A família do idoso dependente: análise das necessidades/dificuldades no cuidar no domicílio
Publication year: 2015
Em Portugal, a família continua a ser a principal fonte de apoio ao idoso dependente. Deste modo, perspetivando a família como um sistema em que existe uma correlação entre os seus membros, quando a doença atinge um deles, esta confronta-se com a necessidade de definir e redefinir as relações familiares. Neste sentido, é importante que se compreenda e avalie as necessidades e dificuldades sentidas pelo familiar cuidador, uma vez que estas são interpretadas como fatores que limitam a qualidade do cuidado prestado.
Partindo deste pressuposto surgiu a questão de investigação:
“Quais as necessidades/dificuldades dos familiares cuidadores no cuidar do idoso dependente no domicílio?” com o objetivo de perceber as necessidades/dificuldades dos familiares cuidadores no cuidar do idoso dependente no domicílio, tendo como finalidade contribuir para a melhoria dos cuidados ao idoso dependente no domicílio, minimizando o sofrimento da família que cuida, de forma a potencializar o seu bem-estar. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, um estudo de caso. Recorreu-se à entrevista semi-estruturada para a recolha de dados, realizada a onze familiares cuidadores de pessoas idosas dependentes inscritas numa Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados do Alto Minho. Os dados foram analisados através de análise de conteúdo segundo Bardin (2011).Resultados:
Os familiares cuidadores do idoso dependente no domicílio evidenciam que são de diversa ordem as necessidades com que se deparam no seu quotidiano, tais como: possuir formação, mais ajudas técnicas, maior disponibilidade de tempo para si, maior disponibilidade económica e sobretudo, maior apoio e acompanhamento. Consideram que as dificuldades se focalizam sobretudo a nível do autocuidado e no enfrentar o sofrimento do seu ente querido. Revelam que cuidar do idoso dependente acarreta repercussões a nível do desgaste físico e psicológico, sentindo-se aprisionados e com isolamento social. A maioria perceciona que os apoios/acompanhamento são insuficientes e centram-se dentro da própria família e em alguns casos a nível da vizinhança. Adotam várias estratégias no cuidar, que passam por estabelecer comunicação, aceitar a doença, preservar a autonomia e adaptar o espaço arquitetónico da habitação. Também apresentam expectativas relativamente às intervenções dos enfermeiros, centrando-as a nível do apoio/ajuda e essencialmente a nível de adquirir formação para o desenvolvimento de habilidades e competências para cuidar do idoso dependente. Ficou evidente que no processo de cuidar, os familiares cuidadores manifestam sentimentos e emoções como o desânimo, tristeza, medo, revolta, impotência e preocupação, aceitação e também felicidade. Vários aspetos da sua vida ficaram alterados após a responsabilidade de cuidar, tais como a perda laboral e a ausência de atividades de lazer. No entanto, para alguns familiares cuidadores não existiram alterações nos seus aspetos de vida. Como forma das famílias preservarem o seu bem-estar, sugerem mais apoio e união familiar, aceitação da situação de dependência do familiar, cuidar com maior dedicação e afeto, mais ajudas técnicas, mais assistência médica e visitas domiciliárias da equipa de enfermagem mais frequentes.Conclusão:
Ficou demonstrado pelo estudo que os familiares cuidadores defendem a presença em casa do idoso dependente, só assim conseguem preservar a sua dignidade e lhe proporcionar qualidade de vida.
In Portugal, family still is the main support source for the elderly in some sort of dependency. In this way, looking at the family as a system in which the members interact, when one of them is ill, family faces the need to re-evaluate those ties. Therefore, it’s important to understand and evaluate the needs and difficulties felt by families, as they may impair the quality of the support given.