Qualidade do sono em gestantes de risco habitual e alto risco: um estudo comparativo

Publication year: 2017

A preparação do organismo feminino para a gravidez envolve uma infinidade de ajustes, onde surgem características típicas que permeiam as queixas mais comuns deste período. Estudos têm demonstrado a associação entre os desconfortos gestacionais e a baixa qualidade do sono. Sabe-se que a gestação por si é um fator que interfere no sono e, sendo esta gestação de alto risco, pode acumular aos impactos fisiológicos do motivo do risco gestacional a preocupação com a saúde materna e fetal podendo ocasionar, assim, uma qualidade de sono ainda pior. Faz-se necessário avaliar o sono em gestantes, já que sua má qualidade está relacionada a variadas condições de risco na gestação e desfechos maternos e neonatais não desejáveis. Sendo assim, o objetivo do estudo é comparar a qualidade do sono entre gestantes de risco habitual e de alto risco. Trata-se de um estudo comparativo, transversal, realizado de agosto a novembro de 2017 com 100 gestantes de risco habitual e 110 de alto risco, utilizou-se o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) e a Escala de Sonolência de Epworth (ESE), ambos validados para a população brasileira, para avaliar a qualidade do sono, além do instrumento sociodemográfico, clínico e obstétrico. A maioria das gestantes de ambos os grupos tem em média 25 anos, 11 anos de estudo e ganha 1,5 salários mínimos, moram com companheiro, não exercem atividade remunerada e são pardas. A idade gestacional média para o risco habitual foi 25 semanas e para o alto risco foi de 26 semanas, a maioria foi classificada com o IMC adequado, não realiza atividade física e negou queixa de sono anterior. As gestantes de risco habitual deitam-se em média às 21:50, levam cerca de 30 minutos para adormecer e dormem em média 7:50 horas por noite. Já as de alto risco deitam-se em média às 21:00, levam cerca de 58 minutos para adormecer e dormem em média 6:30 horas por noite. A média do escore global do PSQI foi de 5,98 para o primeiro grupo e 9,36 para o segundo (p = 0,00), a média do escore global da ESE foi 8,86 para as gestantes de risco habitual e 10,49 para as de alto risco. Dentre as gestantes de risco habitual 65% (n=65) obteve uma pontuação > 5 no PSQI, para as gestantes de alto risco esse número correspondeu a 91,2% (n=101). Conclui-se que ambos os grupos têm má qualidade do sono, mas essa intensidade é maior nas gestantes de alto risco, tendo estas ainda uma maior quantidade de sonolência diurna excessiva. (AU)