Cuidadores formais em contexto de Cuidados Continuados e Paliativos: coping e traços de personalidade
Publication year: 2017
Os cuidadores formais em contextos de cuidados continuados e paliativos, devem possuir competências específicas para o exercício adequado das suas funções com esta tipologia de utentes. O desenvolvimento de uma relação interpessoal humanizada; a utilização de uma comunicação verbal e não verbal eficaz e adequada a cada contexto; o conhecimento prático do trabalho em equipa multidisciplinar; características pessoais intrínsecas que facilitem o contacto humanizado, genuíno e interessado pelos doentes são indispensáveis. Todas as atividades deverão ter por base princípios éticos elencados na Declaração de Helsínquia, fundamentais ao exercício da prática clínica em cuidados continuados e paliativos, nomeadamente a verdade sobre a condição do doente, o respeito à sua autonomia e o processo de tomada de decisão. Objetivos. Caraterizar os cuidadores formais, no que concerne aos seus traços de personalidade e as suas estratégias de coping evidenciadas, e observar possíveis associações entre as variáveis sociodemográficas e as estratégias de coping com os traços de personalidade. Metodologia. Efetuou-se um estudo do tipo quantitativo, descritivo, analítico de caráter transversal, numa amostra de 82 cuidadores formais em três Unidades de Cuidados Continuados Integrados do norte de Portugal (Bragança, Miranda do Douro e Vizela). Foi utilizado um questionário de caraterização sociodemográfica e socioprofissional, o Brief-COPE, para avaliar as estratégias de coping e o EPQ-R-S para avaliar os traços de personalidade do sujeito. Resultados. Verificaram-se associações significativas entre a idade, os traços de personalidade Extroversão e o coping através da expressão de sentimentos. Também encontrámos uma associação entre o traço Neuroticismo (p=.013) e o coping através da Auto-distração (p=.013), bem como entre o Neuroticismo e a profissão, onde os enfermeiros (M=4.18) e o Pessoal de Apoio (M=5.25) demonstram ser mais neuróticos. Os Enfermeiros e o Pessoal de Apoio demonstram utilizar em grande escala o coping através da Auto-Distração (p=.004). Conclusões. Os traços de personalidade e as estratégias de coping encontram-se interligados. Os profissionais de saúde recorrem às estratégias de coping para fazer face a situações adversas e de stress às quais se encontram sujeitos no seu dia a dia. Verificámos que os indivíduos que apresentam valores elevados no Neuroticismo utilizam em maior escala coping através da Auto-distração. Verificou-se de forma análoga para a Extroversão e o coping através da Expressão de sentimentos.
Formal caregivers in contexts of continuous and palliative care should have specific competences for the proper exercise of their functions with this typology of beneficiaries. The development of a humanized interpersonal relationships; The use of effective verbal and non-verbal communication appropriate to each context; The practical knowledge of multidisciplinary teamwork; Intrinsic personal characteristics that facilitate humanized, genuine and interested contact with patients are indispensable. All activities should be based on the ethical principles listed in the Declaration of Helsinki, which are fundamental to the practice of continuous and palliative care, including the truth about the patient's condition, respect for his autonomy and decision-making process. Goals. To characterize formal caregivers with respect to their personality traits and their coping strategies as evidenced, and to observe possible associations between sociodemographic variables and coping strategies with personality traits. Methodology. A quantitative, descriptive, analytical cross-sectional study was carried out on a sample of 82 formal caregivers in three Integrated Continuing Care Units of the north of Portugal (Bragança, Miranda do Douro and Vizela). A socio-demographic and socio-professional characterization questionnaire, the Brief-COPE to evaluate the coping strategies and the EPQ-R-S to evaluate the personality traits of the subject were used. Results. There were significant associations between age, the personality trait Extroversion and coping through the expression of feelings. We also found an association between Neuroticism (p = .013) and coping through Self-distraction (p = .013), as well as between Neuroticism and the profession, where Nurses (M = 4.18) and Support Staff (M = 5.25) proved to be more neurotic. Nurses and Support Staff demonstrate large-scale coping through Self-Distraction (p = .004). Conclusions. Personality traits and coping strategies are intertwined. Health professionals use coping strategies to cope with the adverse and stressful situations they face in their daily lives. We have found that individuals with high values in Neuroticism use larger-scale coping through Self-distraction. It was analogous to Extroversion and coping through Expression of feelings.