Os efeitos do fim de vida na sobrecarga e estado de depressão do cuidador: um estudo de avaliação da intervenção dos cuidados de saúde na comunidade
Publication year: 2014
O aumento da esperança média de vida e sobrevida das doenças crónicas progressivas e incapacitantes, conjugada com as politicas de saúde de contenção de despesas com a fuga à prática "hospitalocêntrica", leva a que estes doentes sejam cuidados no domicilio, normalmente através de um cuidador. Vários estudos descrevem estes cuidadores com níveis de sobrecarga e estados de depressão elevados. A implementação da Reforma dos cuidados de Saúde primários, redefiniu as equipas que prestavam assistência ao cuidador do doente paliativo no domicilio, destinando tal função às Unidades de Saúde Familiar (USF) e Equipas de Cuidados Continuados Integrados (ECCI). Com o estudo pretendeu-se comparar o estado de depressão e sobrecarga entre os cuidadores de doentes paliativos com assistência de profissionais de saúde das ECCI e de profissionais das USF. Para tal, procedeu-se a um estudo de natureza quantitativa, quaseexperimental, transversal e correlacional, em que foram estudados, num único momento, dois grupos de cuidadores de doentes paliativos: um grupo com assistência de saúde por profissionais das USF e outro grupo com assistência de saúde por profissionais das ECCI. Realizou-se uma amostragem não-casual por conveniência, em que a nossa amostra coincidiu com a população que no momento apresentava assistência paliativa, tendo sido excluídos 3 cuidadores por se tratarem de profissionais de saúde, sendo a amostra final de 71 cuidadores. A recolha de dados foi efetuada através de um questionário. A estatística descritiva e inferencial foi utilizada para o tratamento de dados. Decidimos testar o Sentido de Orientação para a Vida (SOC) como variável de resiliência nos dois grupos, através do Questionário de Orientação para a Vida (QOV) (Nunes, 1999). Verificamos um baixo SOC da amostra (43,49) e a inexistência de diferenças estatisticamente significantes do SOC nos dois grupos (p=0,056). Para quantificarmos a variável sobrecarga recorremos ao Questionário de Avaliação de Sobrecarga do Cuidador informal (QASCI) (Martins, Ribeiro & Garrett, 2004) e o estado de depressão ao Inventário Depressivo de Beck (IDB) (Mcintyre & Araújo-Soares, 1999).Contatamos que os cuidadores principais são predominantemente do sexo feminino (85,9%), com 65 anos ou mais (74,6%), casados ou em união de fato (74,6%), com o 1º ciclo de ensino básico (46,5%), reformados pensionistas (31%) e filhos do doente paliativo (38%). Os resultados indicaram que o estado paliativo do doente épredominantemente decorrente de doenças degenerativas (33,8%) e que 49,3 % dos cuidadores apresentam sobrecarga moderada e 21,1% apresentam depressão leve. Não se verificaram diferenças estatisticamente significante ao nível da sobrecarga (p=0,846) e estado de depressão (p=0,710) entre os cuidadores com assistência pelas USF e ECCI. Consultados os resultados verificou-se que os cuidadores do doente paliativo apresentam níveis de sobrecarga e depressão acima do normal e que a influência da intervenção das USF e ECCI neste fenómenos é similar.
The increase in average life expectancy and survival of progressive and disabling chronic diseases, combined with the policies of health cost containment leakage with hospitalocentric health model means that these patients are cared for in the home, usually by a caregiver. Several studies describe these caregivers with overload levels and states of elevated depression. The implementation of primary care reform Health, redefined the teams that provided assistance to caregivers of palliative patients in the home, such a function intended to Family Health Units (USF) and Continuous Care Teams (ECCI). This study intended to compare the state of depression and caregiver burden of patients with palliative care health professionals of the ECCI and professionals from USF. To do this, we proceeded to one, quasi-experimental, cross-sectional and correlational quantitative study, that were studied in a single moment, two groups of caregivers of hospice patients: a group with health care professionals from the USF and other group of health care professionals from the ECCI. We conducted a non-random convenience sampling, in our sample coincided with the population at the time had palliative care. We decided to exclude three caregivers were because they are health professionals, reducing final sample to 71 caregivers. Data collection was conducted through a questionnaire. Descriptive and inferential statistics were used for data processing. We decided to test the Sense of Coherence (SOC) as a resilience variable in both groups, by life orientation questionnaire (QOV) (Nunes, 1999). We observed a low SOC sample (43.49) and the lack of statistically significant differences of SOC in both groups (p = 0.056). To quantify the caregiver burden variable we used the Questionário de Avaliação da Sobrecarga do Cuidador Informal (QASCI) (Martins, Ribeiro & Garrett, 2004) and the state of depression the Beck Depressive Inventory (BDI) (Mcintyre & Araújo-Soares, 1999). We contacted the main caregivers are predominantly female (85.9%), with 65 years or more (74.6%), married or in common law marriage (74.6%), with the 1st cycle of basic education (46.5%), retired pensioners (31%) and children of the patient palliative (38%). The results indicated that palliative condition is predominantly caused by degenerative diseases (33.8%) and 49.3% of caregivers had moderate overhead and 21.1% had mild depression. There were no statistically significant differences at the level of caregiver burden (p = 0.846) and state of depression (p = 0.710) among caregivers with assistance by USF and ECCI. The results show that these caregivers have depression and caregiver burden levels above normal, and that the influence of intervention of the USF and ECCI in these phenomena is similar.