Comportamento alimentar da criança: a influência materna
Publication year: 2015
Os pais influenciam o estilo alimentar dos filhos, pois são eles que definem a alimentação mais ou menos saudável em casa (Viana [et. al.], 2009). Neste sentido, para promover estilos de vida saudáveis e intervir precocemente, há que conhecer/compreender a criança, a sua família e os estilos alimentares familiares. O presente estudo pretendeu analisar a relação entre os comportamentos alimentares das mães e os comportamentos alimentares das crianças com 3 anos. Para tal, realizouse um estudo descritivo-correlacional com uma amostra probabilística de 119 crianças com 3 anos e as suas mães, inscritas em dez unidades de saúde do ACES Cávado III Barcelos/Esposende. O instrumento de colheita de dados utilizado foi o Questionário do Comportamento Alimentar da Criança de Wardle, Guthrie, Sanderson, Rapoport, traduzido e adaptado por Viana e Sinde (2008), tendo o mesmo, também, sido adaptado para a avaliação dos comportamentos alimentares da mãe. Este questionário avalia oito dimensões do comportamento alimentar (Resposta à comida; Prazer em comer; Sobreingestão emocional; Desejo de beber; Resposta à saciedade; Ingestão lenta; Seletividade; Sub-ingestão emocional). A colheita de dados decorreu entre fevereiro e maio de 2014, tendo sido efetuada em momentos distintos para a mãe e para a criança. Dos resultados constata-se que, 33,6% (n 40) das mães e 35,2% (n 42) das crianças têm excesso de peso e obesidade, sendo este valor ligeiramente mais elevado nas crianças do sexo feminino. Da relação entre o índice de massa corporal (IMC) das mães e o IMC das crianças, observa-se uma correlação estatisticamente significativa positiva com o IMC do filho rapaz.
Também as correlações entre cada uma das dimensões do comportamento alimentar da criança e da mãe são estatisticamente significativas e positivas:
Prazer em comer (r=0,273; sig=0,003), Sobre-ingestão emocional (r=0,340; sig<0,001), Resposta à saciedade (r=0,209; sig=0,023), Ingestão lenta (r=0,219; sig=0,017), Desejo de beber (r=0,220; sig=0,016), Seletividade (r=0,237; sig=0,010), Subingestão emocional (r=0,370; sig<0,001) e Resposta à comida (r=0,302; sig=0,001). Na comparação dos comportamentos alimentares das crianças conforme o sexo não se verificam diferenças significativas. O IMC da criança relaciona-se positivamente com o prazer na comida e resposta à comida da criança e negativamente com a resposta à saciedade, a ingestão lenta e o desejo de beber. Conclui-se, que várias dimensões do comportamento alimentar da criança influenciam o seu estado nutricional. Os resultados corroboram os estudos que referem que os comportamentos alimentares das mães influenciam os comportamentos alimentares das crianças. Assim, as intervenções de Enfermagem devem ter na sua base a compreensão da complexidade do comportamento alimentar infantil e dos seus determinantes, na promoção e educação para a saúde da família e dos seus membros, nos seus contextos de vida.
Parents influence the eating habits of their children as they are the ones who define what kind of more or less healthy food will be there at home (Viana [et al.], 2009). Accordingly, in order to promote healthy lifestyles and intervene earlier, we must know/understand the child, the family she belongs to and their family food style. This study intended to find out which is the relationship existing between the eating behaviour of the mother and her three-year old child. In order to do this, a descriptive - correlational study has been made, using a probabilistic sample of 119 children of three years old and their mothers, all them registered in ten healthcare unit centers belonging to ACES Cávado III Barcelos/Esposende. The instrument used to collect the data was the Child Eating Behaviour Questionnaire from Wardle, Guthrie, Sanderson, Rapoport, translated and adapted by Viana and Sinde (2008), having the same questionnaire been adapted to evaluate the eating behaviour of the mother. This questionnaire evaluates eight dimensions of the eating behavior (Food responsiveness; Enjoyment of food; Emotional over-eating; Desire to drink; Satiety responsiveness; Slowness in eating; Food Fussiness; Emotional under-eating). This gathering of data occurred from February to May 2014, having been applied in distinct moments to the child and to the mother. From the results obtained it is observed that, 33, 6% (n 40) of the mothers and 35, 2% (n 42) of the children are overweight and suffer from obesity, being this rate slightly higher among female children. Starting from the relation between the body mass index (BMI) of the mothers and the BMI of the children, a correlation statistically significant positive with the BMI of the male child has been noted. Also, the correlations existing between each one of the dimensions of the eating behaviour of the child and of the mother are statistically significative and positive: Enjoyment of food (r=0,273; sig=0,003), Emotional over-eating (r=0,340; sig<0,001), Satiety responsiveness (r=0,209; sig=0,023), Slowness in eating (r=0,219; sig=0,017), Desire to drink (r=0,220; sig=0,016), Food Fussiness (r=0,237; sig=0,010), Emotional under-eating (r=0,370; sig<0,001) and Food responsiveness (r=0,302; sig=0,001). During the balance done to the eating behaviours of children according to the gender, no significant differences are noted. The BMI of the child is positively related to the enjoyment of food and to the food responsiveness while it is negatively related to satiety responsiveness, slowness in eating and desire to drink. It is concluded that several dimensions of the eating behaviour of the child influence its nutritional status. The results corroborate those studies that refer eating behaviours of the mothers as influencing the eating behaviours of their children. Therefore, the nurse care interventions must be based on the understanding of the complexity of the child behaviour and its determinants, on the promotion and education of the family and of each one of its members for health and on their life contexts.