerabilidade ao Stress geral, as diferenças encontradas não são estatisticamente significativas.

Conclusão:

Conforme mencionado em vários estudos, a formação adequada dos cuidadores formais sobre deficiências mentais, resulta em níveis de stress mais reduzidos, sendo que o apoio de um profissional da área da psicologia, iria ao encontro da prevenção dos níveis de stress, reduzindo a vulnerabilidade ao mesmo. Assim, sugere-se a implementação de um programa de coaching psicológico de forma a ajudar os cuidadores formais a desenvolverem estratégias para enfrentar e lidar adaptativamente com a adversidade, desenvolvimento da resiliência e superar desafios profissionais.
Socioeconomic changes pose major challenges to Private Social Solidarity Institutions (IPSS), mainly to their formal caregivers. In an ever-changing society, the aging population phenomenon has been increasing the prevalence of chronic and disabling diseases, causing many families to be unable to cope with the stress and burden they cause. Institutionalisation as a solution for this issue challenges the limitations of IPSSs. The daily work with people with mental disabilities is extremely demanding from a physical and psychological point of view. In this sense, it is pertinent to point out that the World Health Organization lists the skills necessary for the special training of caregivers dealing with users with dementia (WHO, 2013). This work was developed in the Centro de Educação Especial (CEE), an IPSS where residents suffer from various mental health alterations.

Objective:

To evaluate the perception of stress in Formal Caregivers; To relate the dimensions of vulnerability to stress with: gender; function; service time; and taking medication and verifying possible relationships between the dimensions of vulnerability to stress among these professionals.

Methodology:

a socio-professional questionnaire and the Stress Vulnerability Questionnaire (23-QVS), (Serra, 2000), were used. The study sample is composed of 47 formal caregivers from the CEE. A quantitative, descriptive and correlational case study was carried out.

Results:

In terms of the relationship between vulnerability to stress and socio-professional data, it only correlated with length of service. The vulnerability to stress in general terms is low, which can be explained by the relatively short length of service that is usually observed in formal caregivers of the CEE team. Caregivers with less than 6 months of service time demonstrate higher levels of frustration and frustration intolerance than employees with more than 6 months of service time and this difference is statistically significant. Regarding Functional Inhibition and Dependence, the lack of social support, adverse living conditions and affection deprivation, the caregivers with more than 6 months of service time have statistically significant higher levels. With regard to General Stress Vulnerability, the differences found are not statistically significant.

Conclusion:

As mentioned in several studies, adequate training of mental health care providers results in lower levels of stress, and the support of a professional in the field of psychology would enable the prevention of stress levels and the vulnerability to it. Thus, it is suggested to implement a psychological coaching program in order to help formal caregivers develop strategies to deal with and cope with adversity, develop resilience and overcome professional challenges.